Resumo:
Hegemonicamente exercida nos centros urbanos, o processo de interiorização das políticas sociais reconfigurou as práticas da psicologia no século XXI. Atualmente, 70% dos locais em que os psicólogos atuam no Brasil são marcados por características rurais e têm a presença de povos e comunidades tradicionais. Assim, é indispensável considerar as peculiaridades da vida no campo, de modo a visualizar as diversas dimensões que exercem influência sobre a saúde desse povo. No presente trabalho, destaca-se o conceito de território como capaz de permitir uma análise sobre as necessidades de saúde e as práticas de cuidado a serem desenvolvidas junto às populações do campo. Nesse sentido, tem-se como objetivo relatar a experiência de atuação de um psicólogo residente na Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase nas Populações do Campo em três comunidades quilombolas do município de Garanhuns-PE. Para isso, foram sistematizados os registros do diagnóstico de saúde, realizado pela equipe de residentes, e o diário de campo do autor do relato, referente ao primeiro ano da residência. O material foi analisado de acordo com o método de Análise de Conteúdo e organizado em três categorias: territorialização e diagnóstico; estratégias de cuidado individual e coletivas; acesso e limitações da rede de saúde e atuação multiprofissional e interprofissional. Confirmou-se que a experiência na residência contribui significativamente para a formação do psicólogo no âmbito do SUS e da Atenção Primária, favorecendo a construção de práticas não-hegemônicas e contribuindo para atuação interdisciplinar e intersetorial, particularmente no que se refere à saúde da população do campo.
Palavras-chave:
Psicologia; Comunidades Quilombolas; Território em Saúde; Atenção Primária à Saúde