Resumo
Realizou-se pesquisa qualitativa com o objetivo de compreender as repercussões psicossociais da pandemia do SARS-CoV-2 na população atingida pelo rompimento da Barragem de Fundão, em 2015, pertencente à mineradora Samarco e suas mantenedoras - VALE e BHP Billiton - em Mariana (MG). Foram utilizadas as técnicas de observação participante e grupos focais. As narrativas de profissionais de saúde e pessoas atingidas foram analisadas através da Análise de Conteúdo, a partir dos fatores socioculturais, simbólicos e políticos encontrados nesse contexto de sobreposição de desastre da mineração e pandemia. Os resultados mostram que a vivência dos atingidos durante a pandemia apresenta singularidades, tais como a intensificação da ruptura de laços sociais e comunitários, que já era identificada desde o rompimento. O luto durante a pandemia também é potencializado pelo luto coletivo já vivenciado desde a tragédia. Há uma intensificação do sofrimento diante da falta de informação e da prorrogação da entrega do reassentamento. É possível identificar a pandemia como mais um ponto de sofrimento para essa população vulnerabilizada.
Palavras-chave:
Pandemias; SARS-CoV-2; Desastres; Saúde Mental; Impacto Psicossocial