Resumo
Este artigo apresenta uma análise de redes de colaboração autoral entre pesquisadores do Ensino de Sociologia, com o objetivo de examinar os aspectos constituintes do subcampo de pesquisa. Utilizando o método de produção e análise de redes de coautorias em papers acadêmicos publicados nos últimos 10 anos, identificamos formações de microrredes e seus principais agentes sociais de ligação. Os resultados revelam a presença de microrredes interligadas que formam uma rede mais ampla de pesquisadores, sendo alguns deles dinamizadores e agregadores dessa esfera social. Além disso, constatamos a relevância das universidades e de outras instâncias de colaboração, especialmente espaços políticos de luta pela manutenção e pela qualificação do ensino de Sociologia. Essa imbricação entre o subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia e uma esfera maior, denominada pelos pesquisadores como “campo do Ensino de Sociologia”, é evidenciada e analisada.
Palavras-chave ensino de sociologia; sociologia escolar; subcampo; rede de coautoria; pesquisa
Abstract
This article presents an analysis of co-authorship networks among Sociology Teaching researcher, with the purpose of examining the constituent aspects of the research subfield. By using the method of production and analysis of co-authorship networks in academic papers published in the last 10 years, we identified micronetwork formations and their main social agents of connection. The results reveal the presence of interconnected micronetworks that form a broader network of researchers, some of them dynamizers and aggregators of this social sphere. In addition, we note the relevance of universities and other instances of collaboration, especially political spaces of struggle for the maintenance and qualification of the Sociology teaching. This imbrication between the Sociology Teaching research subfield and a larger sphere, called by researchers as the “Sociology Teaching field,” is evidenced and analyzed.
Keywords Sociology teaching; school sociology; subfield; co-authorship network; research
Introdução
Esta análise de redes de colaboração autoral entre pesquisadores do Ensino de Sociologia se justifica por contribuir no exame das estruturas e dinâmicas do subcampo de pesquisa do Ensino1 de Sociologia, permitindo a observação de interações acadêmicas entre especialistas, a centralidade e o lugar ocupado por eles, e identificar microrredes de colaborações. A visualização das conexões e a identificação dos pesquisadores com interesses e áreas de pesquisa semelhantes nos permitem examinar se há formação de subcampos sociais. Colaborações indicam uma comunidade coesa, crucial para a abrangência e a disseminação de pesquisas pelo país.
No caso do Ensino de Sociologia, nos últimos anos, o volume de pesquisas publicadas vem crescendo significativamente, por meio de artigos (Handfas & Carvalho, 2019), dossiês em periódicos (Brunetta & Cigales, 2018) ou teses e dissertações (Antunes, Garcia & Alves, 2018; Bodart & Cigales, 2017), o que ocorre na interface entre a Educação e a Sociologia. Somam-se a esses locus de divulgação científica os eventos nacionais promovidos pelo Comitê de Pesquisa da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e pela Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (Abecs), além de eventos estaduais. Os espaços e os formatos das produções são plurais e apresentam exigências diferenciadas de qualificação. Em geral, os periódicos científicos possuem maior rigor na seleção e na publicação, passando por avaliação dupla, geralmente às cegas. No Brasil, os periódicos são classificados em estratos pelo Qualis-Capes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com a finalidade de avaliar os programas de pós-graduação stricto sensu. A presença do tema do Ensino de Sociologia foi examinada em periódicos classificados nos estratos superiores das áreas de Educação, Ensino, Sociologia, Antropologia e Ciência Política2, identificando ter havido, a partir de 2007, uma ampliação significativa.
Nesta pesquisa, não nos limitaremos aos periódicos de estrato superior, uma vez que nem todos os pesquisadores do Ensino de Sociologia estão vinculados à pós-graduação e, portanto, podem não estar priorizando a publicação nesses espaços. Também, não avaliamos o volume da produção e suas dinâmicas temporais. Nosso objetivo geral é identificar as microrredes de pesquisadores formadas a partir da coautoria de papers publicados em revistas científicas e os principais agentes sociais que atuam como elos de ligação entre microrredes. Nesse sentido, este artigo explora parte das dinâmicas do subcampo do Ensino de Sociologia, que envolve a noção de capital social, especificamente de publicação, em coautoria, de papers em revistas acadêmicas com registro Internacional Standard Serial Number (ISSN).
