Resumo
Os efeitos do adoecimento crítico e da hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) têm sido associados a consequências psicológicas negativas. Este estudo investiga as experiências de pessoas adoecidas que foram internadas em UTI, buscando compreender suas repercussões no self. Foram realizadas entrevistas qualitativas em profundidade e observações participantes com duas pessoas, desde a admissão na UTI até, no mínimo, seis meses após a alta. Os dados foram analisados seguindo uma adaptação do método clínico qualitativo, em um enquadre longitudinal, e interpretados a partir da perspectiva psicoanalítica winnicottiana. A pesquisa descreveu as experiências vividas pelos participantes e a forma como elas afetaram sua organização psíquica. Para os entrevistados, essas experiências se configuraram como situações limite, que estimularam um processo de desintegração psíquica. A recuperação psicológica, por sua vez, depende da articulação das experiências vividas, e é sustentada por relações intersubjetivas facilitadoras que promovem a expressão de potencialidades pessoais.
Palavras-chave:
UTI; Cuidado Intensivo; Saúde Mental; Recuperação Psicológica; Pacientes