Acessibilidade / Reportar erro

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E AS EXPERIÊNCIAS DA VIDA ESCOLAR

Embarazo en la adolescencia y las experiencias da vida escolar

RESUMO

Este artigo teve como objetivo geral compreender as experiências de vida escolar de adolescentes grávidas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva. Participaram do estudo 14 adolescentes grávidas entre 15 e 19 anos de idade que estavam realizando pré-natal na rede pública do município. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com cada participante sobre a história de vida escolar. A análise de dados possibilitou a elaboração de duas categorias: “adolescentes grávidas que pararam de estudar” e “adolescentes grávidas que continuaram estudando”. Das 14 adolescentes entrevistadas, 10 pararam de estudar e quatro continuaram estudando. Observou-se a importância do suporte familiar e escolar para que as adolescentes pudessem continuar seus estudos. As adolescentes buscavam na escola um ambiente acolhedor para suas necessidades emocionais, mas nem todas tiveram a possibilidade de vivenciá-lo. O suporte à comunidade escolar é fundamental para que ela consiga oferecer o amparo necessário para seus alunos.

Palavras-chave:
gravidez; adolescência; ambiente escolar

RESUMEN

En este artículo se tuvo el objetivo general comprender las experiencias de vida escolar de adolescentes embarazadas. Se trata de una investigación cualitativa y descriptiva. Participaron del estudio 14 adolescentes embarazadas entre 15 y 19 años que estaban realizando prenatal en la red pública del municipio. Se realizó una entrevista semiestructurada con cada participante sobre la historia de vida escolar. El análisis de datos posibilitó la elaboración de dos categorías: “adolescentes embarazadas que dejaron de estudiar” y “adolescentes embarazadas que siguieran estudiando”. De las 14 adolescentes entrevistadas, 10 dejaron de estudiar, y cuatro siguieron estudiando. Se percibió la importancia del soporte familiar y escolar para que las adolescentes pudiesen seguir sus estudios. Las adolescentes buscaban en la escuela un ambiente acogedor para sus necesidades emocionales, pero no todas tuvieron la posibilidad de vivenciarlo. El soporte a la comunidad escolar es fundamental para que ella pueda ofrecer el amparo necesario para sus alumnos.

Palabras clave:
embarazo; adolescencia; ambiente escolar

ABSTRACT

This article aimed to understand the school life experiences of pregnant adolescents. This is a qualitative and descriptive research. Participated in the study 14 pregnant adolescents between 15 and 19 years of age who were undergoing prenatal care in the public network of the municipality. A semi-structured interview was conducted with each participant about their school life history. Data analysis made it possible to create two categories: “pregnant adolescents who stopped studying” and “pregnant adolescents who continued studying”. A total of 14 adolescents were interviewed, 10 stopped studying, and four continued studying. The importance of family and school support was observed so that the adolescents could continue their studies. Adolescents sought a welcoming environment at school for their emotional needs, but not all of them had the opportunity to experience it. Support to the school community is essential for it to be able to offer the necessary support to its students.

Keywords:
pregnancy; adolescence; school environment

INTRODUÇÃO

Adolescência se caracteriza como um período particular e singular entre a infância e a idade adulta. Esse período, além de ter transformações físicas anatômicas e hormonais em função da puberdade, também é marcado por mudanças psicológicas, sendo caracterizado por vivências intensas no processo de constituição da subjetividade e da individualidade (Fiedler, Araújo, & Souza, 2015Fiedler, M. W.; Araújo, A.; Souza, M. C. C. (2015). A prevenção da gravidez na adolescência na visão de adolescentes. Texto & Contexto Enfermagem, 24(1), 30-37. https://doi.org/10.1590/0104-07072015000130014
https://doi.org/10.1590/0104-07072015000...
).

Os adolescentes vivenciam diversas experiências nesse período da vida e a gravidez pode ser uma delas. No mundo, estima-se que a cada ano, 16 milhões de mulheres entre 15 e 19 anos dão à luz (UNFPA, 2015UNFPA. (2015). Girlhood, not motherhood: preventing adolescent pregnancy. New York: UNFPA.). Segundo os dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), em 2019 o Nordeste se apresentou como a região com mais filhos de mães com idades de 15 a 19 anos, com um total de 136.064, e em segundo lugar, o Sudeste com 123.516, seguidos pelas regiões Norte com 65.289, Sul com 42.440 e Centro Oeste com 32.613 nascidos vivos. Em Alagoas, 10.030 mães com idades de 15 a 19 anos deram à luz, em 2019 (Secretária de Vigilância em Saúde, 2021Secretária de Vigilância em Saúde (2021). DATASUS. Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - Sinasc. Nascimento por mãe residente segundo região e idade. Recuperado de: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi....
).

Nas regiões mais pobres do mundo, a taxa de adolescentes grávidas entre 15 e 19 anos é quatro vezes maior do que em regiões de alta renda (UNFPA, 2015UNFPA. (2015). Girlhood, not motherhood: preventing adolescent pregnancy. New York: UNFPA.). Nessa direção, outros estudos demonstram que há uma maior concentração de adolescentes mães nas classes economicamente mais baixas e com menores chances de se qualificarem profissionalmente (Bravo, Toomey, Umaña-Taylor, Updegraff, & Jahromi, 2017Bravo, D. Y.; Toomey, R. B.; Umaña-Taylor, A. J.; Updegraff, K. A.; Jahromi, L. B. (2017). Growth trajectories of Mexican-origin adolescent mothers educational expectations. International Journal of Behavioral Development, 41(2), 165-74. https://doi.org/10.1177/0165025415616199
https://doi.org/10.1177/0165025415616199...
; Pires et al., 2015Pires, R.; Pereira, J.; Pedrosa, A. A.; Vilar, D.; Vicente, L.; Canavarro, M. C. (2015). Contributo de fatores individuais, sociais e ambientais para decisão de prosseguir uma gravidez não planeada na adolescência: estudo caracterizador da realidade portuguesa. Análise Psicológica, 33(1), 19-38. https://dx.doi.org/10.14417/ap.827
https://doi.org/10.14417/ap.827...
).

Pesquisas indicam que alguns danos psicossociais decorrentes da gravidez na adolescência podem acarretar em: abandono escolar, realização de atividades laborais subqualificadas e de baixa remuneração - devido à falta de profissionalização - além do aumento das condições de vulnerabilidade social (Pires et al., 2015Pires, R.; Pereira, J.; Pedrosa, A. A.; Vilar, D.; Vicente, L.; Canavarro, M. C. (2015). Contributo de fatores individuais, sociais e ambientais para decisão de prosseguir uma gravidez não planeada na adolescência: estudo caracterizador da realidade portuguesa. Análise Psicológica, 33(1), 19-38. https://dx.doi.org/10.14417/ap.827
https://doi.org/10.14417/ap.827...
; UNFPA, 2015UNFPA. (2015). Girlhood, not motherhood: preventing adolescent pregnancy. New York: UNFPA.). Outra pesquisa identificou a evasão escolar anterior à gestação das jovens e atrelada a situações de violência intrafamiliar (Miura, Tardivo, Barrientos, Egry, & Macedo, 2020Miura, P. O.; Tardivo, L. S. de L. P. C.; Barrientos, D. M. S.; Egry, E. Y.; Macedo, C. M. (2020). Adolescence, pregnancy and domestic violence: social, conditions and life projects. Revista Brasileira de Enfermagem, 73, e20190111. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0111
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0...
).

