Resumo
Neste artigo, apresentamos um estudo sobre produção de subjetividade de mulheres da Comunidade Quilombola de Macambira e produção de subjetividade de psicólogas pesquisadoras, durante uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso. Trata-se de uma pesquisa-intervenção para compreender como se dá a produção dos modos de viver da mulher quilombola, objetivando cartografar seus processos de subjetivação e analisar os processos de subjetivação das psicólogas pesquisadoras no encontro com as mulheres participantes da pesquisa. Para a produção das informações usamos o método cartográfico, com visitas às casas das mulheres e à comunidade e realizamos oito encontros com oito mulheres por meio de práticas integrativas grupais. A análise das observações e narrativas registradas em diário cartográfico deu-se por meio dos analisadores que emergiram dos processos de subjetivação cartografados. A discussão e resultados mostram que a produção da subjetividade das psicólogas e da identidade mulher quilombola bem como da emergência étnica Comunidade Remanescente de Quilombo constituem uma construção social, dentro de um sistema histórico-cultural complexo. A análise dos processos de subjetivação que emergem do encontro das psicólogas pesquisadoras com as mulheres quilombolas aponta para a (des)construção de identidades segmentadas, possibilitando a ressignificação da relação entre pesquisador e participante da pesquisa, efeito da cartografia como modo de fazer pesquisa-intervenção. A produção de subjetividade das mulheres quilombolas está marcada pela sororidade e interseccionalidade, singularizações e reproduções de relações de saber e poder vigentes, que também atravessam os processos de subjetivação das psicólogas pesquisadoras.
Comunidades Tradicionais; Mulheres Quilombolas; Cartografia; Formação em Psicologia; Processos de Subjetivação