A utilização de terapia medicamentosa em crianças infectadas pelo HIV (HIV+) vem promovendo a diminuição na prevalência de manifestações bucais em tecidos moles ao longo dos anos. Entretanto, observa-se uma constância na experiência de cárie e gengivite desta população, sobretudo devido à influência crônica de alguns fatores envolvidos no processo da infecção pelo HIV, como uso prolongado de medicamentos líquidos açucarados, dieta rica em carboidratos e repetidos episódios de internação. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar se a qualidade e quantidade de biofilme representam um fator importante na atividade da doença cárie e gengivite neste grupo em especial. Após exame do biofilme (índice de biofilme; Ribeiro23, 2000), da atividade de cárie e gengivite de 56 crianças, de 0 a 14 anos, pacientes com diagnóstico definitivo de infecção pelo HIV, observou-se que somente 7 (12,5%) não apresentavam biofilme visível clinicamente e 33 (58,9%) apresentavam gengivite, com, em média, 4,44 superfícies com sangramento. Quanto à doença cárie, 73,2% das crianças apresentavam lesões cariosas ativas. Verificou-se ainda a correlação entre o índice de biofilme, o estado gengival e a atividade das lesões cariosas (teste de correlação de Spearman, r s = +0,57 e r s = +0,49, respectivamente). Conclui-se, que nas crianças HIV+ avaliadas, a qualidade e quantidade de biofilme sobre a superfície dental representam um importante fator na etiologia da atividade das doenças cárie e gengivite, podendo e devendo este ser trabalhado para que seja possível restabelecer a saúde bucal destas crianças.
Síndrome de imunodeficiência adquirida; Criança; Placa dentária; Cárie dentária; Gengivite