Por outro lado, observou-se que na presença de suporte familiar e social, a adolescente participante da pesquisa (Esteves et al., 2018Esteves, I.; Bica, I.; Cunha, M.; Aparício, G.; Ferreira, M.; Martins, M. H. (2018). A importância da resiliência e de um suporte social efetivo na vivência da gravidez e maternidade precoces. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (spe6)-16. https://dx.doi.org/10.19131/rpesm.0207
https://doi.org/10.19131/rpesm.0207...
) conseguiu desenvolver a maternagem, retomar os estudos e sua vida pessoal. Winnicott (1965/2005Winnicott, D. W. (2005). A família e o desenvolvimento individual (4ª ed.). São Paulo: Martins Fontes. (Obra original publicada em 1965).) aponta para a importância de o ambiente familiar e social oferecer uma “capa protetora” à mulher grávida e puérpera, para que ela consiga imergir em um estado especial e adaptar-se espontaneamente às necessidades de seu bebê, possibilitando o amadurecimento emocional tanto do bebê quanto da mãe.

A escola sendo um ambiente social de convivência da adolescente grávida, deveria, então, contribuir para a sustentação de seu amadurecimento. Nesse ambiente, segundo Winnicott (1964/1982Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: LTC - Livros técnicos e científicos editora S.A. (Obra original publicada em 1964).), o amor e o cuidado deveriam estar presentes. Alguns indivíduos precisam sobretudo da escola enquanto cuidado, mais até do que no aspecto de ensino formal; frequentam a escola com a visão de que a escola forneça o que o lar não conseguiu fornecer (Winnicott, 1964/1982Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: LTC - Livros técnicos e científicos editora S.A. (Obra original publicada em 1964).). “Não vão à escola para aprender, mas para encontrar um lar fora do lar. Isso significa que procuram uma situação emocional, um grupo de que gradativamente possam fazer parte” (Winnicott, 1964/1982Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: LTC - Livros técnicos e científicos editora S.A. (Obra original publicada em 1964)., p. 234). Assim, observa-se que os estudantes necessitam de troca de experiência, ensino, orientação, amigos e buscam isso na escola, além daqueles privados de ambientes familiares saudáveis, que buscam por ambientes escolares confiantes, estáveis, regulares, que acolham e atendam suas necessidades emocionais.

Diante do exposto, este artigo teve como objetivo geral compreender as experiências de vida escolar de adolescentes grávidas e como objetivos específicos, identificar e analisar os motivos que levaram as adolescentes grávidas a interromper ou a continuar os estudos ao longo de sua trajetória de vida escolar.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva. Qualitativa por buscar compreender o fenômeno em sua profundidade e descritiva por privilegiar a observação, o registro e a descrição do fenômeno pesquisado (Prodanov & Freitas, 2013Prodanov, C. C.; Freitas, E. C. (2013). Pesquisa Científica. In: C. C. Prodanov, C. C. (Org). Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico (pp.41-118). (2a ed.). Novo Hamburgo: Feevale.).

Participaram da pesquisa 14 adolescentes grávidas, segundo critério da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera adolescência de 10 a 19 anos. Para participar, as jovens deveriam estar realizando pré-natal na rede pública do município de Maceió, Alagoas.

A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição responsável (Parecer: 1.541.569 CAAE: 55022916.0.0000.5013), e foi explicada às participantes a finalidade da pesquisa e assinados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelo responsável legal das adolescentes gestantes, e o Termo de Assentimento (TA) pelas adolescentes. Atendendo aos preceitos éticos de pesquisa com seres humanos, os nomes atribuídos às adolescentes são fictícios, e foi oferecido suporte e apoio psicológico para todas as participantes tanto no momento da entrevista quanto no encaminhamento, caso houvesse demanda, para o Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade responsável pela presente pesquisa.

A coleta de dados com cada adolescente consistiu em um encontro individual com a realização de uma entrevista semiestruturada, com duração aproximada de 1 hora a 1 hora e meia, tendo como itens norteadores: a experiência na gravidez; relações familiares e com o pai do bebê; relação com os serviços de saúde; a história de vida escolar e projetos de vida. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para análise. Para este artigo apenas o item história de vida escolar das adolescentes grávidas foi apresentado, analisado e discutido.

Depois da transcrição detalhada das entrevistas, elas foram lidas de forma exaustiva, e a partir de sua leitura foram criadas duas categorias: 1) adolescentes grávidas que pararam de estudar e 2) adolescentes grávidas que continuaram estudando. Dentro da categoria das adolescentes grávidas que pararam seus estudos seguem-se subcategorias referentes aos motivos das jovens terem parado de estudar, sendo essas: adolescentes grávidas que pararam os estudos devido à gestação, adolescentes grávidas que pararam os estudos antes da gestação, e adolescentes grávidas que pararam os estudos após a conclusão do Ensino Médio. As categorias serão apresentadas de forma mais detalhada e analisadas nas seções seguintes.

RESULTADOS

A tabela 1 demonstra as idades das adolescentes, sendo a média de idade de 16,79 anos. Sobre a escolaridade, das 14 adolescentes grávidas, seis destas estavam com o Ensino Médio incompleto, três com o Ensino Médio completo, três com o Ensino Fundamental incompleto e duas com o Ensino Fundamental completo. Das 14 adolescentes entrevistadas, 10 pararam de estudar e apenas quatro estavam estudando no momento desta pesquisa. Em relação à repetência das participantes da pesquisa, oito adolescentes haviam repetido de série em algum momento da vida escolar e seis nunca haviam repetido. Quanto à distorção idade-série das adolescentes, 11 apresentaram defasagem idade-escolaridade e três estavam no ano correspondente a sua idade.

Tabela 1
Relação das Adolescentes Grávidas com Idade, Escolaridade, Situação dos Estudos, Repetência e Distorção Idade-Série.

Os dados apresentados a seguir tiveram como enfoque o histórico de vida escolar das adolescentes grávidas participantes desta pesquisa.

Adolescentes grávidas que pararam de estudar

Pode-se observar que das 14 adolescentes que estavam grávidas, 10 (Bruna, Milena, Lívia, Neusa, Valentina, Raquel, Samanta, Aline, Vitória e Ana) pararam de estudar por diferentes motivos. Algumas adolescentes pararam os estudos devido à gestação (5), outras pararam os estudos antes da gestação (3), e tiveram ainda adolescentes grávidas que pararam os estudos após a conclusão do Ensino Médio (2). Das 12 adolescentes, oito se mostraram receptivas e disponíveis e quatro apresentaram mais dificuldade para se expressar. No entanto, todas conversaram, cada qual a sua maneira, com as pesquisadoras sobre os itens abordados.

Adolescentes grávidas que pararam os estudos devido à gestação

As adolescentes Lívia (16), Valentina (16), Raquel (17), Samanta (18) e Vitória (18) pararam os estudos após a descoberta da gestação. Lívia relatou que achava legal ir à escola e disse que ainda pretende retornar um dia. A adolescente estudou até o 7º ano do Ensino Fundamental e, por ter vergonha da gestação, interrompeu os estudos. Lívia não chegou a repetir anos escolares.

A adolescente Valentina quando criança morava na zona rural e com sete anos mudou-se para a área urbana no intuito de frequentar regularmente a escola, o que a fez sentir falta das atividades que realizava no ambiente rural. No oitavo mês de gestação, abandonou os estudos, argumentando que precisava parar, mas não soube dizer o motivo. “Disseram que com oito meses não podia mais estudar, mas eu não sei o porquê” [sic]. A jovem chegou a terminar o Ensino Fundamental, e durante os anos escolares repetiu o 2º e o 7º ano do Ensino Fundamental.