Os métodos adotados foram a produção e a análise de redes de coautoria, orientadas pela literatura especializada no Ensino de Sociologia, especialmente nas discussões em torno do “subcampo do Ensino de Sociologia”, embasada na Teoria do Campo de Bourdieu (2001a, 2001b, 2004, 2011, 2015, 2019, 2023), que norteou nossas escolhas quanto à coleta, à sistematização e à análise dos dados.
Este artigo está organizado em três partes, além desta introdução e das considerações finais. Na primeira parte, apresentamos os procedimentos teórico-metodológicos que nortearam a coleta, a sistematização e as análises. Na segunda parte, são apresentados e discutidos os dados sistematizados referentes às composições das microrredes de pesquisadores do Ensino de Sociologia. Por fim, na terceira e última parte, a análise se concentrará nos pesquisadores que atuam como elos de ligação entre microrredes.
1 Procedimentos teórico-metodológicos
Visando observar as coautorias entre pesquisadores do Ensino de Sociologia, adotamos a técnica de análise relacional, com foco especial nos principais pesquisadores do tema em questão. Para tanto, baseamo-nos nas contribuições da Teoria dos Campos, de Pierre Bourdieu. Devido às restrições de espaço, optamos por apresentar de forma concisa três “princípios” teóricos que guiam nossas análises, proporcionando clareza e objetividade para os leitores.
O primeiro “princípio” consiste em observar uma parte específica da comunidade acadêmica como um subcampo acadêmico. Nesse contexto, nossa análise recai sobre o grupo de pesquisadores engajados em uma temática específica de pesquisa (Ensino de Sociologia), reconhecendo-os como integrantes de uma esfera social com características peculiares. Denominamos essa esfera social de “subcampo do Ensino de Sociologia”, alinhando-nos ao conceito de Bourdieu (2023), que foi adotado em pesquisas anteriores que buscam entender esse espaço, como fizeram Ferreira e Oliveira (2015) e Handfas (2019).
Esse subcampo se configura como um espaço social hierarquizado, marcado por relações de poder assimétricas entre os seus membros e pela propensão a estimular os interesses dos agentes sociais em ocupar posições distintas. É essa dinâmica que o fortalece e lhe confere vitalidade (Bourdieu, 2001a), sendo necessário pensar os seus diferentes elementos constituintes dentro de sua posição no campo (Bourdieu, 2023).
O segundo “princípio” diz respeito à compreensão das dinâmicas desse subcampo. Partimos do pressuposto de que a “[...] estrutura de um campo (ou subcampo) representa um estado de relações de poder entre os agentes ou as instituições envolvidas em suas disputas” (Bourdieu, 2019, p. 110), resultando em posições sociais diferenciadas no interior do campo e formando redes que surgem das atividades científicas desses indivíduos concretos (Bourdieu, 2011). Por se tratar de um subcampo de pesquisa, analisamos as redes de agentes sociais produzidas a partir de seus papers publicados em periódicos acadêmicos com ISSN.
As ações dos indivíduos são direcionadas pelas regras da esfera social em que atuam, buscando adquirir capitais simbólicos que gerem distinção social. No meio acadêmico, os agentes almejam ocupar espaços sociais relevantes, convertendo essas conquistas em “capital científico”; termo cunhado por Bourdieu (2004). Esse capital pode ser puro, proveniente da produção científica (artigos, patentes, inovações etc.), ou institucional, decorrente de estratégias políticas (redes de cooperação, laboratórios, periódicos, financiamentos, editoras, cargos de direção etc.). Ambos requerem abordagens estratégicas diversas para a sua obtenção (Bourdieu, 2004).
O terceiro “princípio” está relacionado a uma estratégia adotada por agentes sociais no interior do campo científico, que visa criar um tipo de capital que lhes favoreça na busca por distinção social: o capital social. No caso de nossas análises, examinamos, de forma interligada, aspectos relacionados ao capital científico puro e institucional, provenientes das redes sociais de colaborações na produção de papers que, por sua vez, envolvem o capital social. Este é conceituado por Bourdieu (2015, p. 57), como sendo...
[...] um conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações, mais ou menos institucionalizadas, de interconhecimentos e de interrreconhecimento, ou em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis.
