Resumo
Este artigo objetiva investigar as categorias mobilizadas discursivamente por usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) para nomearem a si próprios e construírem lugares sociais para si e para as demais pessoas em sofrimento psíquico. Fundamentado na psicologia social discursiva, realizou-se uma pesquisa qualitativa em que se fez uso da observação participante e das rodas de conversa como recursos metodológicos. Os relatos foram submetidos à análise de discurso. Para evitar o uso de categorias excludentes como “louco” ou “loucura” e se posicionando na categoria “normais”, os usuários utilizaram categorias como “deficientes”, “trauma” e “doença psicológica”. Os participantes da pesquisa definiram a si mesmos como pessoas que levam para a vida toda uma “mancha”, o estigma da “loucura”, vivenciado nos espaços onde circulam. Apesar disso, em seus relatos, tentaram se apresentar como pessoas iguais às outras, que adoecem e vivem, e que podem circular por vários lugares, não apenas nos hospitais, nos CAPS ou em outros serviços de saúde. Concluiu-se que, com evidente habilidade retórica, os usuários utilizaram categorias discursivas para compreender sua situação e, ao mesmo tempo, combater o processo de estigmatização a que estão submetidos.
Palavras-chave:
Discurso; Lugares para Loucura; Usuários de CAPS