Raquel parou de estudar no 1º ano do Ensino Médio, por estar próximo do nascimento do filho. Repetiu o 1º e o 6º ano do fundamental, por não saber ler e por desinteresse, respectivamente. Acredita ter tido influências negativas na escola, descritas como amigas que tinham foco em atividades de lazer ao invés do estudo. A adolescente relatou que começava a se dedicar à escola só a partir do meio do ano, e ao mesmo tempo se reconhece como interessada nos estudos, afirma que gosta de estudar, ler, escrever e entender as coisas. “Eu sou interessada, assim, nos estudos, mas tinha tempo que eu ia na influência, né” [sic]. “A pessoa tinha tempo que parava, tinha tempo que voltava a estudar... Foi tipo eu. Eu passei um tempo sem estudar, assim, bagunçando...’” [sic].

A adolescente Samanta parou de estudar no 2º ano do Ensino Médio por causa da gravidez, devido à dificuldade em subir e descer as escadas do colégio. Considera que sempre foi “aquela aluna que é esforçada, estuda quando tem prova, e sempre consegue tirar uma nota boa” [sic]. A adolescente repetiu o 1º ano do Ensino Médio, explica que isso aconteceu porque mudou de colégio. A principal causa da mudança de escola foi o aumento do valor da mensalidade. A adolescente relatou dificuldades de adaptação após essa mudança. “Aí eu ia, não gostava das aulas, não gostava dos professores, mas mesmo assim sempre tentando. Acho que era por conta de tá acostumada com o método anterior, ou alguma coisa do tipo, aí eu fiquei desgostosa da escola” [sic].

Vitória expressou que na infância “não gostava de estudar, gostava de ir para escola para brincar” [sic], disse que quando frequentava a escola não tinha interesse, não se identificava com os estudos, tentando resgatar as brincadeiras “da rua” [sic], como algo que pudesse tornar o ambiente escolar mais prazeroso. Mesmo Vitória dizendo não gostar de estudar, foi o contato com uma professora, no primeiro ano do Ensino Fundamental, que fez com que a jovem se sentisse aceita e segura no local. No entanto, Vitória precisou mudar cinco vezes de escola devido às mudanças de residência, perdendo o contato com a professora, mas passando a se identificar com ela, gostando de brincar de “escolinha” [sic]. A jovem terminou o Ensino Médio e iniciou um curso técnico de laboratório que precisou ser interrompido devido à gravidez. Vitória demonstrou frustração ao notar que vive um estilo de vida diferente do das amigas que trabalham e fazem faculdade.

Adolescentes grávidas que pararam os estudos antes da gestação

As adolescentes Bruna (15), Milena (15) e Neusa (16) pararam os estudos antes de descobrirem que estavam grávidas. Bruna iniciou os estudos por volta dos quatro ou cinco anos, quando foi morar na casa da avó; antes a adolescente relata ter sofrido maus tratos na casa da irmã onde residia. A jovem recorda alguns episódios da escola, “ah! Nós andava, aprontava com o povo lá do colégio, sentava no fundo da sala, essas coisas...” [sic]. Bruna disse ainda manter o contato com algumas pessoas da turma, mas demonstrou tristeza ao enfatizar não ter uma amizade íntima e alguém em quem pudesse confiar na escola. A jovem não teve repetências na escola, e relatou que perdeu o interesse em manter os estudos, ocasionando o abandono escolar após a conclusão do Ensino Fundamental, antes mesmo de engravidar. “No começo eu gostava de ir, mas depois fui enjoando” [sic].

Milena disse ter sido uma boa aluna na escola. A adolescente abandonou os estudos no 7º ano porque passou a sentir dificuldade quanto ao transporte, visto que o marido deixou de levá-la. “Tinha dificuldade de ir pra escola, porque meu marido chegava cansado... E ele que me levava. E a escola é um pouco longe. Aí... Tinha essa dificuldade” [sic]. Além disso, a adolescente mencionou sentir-se sozinha no ambiente escolar, o que também a teria motivado a desistir de estudar. Milena veio a repetir o 6º ano pela quantidade de faltas.

De forma semelhante à Milena, Neusa disse ter sido estudiosa e que gostava da escola nos anos anteriores ao oitavo ano, mas que ao conhecer seu companheiro no oitavo começou a parar de estudar porque a mãe não a deixava namorar. “Aí, que eu gaseava (faltava à aula), ia ficar com ele, que minha mãe não deixava nós namorar. Aí eu gaseava, não queria estudar, ficava assim, rebelde...” [sic]. A jovem veio a repetir o 8º ano.

Adolescentes grávidas que pararam os estudos após a conclusão do Ensino Médio

As adolescentes Aline (18) e Ana (19) concluíram o Ensino Médio e encontram-se sem estudar. Aline muitas vezes via a escola como algo chato, por não ser muito comunicativa e não ter muitos amigos na escola. “Eu ia pra escola, estudava e ia pra casa, entendeu? Mas de fazer amizade e ter aquele convívio, eu não tinha. Então, pra mim às vezes era algo chato, mas, eu sempre, assim, às vezes tirava nota boa” [sic]. A jovem desistiu da escola algumas vezes, acumulando faltas ou deixando de ir por motivos de saúde e notas baixas. Aline preferiu concluir os estudos através do supletivo: “Assim, eu terminei o Ensino Médio esse ano, começo de 2017. Na escola, os meus últimos três anos, eu assim, tava meio que, sabe? Querendo desistir. Não tava mais assim, como era antes. Não tava tendo notas boas...” [sic].

Ana, por outro lado, sempre gostou de estudar. Repetiu apenas o primeiro ano porque teve de se afastar da escola por questões familiares, as quais não detalhou. Pretendia terminar o Ensino Médio e logo entrar na faculdade, mas com a gravidez teve que adiar os planos. A jovem revela que o que mais sente falta na vida é de estudar.

Adolescentes grávidas que continuaram estudando

Foi observado que das 14 adolescentes que estavam grávidas, quatro delas, Amélia (15), Diana (16), Cátia (18) e Jamyle (18), continuaram estudando na época da entrevista, durante o período da gestação.

Na escola, Amélia considera que houve mudanças no modo como se sente dentro desse ambiente devido às mudanças que a gravidez causa. “Não é mais a mesma coisa de “tá” digamos assim, tá num grupinho... agora você fica com preguiça até de se levantar da cadeira, mais “quieta” assim”. [sic] “Eu nunca fui também de “tá” bagunçando, nem “tá” pra cima e pra baixo” [sic]. Amélia afirma que gosta de estar na escola: “Me sinto até bem, do que ficar em casa sem fazer nada” [sic]. Sobre a relação com os amigos, considera que não houve mudança no modo como agem. Ela afirma que a convivência com os colegas de sala é boa e que têm bons professores. “Normal. Eu nunca fui também de “tá” de “coloio”. Assim... eu falo com todas da minha sala. Tem assim as meninas que eu sou mais próxima e outras que nem tanto, mas eu falo com todos. Normal” [sic]. Na escola: “eu gosto de tudo um pouco.... Não sei o que eu não gosto...” [sic].