O interesse dos agentes sociais em preservar a estrutura social do campo está ligado à quantidade de capitais simbólicos que detêm (Bourdieu, 2004). Quando possuidores de capitais que lhe conferem prestígio, adotam estratégias de conservação – “aquelas que, nos campos de reprodução de bens culturais tendem à defesa da ortodoxia” (Bourdieu, p. 111). Se marginalizados, mas buscando distinção, adotam estratégias de subversão. Os campos sociais, portanto, representam arenas de conflito em que ocorrem disputas para manter ou transformar suas regras e as posições distintas e socialmente reconhecidas (Bourdieu, 2004). No contexto acadêmico, esses capitais se materializam na forma de pesquisas, redes de colaborações, coordenação de Grupos de Trabalho (GTs), vínculos com programas de pós-graduação stricto sensu, publicação de artigos científicos, participações em associações com instituições importantes, bem como o número de citações recebidas por seus papers, entre outros.
Nossa análise está centrada naquilo que convencionamos denominar de “campo do Ensino de Sociologia”, sendo esse uma comunidade empenhada em sua prática na produção, no consumo e na promoção de uma Sociologia aplicável à escola, envolvendo diferentes agentes sociais, mas com interesses convergentes ao Ensino de Sociologia, tais como professores da educação básica, licenciandos e pesquisadores do Ensino de Sociologia (Mocelin, 2020a, p. 57), incluíndo também espaços e agentes envolvidos na formação de professores de Sociologia. Já o “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”, como bem definiu Mocelin (2020b, p. 397-398),
[...] se difere do conceito de ‘campo do Ensino de Sociologia’, estando delimitado por uma preocupação em torno da produção científica sobre o ensino de Ciências Sociais. Esse ‘subcampo científico do ensino de Sociologia” expressa esforços de investigação instituídos no meio acadêmico, em que cientistas sociais estudam diversas dimensões da trajetória da Sociologia no ensino médio’.
É importante ressaltar que o “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia” constitui uma parcela intrínseca do “campo do Ensino de Sociologia”. Esse campo é profundamente influenciado pelas estruturas e práticas do subcampo, ao mesmo tempo que também exerce influência sobre ele. Essa interdependência se torna evidente quando observamos os dados trazidos por Bodart e Cigales (2016), que demonstram como a inclusão ou a exclusão da disciplina de Sociologia do currículo do ensino médio tem um impacto significativo na quantidade e na natureza das investigações realizadas sobre o Ensino de Sociologia nas pós-graduações brasileiras.
Em contraponto à interpretação de Oliveira (2023), que sustenta a inexistência de um subcampo de pesquisa dentro do campo do Ensino de Sociologia, mas agentes que ocupariam posições dominantes nesse campo, argumentamos que o subcampo constitui uma esfera social distinta, caracterizada por uma variedade de atributos que não se estendem a toda a extensão do campo do Ensino de Sociologia. Os pesquisadores, por exemplo, não competem pelo mesmo tipo de prestígio social, recursos ou capital que os profissionais da educação básica3. O subcampo do Ensino de Sociologia constitui, assim, um espaço social com dinâmicas próprias, cujas formas de capital simbólico são predominantemente acadêmicas e cujas normas e estruturas diferem substancialmente daquelas que regem as posições sociais na esfera da educação básica.
Adotamos ambos os conceitos para designar as esferas sociais em que os pesquisadores em questão se inserem, o que julgamos ser analiticamente produtivo, especialmente por tratarmos de redes de colaborações e interesses de uma parte da comunidade acadêmica, que se organiza a partir de um conjunto de elementos diretamente relacionados ao Ensino de Sociologia como objeto de estudo. Chamamos a atenção para o fato de que, embora o foco esteja no “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”, buscaremos, quando necessário, observar a inserção dos pesquisadores no campo do Ensino de Sociologia, já que as suas colaborações podem ter origens em outros espaços.
O engajamento dos pesquisadores no “campo do Ensino de Sociologia” ou no “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia” é motivado por um habitus particular. Por habitus, Bourdieu (2019, p. 115) entende como sendo:
[...] um sistema de disposições adquiridas pela aprendizagem implícita ou explícita, que funcionam como um sistema de esquemas geradores e gerador de estratégias, que podem ser objetivamente conforme os interesses e objetivos de seus autores sem terem isso expressamente concebido para esse fim.
No caso dos pesquisadores, observamos a existência de habitus acadêmicos, uma espécie de disposições a “jogar” as regras do campo científico, tal como publicar papers, participar de eventos científicos, bancas de concursos etc. Esse sistema de disposição estimula o engajamento em microrredes de pesquisadores, o que, por sua vez, depende da reprodução do capital social para a sua manutenção.
