Resumo
Mindfulness tem se tornado popular na comunidade psicoterapêutica e, também, entre clientes em busca de alívio para seu sofrimento. Contudo, pouco se conhece sobre como mindfulness tem sido integrado à psicoterapia, especialmente no Brasil. O objetivo deste estudo foi identificar e caracterizar conhecimento, recomendação, uso clínico e pessoal de mindfulness por psicólogos clínicos brasileiros. Os dados foram obtidos utilizando levantamento quantitativo nacional, realizado com 417 psicólogos clínicos habilitados. O instrumento utilizado foi um questionário estruturado online, desenvolvido e testado para este estudo. Os resultados foram analisados descritivamente por meio de frequências; para a associação entre categorias de respostas utilizou-se teste exato de Fisher e nível de significância p < 0,05. Os resultados indicaram que a maior parte dos psicólogos (65,23%) relatou nenhum ou pouco conhecimento de mindfulness; quase metade (47,96%) já recomendou a seus clientes; cerca de um terço (31,18%) já aplicou na clínica, predominando o uso de técnicas isoladas com clientes individualmente; e cerca de um quarto dos profissionais (25,37%) pratica mindfulness a nível pessoal. Estes dados sugerem que o uso de mindfulness na clínica tem se distanciado do formato baseado em evidência - programas baseados em mindfulness -, cuja eficácia já foi verificada. Espera-se que os resultados contribuam para a reflexão acerca da capacitação e da regulamentação de práticas emergentes em psicologia (incluindo mindfulness) por parte dos campos regulatório, acadêmico e científico, qualificando o psicólogo para tomar melhores decisões sobre a integração de tais práticas na psicoterapia.
Palavras-chave:
Terapias Complementares; Atitude; Prática Profissional; Psicologia Clínica; Atenção Plena