Diana sempre gostou de estudar e não teve reprovações. Por isso, ela se preocupa com os meses que precisa ficar distante dos estudos depois do nascimento do filho, a jovem quer ficar o mínimo de tempo possível afastada. Ela relata que tem tido dificuldades em acompanhar assuntos novos nas disciplinas, tendo algumas dificuldades em passar no 1º ano, principalmente depois que soube que estava grávida e precisou se ausentar para fazer exames e consultas.

Cátia afirmou que gostava de frequentar a escola e que ainda está frequentando. Demonstrou ser bom por estar sendo cuidada pelos amigos e profissionais da escola. “É... tá bom porque... é... é sempre mais cuidado... os diretores são sempre mais cuidadosos com a refeição que dão... É... com os alunos mesmo, as colegas da escola, sempre fica ali cuidando, perguntando se tá tudo bem” [sic]. Sobre esses cuidados, afirma: “É muito bom também. Eles ficam preocupado quando eu digo que tô sentindo alguma dor, aí leva logo pro hospital, e assim vai” [sic].

Morando em um sítio, Jamyle precisou abandonar a escola quando pequena devido à distância que percorria diariamente e à necessidade de realizar os serviços domésticos enquanto a genitora trabalhava fora de casa. O esposo, “Baixinho” [sic], como era chamado, supriu as ausências e os déficits de cuidados recebidos por Jamyle durante a infância e propiciou o resgate de experiências não vividas pela adolescente, como a ida para a escola, que se deu de forma efetiva quando ela tinha quinze anos. Nesse ambiente educacional, costuma encontrar-se com outras adolescentes que também estão gestantes, e afirmou estar conseguindo construir amizades e conversar sobre assuntos de seu interesse.

DISCUSSÃO

A escola como uma das instituições que, de uma forma ou de outra, se insere nas relações desde a infância, pode ser lembrada de diversas maneiras conforme a experiência de cada um. Observa-se que as adolescentes que pararam de estudar antes mesmo da gestação parecem não ter tido um suporte e um apoio que contribuíssem com a permanência delas na escola, além da fragilidade de identificação com os colegas, com os profissionais, com o estudo e com a própria escola.

Nesses casos, percebe-se que a escola não conseguiu ser um ambiente social de sustentação das demandas emocionais das adolescentes, o que nos leva a refletir sobre a falta de suporte dado aos profissionais da educação, pois para que estes possam sustentar as demandas emocionais de seus alunos é necessário que também possam usufruir de um sistema que lhes ofereça suporte físico, psíquico e emocional. Winnicott e Britton (1947/1999Winnicott, D. W.; Britton, Clare. (1999). Tratamento em regime residencial para crianças difíceis. In D. W. Winnicott, Privação e delinquência. (pp. 59-86). São Paulo: Martins Fontes. (Obra original publicada em 1947).) enfatizaram sobre a importância de cuidar dos cuidadores de instituição de acolhimento, para que esses pudessem atuar de forma terapêutica junto a crianças e adolescentes institucionalizados.

Bruna reclama da falta de uma amizade mais íntima e de alguém com quem pudesse “contar” na escola e Milena se queixa que se sentia sozinha na escola, relatando isso como sendo um dos motivos por ter desistido de estudar, o que revela a importância dos vínculos de amizade no ambiente escolar, corroborando alguns estudos (Nunes & Silva, 2015Nunes, A. I. B. L.; Silva, M. L. F. (2015). O viver criativo e a adolescência: Uma experiência no espaço escolar. Revista Eletrônica de Educação, 9(3), 180-197. http://dx.doi.org/10.14244/198271991268.
https://doi.org/10.14244/198271991268...
; Pizzinato, Petracco, Hamann, Cé, & Rosa, 2017Pizzinato, A.; Petracco, M. M.; Hamann, C.; Cé, J. P.; Rosa, E. N. (2017). Juventude feminina do meio rural: sentidos sobre educação e perspectivas sobre futuro. Psicologia Escolar e Educacional, 21(1), 41-51. https://dx.doi.org/10.1590/2175-3539201702111066
https://doi.org/10.1590/2175-35392017021...
). Além disso, enfatiza a importância de a comunidade escolar estar atenta às necessidades emocionais de seus alunos.

A escola pode ser uma oportunidade para o indivíduo participar de um grupo de iguais, tornando-se possível desenvolver relações interessantes com o grupo (Winnicott, 1964/1982Winnicott, D. W. (2005). A família e o desenvolvimento individual (4ª ed.). São Paulo: Martins Fontes. (Obra original publicada em 1965).). Desse modo, a escola deveria aparecer na vida dos jovens como algo para além de apenas voltar-se ao aspecto do ensino programado, sendo também um ambiente de relações com outras pessoas, como com outros jovens de faixa etária parecida e profissionais da educação.

A ausência de suporte e apoio da família ou de pessoas próximas pode ser percebida quando o marido de Milena não a levava mais para a escola; no caso de Bruna, a avó que lhe acolheu da situação de maus tratos parece não ter insistido na permanência da neta no ambiente escolar e no caso de Neusa a desistência dos estudos se deu porque queria namorar. Esses são todos motivos verbalizados pelas adolescentes na única entrevista realizada com as participantes, dessa forma, é importante apontar que outras questões não ditas podem estar relacionadas com o abandono escolar.

Parece também não ter existido, nos casos das jovens em que houve desistência dos estudos antes mesmo da gestação, uma inter-relação entre família e escola, de forma a possibilitar sua continuidade nos estudos. Andrade, Ohara, Borba e Ribeiro (2015Andrade, P. R.; Ohara, C. V. S.; Borba, R. I. H.; Ribeiro, C. A. (2015). Enfrentando uma experiência difícil mesmo com apoio: a adolescente menor vivenciando a maternagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, 36(spe), 111-118. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.esp.56751
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.e...
) apontam que o suporte financeiro e o apoio da rede familiar são aspectos com que a adolescente se depara para negociar e garantir o seu sustento, do bebê e retornar mais rapidamente à escola. Além disso, conforme Winnicott (1965/2005Winnicott, D. W. (2005). A família e o desenvolvimento individual (4ª ed.). São Paulo: Martins Fontes. (Obra original publicada em 1965).), para que a mãe possa estar disponível emocionalmente para seu bebê, ela precisa que seu ambiente ofereça uma “capa protetora” de sustentação de suas demandas, pois somente assim ela conseguirá atender às necessidades do bebê.

Outras pesquisas (Alves, Oliveiras, Caldas, & Nobre, 2016Alves, R. D.; Oliveira, S. X.; Caldas, M. L. L. S.; Nobre, J. O. C. (2016). Dificuldades enfrentadas por adolescentes no período gestacional. Temas em saúde, 16(2), 535-566. Recuperado de: http://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2016/08/16230.pdf
http://temasemsaude.com/wp-content/uploa...
; Vieira, Bousquat, Barros, & Alves, 2017Vieira, E. M.; Bousquat, A.; Barros, C. R. S.; Alves, M. C. G. P. (2017). Gravidez na adolescência e transição à vida adulta em jovens usuárias do SUS. Revista de Saúde Pública, 51(25), 1-11. https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006528
https://doi.org/10.1590/s1518-8787.20170...
) também identificaram o abandono dos estudos pelas adolescentes antes mesmo da gestação. Com o intuito de tentar prevenir situações de abandono escolar, Vieira et al. (2017Vieira, E. M.; Bousquat, A.; Barros, C. R. S.; Alves, M. C. G. P. (2017). Gravidez na adolescência e transição à vida adulta em jovens usuárias do SUS. Revista de Saúde Pública, 51(25), 1-11. https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006528
https://doi.org/10.1590/s1518-8787.20170...
) ressaltam a necessidade de políticas públicas que considerem a heterogeneidade do grupo social de adolescentes que são mães. Para algumas, por exemplo, é necessária uma atenção maior das políticas de geração de renda, para outras uma atenção especial sobre a vida escolar, de forma a ampliar a oportunidade de estudos e de vida para essas jovens.

