Resumo:
Especializados na gestão dos processos da morte e do morrer, os agentes funerários são uma categoria profissional indispensável na sociedade contemporânea. Estudar esses profissionais, marcados por alto grau de invisibilidade social, torna-se extremamente relevante, sobretudo concebendo-os como sujeitos ativos no processo de análise de sua atividade. Nesse sentido, este artigo teve como objetivo analisar a atividade de trabalho de agentes funerários a partir das contribuições teórico-metodológicas da Clínica da Atividade. Para o desenvolvimento desta pesquisa-intervenção foram realizadas 23 observações participantes no local de trabalho, 15 entrevistas individuais e seis entrevistas em grupo, mediadas pelo uso da técnica de Instruções ao Sósia, com agentes funerários que trabalham em um grande grupo funerário no interior do nordeste brasileiro. A análise da atividade de trabalho nos levou à compreensão de que o fazer desses trabalhadores é muito mais do que lidar meramente com o corpo inerte, sem vida, mas demanda deles alto grau de habilidades para lidar com suas emoções e prestar apoio às famílias enlutadas. O gênero profissional da atividade dos agentes funerários fornece importantes maneiras desses trabalhadores se portarem. Diante das imprevisibilidades e impedimentos presentes nas rotinas de trabalho, cada agente funerário age de um jeito, estiliza seu fazer, mas há aqueles modos de agir que são compartilhados, o que permite a construção do modo coletivo do agir profissional, tornando a atividade do agente funerário uma constante mescla do coletivo e do singular.
Palavras-chave:
Agentes Funerários; Clínica da Atividade; Instrução ao Sósia; Gênero Profissional