Em termos procedimentais de coleta e sistematização do corpus da pesquisa, foi realizado o levantamento de papers publicados entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de julho de 2023 em revistas acadêmicas com ISSN, considerando artigos, relatos de experiência docente, entrevistas e apresentações de dossiês. No que concerne às entrevistas, entendemos o entrevistador e o entrevistado como autores, já que conceder entrevistas é um indicativo de reconhecimento social. Também incluímos as apresentações de dossiês por serem, igualmente, indicativos de capital social. Consideramos os relatos de experiências docentes, por serem comumente encontrados no subcampo do Ensino de Sociologia. Para esses trabalhos, adotaremos o termo “papers”.
A coleta de papers ocorreu por meio do sistema de busca do Google Scholar. Para isso, foi utilizado um conjunto de descritores (ver Quadro 1), observados nos títulos dos trabalhos. O volume de descritores visou garantir que os papers sobre Ensino de Sociologia indexados fossem encontrados e compusessem o corpus desta pesquisa. Por papers sobre Ensino de Sociologia nos referimos aos trabalhos sobre o ensino das Ciências Sociais, bem como sobre a formação de professores de Ciências Sociais/Sociologia, currículo, recursos didáticos, identidade profissional, práticas e condições de trabalho docente. Apesar de focarmos no “Ensino de Sociologia”, também consideramos outras dimensões relacionadas ao ensino das Ciências Sociais na educação básica e no ensino superior, principalmente quando diretamente ligadas à disciplina Sociologia.
Conjunto de descritores utilizados na busca no Google Scholar de papers indexados entre jan. 2013 - jul. 2023* * Coleta realizada entre 9 e 14 de julho de 2023; .
Para a organização dos dados encontrados, criamos uma conta com duas pastas no Google Scholar. Nomeamos uma de “dados coletados” e a outra de “dados excluídos”. O Quadro 1 demonstra os 5.121 registros encontrados. Nem todos compuseram o corpus desta pesquisa. Foram excluídos os registros repetidos, papers não publicados em periódicos com ISSN e/ou fora do escopo da pesquisa. Registros no escopo foram salvos em “dados coletados”; resultados fora do escopo, em “dados excluídos”. Ao salvar os itens em uma das pastas, uma marcação (estrela em negrito) era adicionada nos itens/resultados, permitindo uma verificação eficiente, o que se deu por meio da leitura dos títulos e resumos. O levantamento ocorreu entre 30 e 31 de julho de 2023. Com esse procedimento, encontramos 979 papers. Importamos os dados em arquivo de extensão .ris (Information Systems Research)4 e o abrimos no programa Zotero5 para realizar a padronização dos nomes dos autores6, dos títulos dos papers e das revistas, visando garantir que não fossem computados em duplicidade. Após esses filtros, o corpus da pesquisa se consolidou com 818 papers sobre o Ensino de Sociologia. Os dados foram novamente exportados para a extensão .ris e, em seguida, importados para o programa VOSviewer7, no qual produzimos as redes de coautoria.
No VOSviewer, produzimos uma rede inicial com todos os pesquisadores para mostrar a composição completa. No entanto, essa visualização dificulta uma análise mais sistemática. Por isso, posteriormente, consideramos apenas os pesquisadores com três ou mais papers publicados entre 1º de janeiro de 2013 e 15 de julho de 2023. Realizamos dois procedimentos, sendo um primeiro com todos os autores com três ou mais papers. No segundo, consideramos apenas os pesquisadores com três ou mais colaborações, o que nos permitiu melhor observar os elos, ou seja, os pesquisadores que fazem ligações entre microrredes.
Os dados foram visualmente apresentados em grafos, que são estruturas modelares matemáticas que consistem em um conjunto de elementos chamados de “vértices” (ou “nós”) e um conjunto de “arestas” (ou “arcos”). No Quadro 2, apresentamos os elementos visuais correspondentes para facilitar a leitura dos grafos produzidos.
Elementos constituintes dos grafos, aspectos gráficos e representações dos elementos empíricos
A formação de clusters (microrredes) nos grafos ocorre a partir de duas variáveis: a) autores que publicaram em coautoria; e b) compatibilidade dos temas mais presentes nos papers dos pesquisadores em questão, o que ocorre a partir das palavras-chaves que destacaram após o resumo/abstract. Assim, se um pesquisador estiver em parceria com dois outros clusters diferentes, o programa VOSviewer considera as palavras-chave dos papers e os agrupa no cluster cujos temas dos trabalhos sejam mais próximos, representando-os por meio de cores. Para a visualização dos grafos, usamos os seguintes parâmetros de configurações no VOSviewer:
Para observarmos práticas de coautoria reiteradas três ou mais vezes, alteramos a visualização de lines, modificando o sinze variation de 1 para 3, o que nos ajudará a observar se a parceria inicial gerou capital social suficiente para que a coautoria ocorresse outras vezes.