As adolescentes que pararam de estudar devido à gestação também trazem cada qual sua singularidade. Lívia relata a vergonha de estar grávida como o motivo de ter parado de estudar. Raquel, Valentina e Vitória pararam de estudar no momento próximo ao parto e Samanta devido a sua dificuldade de subir e descer escadas. Nesses cinco casos, os profissionais da escola talvez pudessem ter contribuído para que as jovens não parassem de estudar, o que revela novamente a ausência de suporte dos profissionais para com os alunos e do sistema educacional para com os educadores. Intervenções que promovam sensibilização, compreensão e acolhimento por parte dos profissionais da escola, bem como por parte dos colegas nos casos de gravidez na adolescência na escola poderiam ser desenvolvidas por profissionais da Psicologia, por exemplo, possibilitando um espaço mais inclusivo para essas jovens, como no caso de Lívia.

Por outro lado, ao invés de incluir, a pesquisa de Santos, Guimarães e Gama (2016Santos, N. L. B.; Guimarães, D. A.; Gama, C. A. P. (2016). A percepção de mães adolescentes sobre seu processo de gravidez. Revista Psicologia e Saúde, 8(2), 83-96. https://dx.doi.org/10.20435/2177-093X-2016-v8-n2(07).
https://doi.org/10.20435/2177-093X-2016-...
), identificou posturas estigmatizantes da professora para com adolescente grávida. Nessa direção, Quaresma da Silva (2016Quaresma da Silva, D. R. (2016). Exclusão de adolescentes grávidas em escolas do sul do Brasil: uma análise sobre a educação sexual e suas implicações. Revista de estudios sociales. (57). 78-88. http://dx.doi.org/10.7440/res57.2016.06.
https://doi.org/10.7440/res57.2016.06...
) relata que os estigmas acompanham as adolescentes grávidas nas escolas e diminuem a mobilização de funcionários da educação e do governo a lançar políticas públicas diferenciadas que colaborem para a continuidade dos estudos das adolescentes durante a gravidez e após o nascimento do bebê. A desatenção com essa problemática social contribui para o abandono escolar de grande parte das adolescentes gestantes.

A adolescente que está grávida pode começar a presenciar situações de afastamentos visíveis e exclusões no ambiente escolar, vindo a se distanciar da escola com o tempo ou ser discretamente afastada da escola, com o argumento de que é para sua própria proteção. Além disso, notou-se que quando adolescentes que estão grávidas abandonam as escolas, a maioria não recebe uma atenção e um incentivo pela escola ou pelo Conselho Tutelar para seu retorno aos estudos, mas, de forma contrária, o abandono destas adolescentes é visto como normal (Quaresma da Silva, 2016Quaresma da Silva, D. R. (2016). Exclusão de adolescentes grávidas em escolas do sul do Brasil: uma análise sobre a educação sexual e suas implicações. Revista de estudios sociales. (57). 78-88. http://dx.doi.org/10.7440/res57.2016.06.
https://doi.org/10.7440/res57.2016.06...
).

No caso de Samanta pode-se refletir sobre a importância dos profissionais da escola em cuidar de seus alunos promovendo um ambiente de melhor acesso, talvez isso minimizasse o dano da desistência, mesmo sabendo da dificuldade da estrutura física das escolas públicas brasileiras (Haguette, Pessoa, & Vidal, 2016Haguette, A.; Pessoa, M. K. M.; Vidal, E. M. (2016). Dez escolas, dois padrões de qualidade. Uma pesquisa em dez escolas públicas de Ensino Médio do Estado do Ceará. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 24(92), 609-636. https://doi.org/10.1590/S0104-40362016000300005
https://doi.org/10.1590/S0104-4036201600...
; Torre, 2015Torre, M. B. R. (2015). O espaço escolar como uma problemática socioambiental. REMEA, 32(1), 79-100.).

Já nos casos de Raquel, Valentina e Vitória, talvez o acesso à informação sobre seus direitos, concernentes à Lei n.º 6.202/1975Lei n.º 6.202 (1975). Atribui a Estudante em Estado de Gestação o Regime de Exercícios Domicilares Instituídos pelo Decreto-Lei 1.044, de 21/10/1969 (Que Dispõe sobre Tratamento Excepcional para os Alunos Portadores das Afecções que Indica), e Dá outras Providências. Diário Oficial da União (17-04-1975). Recuperado de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6202.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/le...
, com que as jovens não abandonassem os estudos, mas sim se ausentassem pelo período que elas têm de direito. O desconhecimento dos direitos e deveres gera prejuízos sociais e políticos e isso se deve à ausência de educação jurídica constitucional e à dificuldade de entendimento da linguagem dos textos jurídicos (Silva, Choucino, & Machado, 2019Silva, J. R. A.; Choucino, C. C.; Machado, S. C. D. (2019). A falta de conhecimento da população em relação aos seus direitos e a inclusão do direito constitucional nas escolas. Revista jurídica da UniFil, (16), 148-157.). A apropriação das questões jurídicas e das políticas educacionais nas escolas necessita acontecer para que seja possível, além de propor, também acompanhar e fiscalizar políticas, bem como possibilitar o exercício da cidadania da população (Scziminski & Bazzanella, 2015Scziminski, T. de F. J.; Bazzanella, S. L. (2015). O desconhecimento da lei como obstáculo à construção da cidadania. Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação - UNESC, 4(1), 1-15.).

Com relação a isso, as Nações Unidas propõem a implantação de “maneira apropriada das políticas de reinserção na escola e retomada dos estudos, isso permitirá que as jovens grávidas e as que já são mães possam exercer seu direito a educação” (UNESCO, 2017Souza Junior, P. R. (2018). A questão de gênero, sexualidade e orientação sexual na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o movimento LGBTTQIS. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, 4(1), 1-21., p. 7). Dessa maneira, entende-se que a divulgação, o ensino, a reflexão e fiscalização sobre leis, direitos e deveres podem ser ações potencializadoras para essas jovens e para a população de forma geral.

No caso de Vitória especificamente, percebe-se seu investimento nos estudos que culminará futuramente em sua formação profissional como técnica de laboratório. Os ambientes familiares (em especial, representado pela figura do marido) e de amizades demonstram ser incentivadores para a jovem voltar a estudar depois do nascimento do filho. Sua história de vida escolar é interessante, ao mesmo tempo que a identificação com uma professora parece ter possibilitado a adolescente uma experiência prazerosa e potente, significando a escola como um espaço que lhe possibilitará inúmeras conquistas, como tornar-se uma profissional.

Leão, Dayrell e Reis (2011Leão, G.; Dayrell, J. T.; Reis, J. B. (2011). Jovens olhares sobre a escola do ensino médio. Cadernos CEDES, 31(84), 253-273. https://doi.org/10.1590/S0101-32622011000200006
https://doi.org/10.1590/S0101-3262201100...
) alertam que a representação do professor pode vir de maneira positiva como incentivador nos estudos e nos planos de vida, sendo alguém disponível e admirado pelo modo como ensina, mas também pode promover representações negativas quando esse não está aberto ao diálogo ou não apresenta práticas pedagógicas interessantes.

