Resumo:
O artigo aborda as relações entre subjetividade e trabalho escravo contemporâneo a partir da narrativa de trabalhadores(as) escravazados(as). Foi realizada uma pesquisa social qualitativa em uma perspectiva construcionista. Buscamos a interação com trabalhadores resgatados e realizamos a observação participante da rotina de trabalhadores atendidos em um projeto institucional, com diário de campo, e entrevistas individuais (semiestruturadas e abertas) com trabalhadores(as) e equipe do projeto institucional. O trabalho de campo durou um ano e meio, e a pesquisa foi realizada com o suporte da Análise de Conteúdo. Para a interpretação utilizamos aportes da teoria freudiana e do pensamento de Foucault, com os quais foi possível compreender aspectos das vivências dos trabalhadores, características da exploração, abandonos parentais e tensões em torno da autoclassificação como “escravo”. As narrativas apontaram uma realidade dramática manifesta na exploração do corpo, em abusos autoritários, na violência e negligência. Ao mesmo tempo, as narrativas evidenciaram formas de resistência dos trabalhadores que convocam mais investigações para adensar o conhecimento sobre as experiências subjetivas desses que estão num lugar de escravizado(a).
Palavras-Chave:
Trabalho; Subjetividade; Psicossocial; Escravização; Narração