Para os casos de pesquisadores mais centrais nos grafos, buscamos em seus currículos na Plataforma Lattes8 informações para identificar elementos que nos permitissem formular algumas hipóteses explicativas de suas relações de coautoria. Especificamente, buscamos compreender as estruturas e o lugar ocupado nesse subcampo, ou seja, as condições que favoreceram as colaborações de coautoria e a reprodução de capital social. Na seção seguinte, apresentamos e discutimos os resultados referentes às microrredes identificadas e aos pesquisadores com maior centralidade em relação ao volume de coautoria, com pesquisadores que também publicaram três ou mais papers sobre o tema nos últimos 10 anos.
2 Microrredes e rede de pesquisadores do Ensino de Sociologia
Nesta seção, apresentamos as microrredes identificadas e a reflexão sobre suas constituições, visando explorar aspectos auxiliares na compreensão das configurações do subcampo do Ensino de Sociologia. Vale destacar que estamos diante de uma estrutura social em desenvolvimento recente, que se inicia após o processo gradativo de reintrodução da Sociologia no ensino médio brasileiro e, mais intensamente, após a Lei nº 11.684/08 (Brasil, 2008), que a tornou obrigatória nessa etapa de ensino. A existência do objeto empírico (Ensino de Sociologia) engendrou um conjunto de dinâmicas, dentre elas a ampliação de pesquisas sobre o tema (Handfas, 2020), a expansão da licenciatura em Ciências Sociais (Bodart & Tavares, 2018, 2019; Oliveira, 2017), a criação de eventos acadêmicos (Oliveira, 2022) e de revistas especializadas, bem como a presença em programas de pós-graduação (Antunes et al., 2018; Bodart & Cigales, 2017) e a criação do Mestrado em Profissional em Ciências Sociais para o Ensino Médio (MPCS/Fundaj)9 e do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede (ProfSocio) (Pimenta, 2020). É nesse contexto de dinamizações de atividades acadêmicas que examinamos as parcerias entre pesquisadores e a eventual existência de capital social. O Grafo 1 apresenta o conjunto de pesquisadores que publicaram ao menos um paper sobre o Ensino de Sociologia em periódicos com ISSN.
Microrredes de pesquisadores com um ou mais artigos sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN (jan. 2013 - jul. 2023**).
O Grafo 1 nos permite observar a existência de diversos clusters formados pela colaboração entre pesquisadores, como coautores em papers sobre o Ensino de Sociologia. Esses agentes são integrantes do que temos denominado de “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”, embora nesse subcampo haja também agentes que participam com outros tipos de produção científica, tais como dissertações, teses e artigos em anais de eventos. Esses dados reiteram a assertiva de Handfas (2020) de que estamos diante de um período de expansão das pesquisas acadêmicas sobre o Ensino de Sociologia, inclusive, de esforços de análise da própria configuração da área.
Como se observa no Grafo 1, as intensidades de ligações entre os pesquisadores são variáveis, muitos deles não tendo papers em coautoria. Como buscamos observar relações relativamente duradouras (ou repetidas) e pesquisadores mais centrais, consideramos o volume de artigos publicados e relações de coautoria. Ambos os aspectos podem nos permitir observar as disparidades de capitais sociais acumulados pelos pesquisadores. A escala dos vértices varia de acordo com o número de arestas, de modo que são maiores na medida em que o número de colaborações em coautoria é mais volumoso, o que nos permite observar quais são os pesquisadores com maior centralidade do grafo projetado.
Microrredes de pesquisadores com um ou mais artigos sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN (jan. 2013 - jul. 2023**).
No Grafo 2, ao excluir os pesquisadores que não publicaram em coautoria, temos uma melhor visualização. Analisar as microrredes é importante para nossos propósitos por elas serem resultantes do capital social que, muitas vezes, confere aos seus participantes melhores condições para manter sua produtividade, tornando mais provável o recebimento de convites para estabelecer novas parcerias, viabilizando novas produções científicas.