O ambiente escolar para Raquel, Valentina, Samanta e Aline parece permeado de experiências ambivalentes. A adolescente Valentina relatou sentir falta do ambiente rural e das atividades que costumava exercer antes de mudar-se para a zona urbana e ir à escola, e assim a escola parece ser para ela um lugar que vem privá-la dos seus prazeres da infância. Essa separação entre escola para brincar ou estudar, momento de lazer ou momento de estudo, também aparece no relato da jovem Raquel, que pelas suas experiências parece não enxergar a escola como prazerosa. No ambiente escolar não é preciso haver uma separação entre o momento de se aprender, mecanizado, sendo visto como ruim, e o momento de brincar, de liberdade, que é visto como bom (Nunes & Silva, 2015Nunes, A. I. B. L.; Silva, M. L. F. (2015). O viver criativo e a adolescência: Uma experiência no espaço escolar. Revista Eletrônica de Educação, 9(3), 180-197. http://dx.doi.org/10.14244/198271991268.
https://doi.org/10.14244/198271991268...
).

Samanta expressa que gostava da escola antes da mudança de colégio porque estava adaptada ao método anterior de ensino, mas também não descarta a possibilidade de existência de outros motivos, que a levaram a não se acostumar na nova escola. Nesse contexto, vários aspectos podem influenciar na adaptação da adolescente a uma nova escola. Aspectos pedagógicos e afetivos em relação ao ensino são importantes para a permanência dos alunos na escola (Leão et al., 2011Leão, G.; Dayrell, J. T.; Reis, J. B. (2011). Jovens olhares sobre a escola do ensino médio. Cadernos CEDES, 31(84), 253-273. https://doi.org/10.1590/S0101-32622011000200006
https://doi.org/10.1590/S0101-3262201100...
). Além disso, a própria convivência com os pares, as amizades são relevantes no processo de identificação e envolvimento com os estudos e a comunidade escolar (Pizzinato et al., 2017Pizzinato, A.; Petracco, M. M.; Hamann, C.; Cé, J. P.; Rosa, E. N. (2017). Juventude feminina do meio rural: sentidos sobre educação e perspectivas sobre futuro. Psicologia Escolar e Educacional, 21(1), 41-51. https://dx.doi.org/10.1590/2175-3539201702111066
https://doi.org/10.1590/2175-35392017021...
). A mudança de escola faz o estudante ter que se adaptar e conviver como novos colegas e com outra estrutura escolar, sendo que isso pode levar ao processo de evasão quando o aluno não consegue apoio para realizar essa transição, que foi o que aconteceu no caso da Samanta.

Quanto às adolescentes que continuaram estudando, pôde-se observar inúmeros aspectos que contribuíram para a permanência das jovens no ambiente escolar. Amélia, Cátia e Jamyle falam sobre as relações com amigos de escola. Cátia diz ser cuidada pelos amigos e pelos profissionais da instituição. As jovens também relatam suas dificuldades físicas advindas da gravidez, mas isso não as impediu de continuar estudando. As quatro adolescentes demonstraram gostar do ambiente escolar. Nesses casos, esse ambiente mostrou-se acolhedor, potencializador para construção e fortalecimento das relações, um espaço significativo para as adolescentes, que continuaram estudando durante a gestação.

Diante do exposto, é notável com os dados apresentados, o quanto as relações interpessoais interferem na vontade dos alunos de continuarem ou não na escola.

Quanto mais observamos, tanto mais concluímos que, se os professores e alunos estão convivendo de um modo saudável, encontram-se empenhados num sacrifício mútuo de espontaneidade e independência, e isso é quase tão importante, como parte da educação, quanto o ensino e aprendizagem dos assuntos programados. (Winnicott, 1964/1982Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: LTC - Livros técnicos e científicos editora S.A. (Obra original publicada em 1964)., p. 230).

O acolhimento e a escuta das demandas das adolescentes pela comunidade escolar, bem como as relações de vínculo e amizade com os colegas demonstraram a potencialidade do espaço escolar para as jovens grávidas.

Resultados semelhantes foram encontrados na pesquisa de Nunes e Silva (2015Nunes, A. I. B. L.; Silva, M. L. F. (2015). O viver criativo e a adolescência: Uma experiência no espaço escolar. Revista Eletrônica de Educação, 9(3), 180-197. http://dx.doi.org/10.14244/198271991268.
https://doi.org/10.14244/198271991268...
), em que estudantes do Ensino Médio de uma escola pública apontaram elementos negativos na escola (conflitos nas relações entre alunos e seus pares, professores e gestão escolar e o estresse vivido nas dificuldades de aprender em sala de aula) e elementos interessantes (amizades, formação de bons vínculos).

Os dados dessa pesquisa também possibilitam a reflexão sobre a importância de a escola promover espaços de diálogo com os jovens sobre sexualidade e temas afins como gravidez na adolescência. Por outro lado, identifica-se nas pesquisas (Chaveiro et al., 2015Chaveiro, L. G.; Pires, L. M; Matos, M. A.; Teles, S. A.; Souza, A. M. B.; Souza, M. M. (2015). Análise da temática sexualidade no contexto escolar com professores da educação básica. Rev Rene, 16(5), 690-8.; Ferreira et al., 2018Ferreira, E. A.; Alves, V. H.; Pereira, A. V.; Rodrigues, D. P.; Paiva, E. D.; Santos, I. M. M. (2018). Adolescentes no espaço escolar e o conhecimento a respeito da saúde sexual e reprodutiva. Cogitare Enfermagem, (23)2, e55851. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i2.55851
https://doi.org/10.5380/ce.v23i2.55851...
) que esse assunto é na maioria das vezes trabalhado nas escolas de forma biológica em aulas de Ciências e Biologia ou em palestras feitas por profissionais da saúde, sendo necessário ampliar as discussões para abordar a saúde sexual e reprodutiva de forma crítica e reflexiva no processo de educação e saúde.

Além disso, a importância de se conversar sobre sexualidade com os jovens pode ser percebida em pesquisa (Fiedler et al., 2015Fiedler, M. W.; Araújo, A.; Souza, M. C. C. (2015). A prevenção da gravidez na adolescência na visão de adolescentes. Texto & Contexto Enfermagem, 24(1), 30-37. https://doi.org/10.1590/0104-07072015000130014
https://doi.org/10.1590/0104-07072015000...
) em que os jovens participantes do estudo demonstraram não saber utilizar alguns métodos contraceptivos. Outros estudos (Ataliba & Mourão, 2018Ataliba, P.; Mourão, L. (2018). Avaliação de impacto do Programa Saúde nas Escolas. Psicologia Escolar e Educacional, 22(1), 27-35. https://doi.org/10.1590/2175-35392018011566
https://doi.org/10.1590/2175-35392018011...
; Barreto, Santos, Bezerra, & Silva, 2016Barreto, R. M. A.; Santos, R. B.; Bezerra, A. C. L.; Silva, M. A. M. (2016). IST na adolescência: Percepção de gestantes a luz do círculo de cultura de Paulo Freire.Revista Contexto & Saúde,16(30), 116-125. https://doi.org/10.21527/2176-7114.2016.30.116-125
https://doi.org/10.21527/2176-7114.2016....
) identificaram a falta de conhecimento dos adolescentes sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Observa-se que os jovens precisam de informações de prevenção e promoção de saúde, e o ambiente escolar aparece enquanto um local para se trabalhar com a educação em saúde com diversas temáticas, sendo uma delas a temática da sexualidade. “É possível prevenir a gravidez precoce ou não planejada mediante uma educação integral em sexualidade de boa qualidade que inclua conteúdo sobre a igualdade de gênero e vínculos com os serviços que assegurem a disponibilidade de anticonceptivos” (UNESCO, 2017UNESCO. (2017). Early and unintended pregnancy & the education sector: evidence review and recommendations. Paris: UNESCO., p. 7).

