Resumo
O presente artigo tem o intento de apresentar os dados obtidos através de uma pesquisa realizada em uma cadeia feminina localizada no interior do sertão pernambucano. Ancorado em uma perspectiva etnográfica, o objetivo foi o de compreender como mulheres encarceradas localizam suas experiências afetivas e sexuais em meio aos procedimentos disciplinares que regulam suas vidas no cotidiano da prisão. Os dados foram coletados a partir de observações no contexto de investigação e de 12 entrevistas realizadas com as internas que ali estavam presas. As informações obtidas foram registradas em diários de campo, transcritas e submetidas a análises etnográficas. Os resultados encontrados apontam para modos heterogêneos de se vivenciar desejos, prazeres e corporalidades na realidade carcerária, materializadas através das visitas íntimas, da troca de cartas e mensagens, da constituição de relacionamentos entre as internas, dos novos arranjos familiares que ali se desenhavam. As sexualidades são, portanto, importantes fios de resistência aos efeitos mortificadores que o cárcere coloca sobre suas trajetórias de vida.
Sexualidades; Prisões; Resistência; Mulheres; Psicologia