Os 10 pesquisadores que mais se relacionaram com outros pesquisadores por meio de coautoria de papers publicados em periódicos com ISSN (jan. 2013 - jul. 2023).
O Gráfico 1 demonstra o número de pesquisadores com que os autores estiveram em relação, sem considerar reiterações de parceria. A partir desses dados, podemos inferir que Cristiano das Neves Bodart, Amurabi Oliveira e Marcelo Pinheiro Cigales são os pesquisadores mais centrais em uma rede mais ampla que constitui o “subcampo do Ensino de Sociologia” e que envolve pesquisadores das regiões Nordeste (Bodart), Sul (Oliveira) e do Centro-Oeste brasileiro (Cigales), aspecto que reforça a interpretação de que esse subcampo tem característica nacional. Outro aspecto a ser observado está no fato de que a maioria dos principais pesquisadores não está vinculada a universidades de renome nacional, o que sugere que esses pesquisadores têm conseguido, em certa medida, transcender a lógica de poder do campo acadêmico brasileiro, o qual tende a privilegiar autores com origens institucionais em instituições mais prestigiosas, onde circulam maiores quantidades de capital econômico, conferindo ao subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia dinâmicas distintas se se dão, em alguma medida, à margem desses centros acadêmicos de maior prestígio social. Julgamos necessário explorar, em pesquisas futuras, se esse fenômeno implica em uma menor taxa de conversão dos capitais simbólicos desse subcampo em outros tipos de capitais ou em sua mobilização em outros campos acadêmicos.
Em tese, pesquisadores com redes maiores geralmente têm melhores condições de produção10, especialmente se possuem apoio institucional, como professores ou estudantes de universidades que estimulam a pesquisa. Por outro lado, como destacou Bourdieu (2015, p. 77), o capital social supõe “uma competência específica (conhecimento das relações genealógicas e das ligações reais e a arte de utilizá-las etc.) e de uma disposição adquirida para obter e manter essa competência, um dispêndio constante de tempo e esforços, e também, muito frequentemente, de capital econômico [...]”, tal como ser contemplado por editais de pesquisa, ter auxiliares bolsistas e ter a pesquisa como atividade remunerada. Observamos que a integração em microrredes é um recurso escasso, o que pode resultar em vantagens de prestígio entre os pesquisadores. Alguns apresentam maior centralidade nas redes do que outros, requerendo uma análise de outros elementos do subcampo em análise.
Outra questão a ser considerada são as condições estruturais presentes nos programas de pós-graduação stricto sensu para a prática de coautoria, principalmente no que diz respeito aos docentes vinculados a tais programas, os quais são incentivados a publicar em colaboração, especialmente com seus orientandos. Isso implica também na necessidade de se ponderar as assimetrias de condições existentes, uma vez que pesquisadores que não estão afiliados a programas de pós-graduação stricto sensu, em tese, podem enfrentar maiores obstáculos para publicar em coautoria, dado que não estão envolvidos na supervisão de pesquisas em nível de pós-graduação. Contudo, por outro lado, a área de Sociologia no Brasil possui uma longa tradição de valorização do trabalho autoral e monográfico. Nesse sentido, também poderia ser interpretado que aqueles mais alinhados com a lógica de produção própria do campo da Sociologia brasileira tenderiam a optar por publicações individuais. Essa dicotomia demanda investigações futuras mais aprofundadas que explorem as diferentes formas pelas quais os agentes sociais produzem seus artigos, bem como as motivações subjacentes às suas escolhas.
Por meio do Grafo 3, buscando melhor visualizar as relações, consideramos apenas os pesquisadores que, nos últimos 10 anos, publicaram três ou mais papers sobre o Ensino de Sociologia em revistas acadêmicas com ISSN.
Microrredes de pesquisadores com três ou mais artigos sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN e indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023*).
O Grafo 3 evidencia a existência de 24 clusters com volume distinto de vértices. Ao todo, são 65 pesquisadores e 60 ligações de coautorias. Há um volume considerável de pesquisadores que possuem três ou mais papers sobre o Ensino de Sociologia, especialmente se considerarmos o fato de que o subcampo de pesquisa tem uma origem recente, como destacam Ferreira e Oliveira (2015).