No entanto, as discussões de gênero e sexualidades foram reprimidas do Plano Nacional de Educação (PNE) de 2015 (Souza Junior, 2018Souza Junior, P. R. (2018). A questão de gênero, sexualidade e orientação sexual na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o movimento LGBTTQIS. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, 4(1), 1-21.) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2017 (Monteiro, Castro, & Herneck, 2018Monteiro, C. C.; Castro, L. O.; Herneck, H. R. (2018). O silenciamento da educação infantil: proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Pedagogia em Ação, 10(1), 194-212.; Moura & Leite, 2019Moura, F. N. S.; Leite, R. C. M. (2019). O conservadorismo e a formação cidadã: a abordagem da Sexualidade no Ensino Fundamental diante do discurso em documentos oficiais. Revista de Educação, Ciência e Cultura, 24(3), 19-28. http://dx.doi.org/10.18316/recc.v24i3.5468
https://doi.org/10.18316/recc.v24i3.5468...
; Souza Junior, 2018Souza Junior, P. R. (2018). A questão de gênero, sexualidade e orientação sexual na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o movimento LGBTTQIS. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, 4(1), 1-21.) enquanto tema transversal a ser trabalhado nas escolas como previam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) aprovados em 1997. Atualmente, a sexualidade passa a ser abordada, conforme a BNCC do Ensino Fundamental, apenas na disciplina Ciências da Natureza, no 8º ano (Moura & Leite, 2019Moura, F. N. S.; Leite, R. C. M. (2019). O conservadorismo e a formação cidadã: a abordagem da Sexualidade no Ensino Fundamental diante do discurso em documentos oficiais. Revista de Educação, Ciência e Cultura, 24(3), 19-28. http://dx.doi.org/10.18316/recc.v24i3.5468
https://doi.org/10.18316/recc.v24i3.5468...
). Diante disso, percebe-se uma carência de políticas públicas que trabalhem a sexualidade na área da educação brasileira nos dias de hoje e que estão indo na direção contrária do que propõem as Nações Unidas (UNESCO, 2017), o que pode vir a refletir nas formas como o adolescente se informa, se previne, se comporta e percebe a sexualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo buscou compreender as experiências de vida escolar de adolescentes grávidas. Observou-se que cada jovem teve uma experiência única e singular junto aos seus colegas, professores e comunidade escolar como um todo. Essas vivências atreladas à vida familiar potencializaram ou limitaram a continuidade das adolescentes aos estudos, o que demonstrou a importância do suporte físico e emocional da família para com as adolescentes grávidas nesse processo educacional.

Instituições acolhedoras, identificação com professores, vínculo afetivo com colegas, amigos e/ou famílias que apoiam são algumas das condições que potencializaram as jovens no processo de continuidade de seus estudos. Escolas não acolhedoras, mudanças (escola, residência), ausência de vínculo afetivo com professores e colegas e/ou falta de suporte familiar foram identificadas como condições que limitaram o processo de manutenção dos estudos das adolescentes.

Percebeu-se que as adolescentes buscavam na escola um ambiente acolhedor para suas necessidades emocionais, sendo este um espaço que pode potencializar seus alunos no enfrentamento de dificuldades, no fortalecimento de vínculos interpessoais, no amadurecimento emocional e no desenvolvimento de diversas habilidades. Assim como, também identificamos carências no cuidado e no acolhimento da comunidade escolar, a qual só poderá oferecer um ambiente acolhedor para seus alunos se não tiver desamparada no atendimento de suas próprias necessidades.

Nesse sentido, mesmo considerando a gravidez como um fenômeno complexo nessa fase da vida, pois possui diversos atravessamentos para cada jovem, ainda assim é possível que tal vivência não seja experienciada de forma limitante, visto que a continuidade dos estudos e projetos para o futuro pode e se mostra possível. Desta feita, a pesquisa aborda que tal proceder se torna potente quando as adolescentes dispõem de recursos familiares e sociais, demarcando assim que a jornada e o desempenho estudantil da jovem não devem ser desvencilhados do apoio familiar e da comunidade, pois quando tais instituições se unem, elas podem outorgar ganhos momentâneos e futuros para adolescentes em formação educacional.

Esta pesquisa se limitou ao estudo das experiências de vida escolar das jovens de maneira transversal, por meio da realização de uma única entrevista, não sendo possível o aprofundamento do tema em outros momentos. Aponta-se para a importância da realização de estudos com essa temática de forma longitudinal.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) pela concessão de bolsas de iniciação científica, que contribuíram para realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

