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Biblioteca Invisível1 1 O termo “Biblioteca Invisível” é inspirado no livro Le Musée Invisible de Nathaniel Herzberg (CLAUDIO, 2016, não paginado). O autor e repórter do jornal Le Monde afirma que esse museu seria composto por obras de arte roubadas ao longo da história e, portanto, teria uma das maiores e mais valiosas coleções do mundo dado o grande número de casos. Nesse sentido, para essa pesquisa, se pensou a biblioteca invisível como aquela na qual o acervo seja constituído pelo conjunto de obras afetadas pela biblioclastia. Se diz invisível pelo fato de que as obras não podem mais ser vistas (em alguns casos podem apenas por um grupo seleto de pessoas). Não cumprem mais seu papel como patrimônio tangível por terem sido destruídas ou estarem desaparecidas. Assim, a biblioteca invisível é uma metáfora utilizada por não ser possível quantificar as perdas causadas pela biblioclastia. Esse termo pretende ser uma representação para possibilitar uma ideia dos danos derivados das práticas biblioclásticas. : a biblioclastia na Guerra da Bósnia e Herzegovina (1992-1995)

Invisible Library: biblioclasm in the Bosnia and Herzegovina War (1992-1995)

RESUMO

As bibliotecas e os livros têm sido alvos constantes de ataques e de destruições ao longo da história, em especial em situações de tensionamentos sociais e culturais e de conflito armado. Não obstante, o fenômeno da biblioclastia, entendida a rigor como a destruição de livros e de bibliotecas, não costuma ser percebido como um gesto proposital. A compreensão do tema é necessária para a proteção do patrimônio bibliográfico tanto por profissionais da informação quanto por meio do estabelecimento de políticas para proteção dos bens culturais. O presente estudo apresenta alguns atos de biblioclastia sucedidos no contexto da Guerra da Bósnia e Herzegovina, ocorrida entre 1992 e 1995. Utiliza como metodologia a análise de bibliografia especializada nos campos da História do Livro e das Bibliotecas, Memória e Patrimônio Bibliográfico, a partir de Báez (2006), Battles (2003) e Polastron (2013) - o que evidencia a natureza bibliográfica e o caráter exploratório da pesquisa. Evidencia as relações entre memória, patrimônio bibliográfico e identidade. Define o termo de Biblioteca Invisível como uma metáfora para um acervo intocável por causa da destruição. Desmembra o conceito da Biblioclastia, o considerando recorrente e, como demonstrado neste estudo, proposital e sistemático. Descreve o contexto e as razões para o estopim da Guerra da Bósnia e Herzegovina. Conclui que as motivações para as práticas de biblioclastia ocorridas na Guerra da Bósnia e Herzegovina são quatro: o apagamento da memória, o renascimento histórico-cultural, a purificação étnica e a dominação. A biblioclastia se expressa de diversas formas, em diferentes territórios e em múltiplas temporalidades, portanto, perceber as suas motivações é fundamental à compressão das operações de memória e de preservação que determinam a manutenção e/ou destruição dos bens culturais no tempo.

Palavras-chave:
Biblioclastia; Bósnia e Herzegovina, Guerra da, 1992-1995; Patrimônio bibliográfico; Danos de guerra; História do Livro e das Bibliotecas

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