RESUMO
Por meio da antropologia da saúde, podemos compreender o terreiro de umbanda como parte de um sistema popular de cuidado. Este estudo teve por objetivo investigar as concepções de saúde e doença produzidas por zeladores de terreiro de umbanda. Participaram dez zeladores de terreiro da cidade de Uberaba (MG/Brasil), sendo três mulheres e sete homens, com idades entre 40 e 76 anos. O tempo médio de atuação como dirigente foi de 18,4 anos, variando de cinco a 43 anos. Os terreiros chefiados por esses participantes atendem entre 15 e 280 pessoas por dia de funcionamento. Pela análise das entrevistas, destaca-se que o cuidado em saúde oferecido pelos zeladores ultrapassa os limites rituais, nas cerimônias públicas, sendo prestado de modo contínuo nos terreiros. As posturas assumidas pelos entrevistados envolvem ações de escuta, acolhimento e proximidade física no momento da urgência. Pelas narrativas, pode-se concluir que o zelar, no sentido de gerenciar o espaço do terreiro, espiritual e materialmente, não pode ser dissociado do cuidar, significando os zeladores como importantes agentes populares de saúde.
Palavras-chave:
Cura pela fé; etnopsicologia; antropologia da saúde