Resumo
Como reflexo da reconfiguração da assistência em saúde mental proporcionada pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, as oficinas terapêuticas vieram a se tornar, gradativamente, um dos principais dispositivos de tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Porém, poucos estudos dedicados ao assunto elegeram como participantes profissionais de saúde responsáveis por oficinas terapêuticas. O presente estudo teve como objetivo compreender as concepções de um grupo de profissionais de saúde que coordenavam oficinas terapêuticas em Caps a respeito de tal prática. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, do qual participaram 12 profissionais de saúde que conduziam - à época da coleta de dados - oficinas terapêuticas em Caps de uma cidade do interior de Minas Gerais. A coleta de dados envolveu o recurso a uma entrevista semiestruturada e a um diário de campo. A análise de conteúdo foi a técnica aplicada ao corpus e levou à organização dos resultados em um conjunto de categorias e subcategorias. Nesta oportunidade, foram contempladas duas subcategorias, que abarcaram concepções sobre os objetivos e as especificidades das oficinas terapêuticas, e uma categoria, a qual tratou das concepções sobre a (não) adesão à referida prática. Em linhas gerais, os resultados revelam tanto aproximações quanto distanciamentos entre as concepções das participantes e a lógica do cuidado psicossocial preconizada pela Reforma Psiquiátrica Brasileira. Logo, o presente estudo reforça a necessidade de se fazer das oficinas terapêuticas objeto de reflexão permanente para que tal dispositivo de tratamento não venha a ser desfigurado.
Palavras-chave:
Saúde Mental; Atenção Psicossocial; Oficinas Terapêuticas