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Doch, ich bin Deutsche: um exemplo de representatividade Preta 1 1 Escolhemos trabalhar ao longo do artigo com o termo representatividade Preta por entendermos a palavra representatividade como um conceito mais dinâmico que está associada à “visibilidade de um determinado grupo dentro da sociedade”, neste contexto entendemos que a “representatividade pode ser compreendida dentro de um viés de empoderamento, ou seja, ocupando e fazendo-se presente, tendo visibilidade em posições de alto valor social.” (Fontes et al. 2020: 66). Além disso, a escolha da palavra Preto/Preta (com letra maiúscula) é política e tem como objetivo enaltecer e ressignificar esse termo. Levamos em conta o que ativista e músico ganês Clifford, que mora desde 1983 no Brasil, observou sobre o uso das palavras Negro (a) e Preto (a) no vocabulário brasileiro. Segundo o cantor, “[...] o Brasil usa palavras como lista negra, dia negro, magia negra [...] tudo que é negro é relacionado a coisa negativa. [...] Pega o dicionário de língua portuguesa, está escrito: negro quer dizer infeliz, maldito. Brasileiro quando valoriza alguma coisa não fala negro, ele fala preto” (Clifford 2018: 0’35’’ - 1’17’’). no material didático de alemão

Doch, ich bin Deutsche: an example of Black representativity in German didactic materials

Resumo

O presente artigo tem como objetivo dialogar com os conceitos de colonialidade e decolonialidade no ensino-aprendizado de alemão como língua adicional. Partindo dessa perspectiva, entendemos a importância de nossas referências e a necessidade de materiais e livros didáticos que contemplem a representatividade e dialoguem com as vivências das/os aprendizes (MATOS 2020MATOS, Doris C. V. da S. Decolonialidade e currículo: repensando práticas em espanhol. In: MENDONÇA E SILVA, C. A. América latina e língua espanhola: discussões decoloniais. Campinas: Pontes Editores, 2020, 93-115. , SILVA 2019SILVA, Christina W., Förderung des kritischen Denkens und des Fremdverstehens im DaF-Unterricht am Beispiel von Texten aus deutschen Straßenzeitung. Info DaF, v. 46, 601-602, 2019. , FREIRE 2011FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011. ). Assim, percebemos a importância de um diálogo a respeito de como essa representatividade pode ser concretizada e quais os seus desdobramentos tanto na perspectiva da/do aprendiz quanto da/do professora/professor. Tendo isso em consideração, propomos uma unidade didática que busca proporcionar aos educadores e aprendizes uma pedagogia que contemple a diversidade, um letramento racial crítico5 5 Assim como Aparecida de Jesus, utilizamos o termo Teoria Racial Crítica, pois “traz nas suas concepções e premissas o racismo como endêmico e estrutural na sociedade e pensa que raça deve estar no centro das discussões para refletir sobre as desigualdades e propor ações antirracistas.” (FERREIRA 2022: 2017). , assim como um material que trabalhe o tema racismo e representatividade nas aulas de alemão. Por fim, discutiremos sobre a sua aplicação e resultados alcançados por seus idealizadores em uma turma de graduação de Letras- português/alemão no contexto universitário público do Rio de Janeiro.

Palavras-chave:
Representatividade Preta; Material didático; Racismo; pensamento decolonial

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