  • Alves, R. D.; Oliveira, S. X.; Caldas, M. L. L. S.; Nobre, J. O. C. (2016). Dificuldades enfrentadas por adolescentes no período gestacional. Temas em saúde, 16(2), 535-566. Recuperado de: http://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2016/08/16230.pdf
    » http://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2016/08/16230.pdf
  • Andrade, P. R.; Ohara, C. V. S.; Borba, R. I. H.; Ribeiro, C. A. (2015). Enfrentando uma experiência difícil mesmo com apoio: a adolescente menor vivenciando a maternagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, 36(spe), 111-118. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.esp.56751
    » https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.esp.56751
  • Ataliba, P.; Mourão, L. (2018). Avaliação de impacto do Programa Saúde nas Escolas. Psicologia Escolar e Educacional, 22(1), 27-35. https://doi.org/10.1590/2175-35392018011566
    » https://doi.org/10.1590/2175-35392018011566
  • Barreto, R. M. A.; Santos, R. B.; Bezerra, A. C. L.; Silva, M. A. M. (2016). IST na adolescência: Percepção de gestantes a luz do círculo de cultura de Paulo Freire.Revista Contexto & Saúde,16(30), 116-125. https://doi.org/10.21527/2176-7114.2016.30.116-125
    » https://doi.org/10.21527/2176-7114.2016.30.116-125
  • Bravo, D. Y.; Toomey, R. B.; Umaña-Taylor, A. J.; Updegraff, K. A.; Jahromi, L. B. (2017). Growth trajectories of Mexican-origin adolescent mothers educational expectations. International Journal of Behavioral Development, 41(2), 165-74. https://doi.org/10.1177/0165025415616199
    » https://doi.org/10.1177/0165025415616199
  • Chaveiro, L. G.; Pires, L. M; Matos, M. A.; Teles, S. A.; Souza, A. M. B.; Souza, M. M. (2015). Análise da temática sexualidade no contexto escolar com professores da educação básica. Rev Rene, 16(5), 690-8.
  • Esteves, I.; Bica, I.; Cunha, M.; Aparício, G.; Ferreira, M.; Martins, M. H. (2018). A importância da resiliência e de um suporte social efetivo na vivência da gravidez e maternidade precoces. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (spe6)-16. https://dx.doi.org/10.19131/rpesm.0207
    » https://doi.org/10.19131/rpesm.0207
  • Ferreira, E. A.; Alves, V. H.; Pereira, A. V.; Rodrigues, D. P.; Paiva, E. D.; Santos, I. M. M. (2018). Adolescentes no espaço escolar e o conhecimento a respeito da saúde sexual e reprodutiva. Cogitare Enfermagem, (23)2, e55851. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i2.55851
    » https://doi.org/10.5380/ce.v23i2.55851
  • Fiedler, M. W.; Araújo, A.; Souza, M. C. C. (2015). A prevenção da gravidez na adolescência na visão de adolescentes. Texto & Contexto Enfermagem, 24(1), 30-37. https://doi.org/10.1590/0104-07072015000130014
    » https://doi.org/10.1590/0104-07072015000130014
  • Haguette, A.; Pessoa, M. K. M.; Vidal, E. M. (2016). Dez escolas, dois padrões de qualidade. Uma pesquisa em dez escolas públicas de Ensino Médio do Estado do Ceará. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 24(92), 609-636. https://doi.org/10.1590/S0104-40362016000300005
    » https://doi.org/10.1590/S0104-40362016000300005
  • Leão, G.; Dayrell, J. T.; Reis, J. B. (2011). Jovens olhares sobre a escola do ensino médio. Cadernos CEDES, 31(84), 253-273. https://doi.org/10.1590/S0101-32622011000200006
    » https://doi.org/10.1590/S0101-32622011000200006
  • Lei n.º 6.202 (1975). Atribui a Estudante em Estado de Gestação o Regime de Exercícios Domicilares Instituídos pelo Decreto-Lei 1.044, de 21/10/1969 (Que Dispõe sobre Tratamento Excepcional para os Alunos Portadores das Afecções que Indica), e Dá outras Providências Diário Oficial da União (17-04-1975). Recuperado de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6202.htm
    » https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6202.htm
  • Miura, P. O.; Tardivo, L. S. de L. P. C.; Barrientos, D. M. S.; Egry, E. Y.; Macedo, C. M. (2020). Adolescence, pregnancy and domestic violence: social, conditions and life projects. Revista Brasileira de Enfermagem, 73, e20190111. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0111
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0111
  • Monteiro, C. C.; Castro, L. O.; Herneck, H. R. (2018). O silenciamento da educação infantil: proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Pedagogia em Ação, 10(1), 194-212.
  • Moura, F. N. S.; Leite, R. C. M. (2019). O conservadorismo e a formação cidadã: a abordagem da Sexualidade no Ensino Fundamental diante do discurso em documentos oficiais. Revista de Educação, Ciência e Cultura, 24(3), 19-28. http://dx.doi.org/10.18316/recc.v24i3.5468
    » https://doi.org/10.18316/recc.v24i3.5468
  • Nunes, A. I. B. L.; Silva, M. L. F. (2015). O viver criativo e a adolescência: Uma experiência no espaço escolar. Revista Eletrônica de Educação, 9(3), 180-197. http://dx.doi.org/10.14244/198271991268.
    » https://doi.org/10.14244/198271991268
  • Pires, R.; Pereira, J.; Pedrosa, A. A.; Vilar, D.; Vicente, L.; Canavarro, M. C. (2015). Contributo de fatores individuais, sociais e ambientais para decisão de prosseguir uma gravidez não planeada na adolescência: estudo caracterizador da realidade portuguesa. Análise Psicológica, 33(1), 19-38. https://dx.doi.org/10.14417/ap.827
    » https://doi.org/10.14417/ap.827
  • Pizzinato, A.; Petracco, M. M.; Hamann, C.; Cé, J. P.; Rosa, E. N. (2017). Juventude feminina do meio rural: sentidos sobre educação e perspectivas sobre futuro. Psicologia Escolar e Educacional, 21(1), 41-51. https://dx.doi.org/10.1590/2175-3539201702111066
    » https://doi.org/10.1590/2175-3539201702111066
  • Portella, A. L., Bussmann, T. B., & Oliveira, A. M. H. de. (2017). A relação de fatores individuais, familiares e escolares com a distorção idade-série no ensino público brasileiro.Nova Economia,27(3), 477-509. https://dx.doi.org/10.1590/0103-6351/3138.
    » https://doi.org/10.1590/0103-6351/3138
  • Prodanov, C. C.; Freitas, E. C. (2013). Pesquisa Científica. In: C. C. Prodanov, C. C. (Org). Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico (pp.41-118). (2a ed.). Novo Hamburgo: Feevale.
  • Quaresma da Silva, D. R. (2016). Exclusão de adolescentes grávidas em escolas do sul do Brasil: uma análise sobre a educação sexual e suas implicações. Revista de estudios sociales (57). 78-88. http://dx.doi.org/10.7440/res57.2016.06.
    » https://doi.org/10.7440/res57.2016.06
  • Santos, N. L. B.; Guimarães, D. A.; Gama, C. A. P. (2016). A percepção de mães adolescentes sobre seu processo de gravidez. Revista Psicologia e Saúde, 8(2), 83-96. https://dx.doi.org/10.20435/2177-093X-2016-v8-n2(07).
    » https://doi.org/10.20435/2177-093X-2016-v8-n2(07)
  • Scziminski, T. de F. J.; Bazzanella, S. L. (2015). O desconhecimento da lei como obstáculo à construção da cidadania. Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação - UNESC, 4(1), 1-15.
  • Secretária de Vigilância em Saúde (2021). DATASUS. Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - Sinasc. Nascimento por mãe residente segundo região e idade Recuperado de: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
    » http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
  • Silva, J. R. A.; Choucino, C. C.; Machado, S. C. D. (2019). A falta de conhecimento da população em relação aos seus direitos e a inclusão do direito constitucional nas escolas. Revista jurídica da UniFil, (16), 148-157.
  • Souza Junior, P. R. (2018). A questão de gênero, sexualidade e orientação sexual na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o movimento LGBTTQIS. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, 4(1), 1-21.
  • Torre, M. B. R. (2015). O espaço escolar como uma problemática socioambiental. REMEA, 32(1), 79-100.
  • UNESCO. (2017). Early and unintended pregnancy & the education sector: evidence review and recommendations. Paris: UNESCO.
  • UNFPA. (2015). Girlhood, not motherhood: preventing adolescent pregnancy New York: UNFPA.
  • Vieira, E. M.; Bousquat, A.; Barros, C. R. S.; Alves, M. C. G. P. (2017). Gravidez na adolescência e transição à vida adulta em jovens usuárias do SUS. Revista de Saúde Pública, 51(25), 1-11. https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006528
    » https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006528
  • Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo Rio de Janeiro: LTC - Livros técnicos e científicos editora S.A. (Obra original publicada em 1964).
  • Winnicott, D. W. (2005). A família e o desenvolvimento individual (4ª ed.). São Paulo: Martins Fontes. (Obra original publicada em 1965).
  • Winnicott, D. W.; Britton, Clare. (1999). Tratamento em regime residencial para crianças difíceis. In D. W. Winnicott, Privação e delinquência (pp. 59-86). São Paulo: Martins Fontes. (Obra original publicada em 1947).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    26 Maio 2020
  • Aceito
    05 Abr 2021
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), Rua Mirassol, 46 - Vila Mariana , CEP 04044-010 São Paulo - SP - Brasil , Fone/Fax (11) 96900-6678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@abrapee.psc.br