O dispositivo como mecanismo institucional alcança nova ordem e disposição para atingir um fim. Identificamos instrumentos transformadores do sofrimento em adoecimento. Entrevistamos trabalhadores, gestores e profissionais da saúde do setor de serviços, em Belo Horizonte. O mascaramento do sofrimento, a sustentação e regulação da morbidade e a construção da identidade de doente constituíram alguns dispositivos. Esses mecanismos articulavam-se com o desenvolvimento das neurociências. O sentido clássico da cura é substituído pela psiquiatrização, através de uma interpretação individualizante e medicalização abusiva. Concluiu-se que esses instrumentos inseriam-se na transição das "sociedades disciplinares" para as "de controle". Os dispositivos utilizados na gestão do trabalho, embora permitissem avanços profissionais, agudizavam o controle sobre o corpo, o domínio dos espaços da vida privada e a culpabilização dos trabalhadores pelo processo saúde-doença-cuidado, favorecendo a transformação do sofrimento em adoecimento.
sofrimento psíquico; saúde do trabalhador; Psicologia