A ciência é uma forma de conhecimento que foi instituída como a forma de conhecer a verdade única e universalmente válida, assente nas questões epistemológicas e nos critérios de rigor metodológico. O saber leigo, popular, que preenche a vida e orienta a ação quotidiana, busca o significado através do simbólico cultural, no que é o oposto do conhecimento científico. A questão das possibilidades de conhecimento sobre a realidade social situou o debate nos modos de produção de conhecimento e na consequente contingência dessas mesmas produções, o que sustenta a afirmação de que todas as formas de conhecimentos são válidas nos seus contextos de produção. Em matéria de saúde e doença, a produção sociológica tem desvendado os conteúdos do saber leigo e a sua incontestável presença na experiência individual, desde a percepção dos fenômenos no corpo até a relação com a instituição médica. Este texto parte de uma reflexão sociológica sobre a questão do conhecimento. Em seguida, revê o essencial da literatura sociológica sobre o saber leigo de saúde e doença. Finaliza com uma proposta de compreensão dos processos do saber leigo como racionalidades que, na forma de configurações de elementos interdependentes, sustentam as práticas de saúde na vida quotidiana.
sociologia; saúde; doença; saudável; saber leigo; racionalidades