Partindo de observações em clínica do trabalho, o presente artigo visa discutir a pertinência da noção de clivagem para a compreensão dos fenómenos de duplo funcionamento psíquico. Para tal efeito inicia-se um diálogo com trabalhos da área da psicanálise e da psicologia moral. Conclui-se que a explicação de certas manifestações clínicas necessita a referência a um modelo do aparelho psíquico que conceda um lugar de relevo à clivagem, tal como no caso da terceira tópica formulada por Christophe Dejours. Veremos de que forma a clivagem estrutural da terceira tópica proposta por Dejours se redobra em certas circunstâncias de um outro tipo de clivagem, que designamos clivagem forçada.
Clivagem; auto-ilusão; terceira tópica