O artigo tem por objetivo refletir acerca das abordagens antropológicas do sofrimento nos cultos afro-brasileiros, considerando desde aquelas centradas na dimensão simbólica até as mais afins à fenomenologia e à antropologia simétrica. Para tanto, faz-se inicialmente uma breve exposição acerca dos paradigmas estrutural e simbólico na antropologia, privilegiando a obra de Claude Lévi-Strauss e Clifford Geertz. A seguir, apresenta-se uma discussão concernente à apropriação da teoria fenomenológica pelas ciências sociais e às leituras mais voltadas para a problemática das práticas, enfatizando em nossa leitura autores como Alfred Schütz e Annemarie Mol. Por fim, propõe-se uma nova abordagem teórico-metodológica que denominamos cartoetnografia - baseada no conceito de modos de existência desenvolvido por Bruno Latour - como uma espécie de híbrido que nos permitiria, sem negligenciar a dimensão simbólica, explorar o problema da aflição nos cultos afro-brasileiros a partir da fruição das afecções, dando visibilidade à construção dessa experiência por meio das práticas que lhe dão forma.
antropologia da saúde; religiões afro-brasileiras; sofrimento; cartografia; etnografia