Há um conjunto de microrredes que formam uma rede maior, composta por três clusters (representados em vermelho, verde e azul), e a existência de seis outros menores, sendo dois deles compostos por três vértices e quatro por apenas dois. Também observamos que 14 pesquisadores não publicaram em coautoria, por isso, não serão objeto de análise. Para os nossos propósitos, é suficiente destacar haver um grupo considerável de pesquisadores, com três ou mais papers publicados, que não estão inseridos na rede do “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”, ainda que gravitando ao redor dessa esfera social. O caso mais emblemático é Valci Melo, que publicou 12 artigos, mas apenas um deles em coautoria (com Lavoisier Almeida dos Santos, pesquisador que não integra o recorte adotado).
Observando a espessura das arestas, identificamos as diferentes intensidades de colaboração entre os pesquisadores. As relações mais intensas ocorrem entre os seguintes agentes sociais do subcampo em análise: Bodart e Caio dos Santos Tavares, com 10 colaborações; Bodart e Cigales, com sete colaborações; e Cigales e Oliveira, com cinco coautorias.
Ao produzir o grafo, notamos o destaque de alguns pesquisadores em relação ao volume de publicação de papers indexados sobre o Ensino de Sociologia, sendo eles, respectivamente: Oliveira, com 58 papers; Bodart, com 47; Cigales, com 40; Pereira, com 17; Joana Elisa Röwer e Melo, com 13; e Tavares, Azevedo e Ileizi L. Fiorelli Silva, com 11 papers. Observando o Currículo Lattes desses agentes, notamos que possuíam apoio e indução institucional para a realização de suas pesquisas, como docentes ou pós-graduandos, o que evidencia a importância da existência de estruturas subjetivas (habitus) e objetivas para se inserir com distinção no referido subcampo de pesquisa.
Quanto aos dois pesquisadores com maior destaque em se tratando de parcerias (Bodart e Cigales), vamos notar a existência de práticas e estruturas que, em algum grau, explicam suas centralidades. A primeira delas diz respeito ao volume de trabalhos publicados sobre o tema. Uma segunda explicação, que se soma à primeira, diz respeito à presença desses pesquisadores na coordenação de GTs de importantes eventos científicos e em entidade especializada no Ensino de Sociologia, assim como amparo institucional das universidades onde atuam, tornando a pesquisa uma atividade remunerada (e a exigência de produtividade advinda disso). Bodart já foi vice-presidente da Abecs e Cigales é o atual secretário dessa entidade. Os dois compuseram a comissão editorial da Revista Café com Sociologia que, embora não seja especializada no tema, é um dos espaços mais receptivos ao tema “Ensino de Sociologia”11 no Brasil, onde os dois organizaram dossiês, que são espaços privilegiados de produção e reprodução de capital social, como destacaram Brunetta e Cigales (2018).
Podemos, com isso, inferir que o subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia se constitui de agentes sociais que se relacionam por meio de coautorias, viabilizadas a partir de espaços sociais ocupados por eles, embora poucos sejam os que mantêm um considerável volume de cooperações autorais. A constituição de redes colaborativas é fundamental para que a produção científica sobre o Ensino de Sociologia se amplie e alcance um maior público, inclusive extrapolando para o “campo do Ensino de Sociologia”, beneficiando estudantes das licenciaturas e do ensino médio, bem como professores da disciplina.
O Grafo 3 evidencia haver um grupo de clusters ligados, formando uma rede de pesquisadores que nos permite inferir que temos um “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia” em processo de constituição e fortalecimento. A evidência da existência desse subcampo nos permite alargar a compreensão das atuações acadêmicas dos pesquisadores do tema, de modo a passarmos a compreendê-lo como uma esfera social que se organiza a partir de algumas estruturas e regras relativamente autônomas, o que já notamos na existência de outros espaços disputados por esses agentes. Para uma melhor análise, examinamos, de forma individualizada, as microrredes encontradas em nosso recorte analítico.
Cluster 1: Microrrede de pesquisadores com três ou mais papers sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN e indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023).
No Grafo 4, notamos o cluster (em vermelho) com o maior volume de vértices, sendo 15 pesquisadores. Nele, a centralidade está em Bodart, pesquisador que manteve parceria com 12 pesquisadores da rede, tendo publicado 47 papers. Cigales também se evidencia por colaborar com 10 pesquisadores da mesma rede, tendo publicado 40 papers.
A parceria mais intensa de Bodart ocorreu com Tavares (10 coautorias), Cigales (sete coautorias) e Pereira (três coautorias). A colaboração entre Bodart e Tavares foi propiciada pela relação de orientação no mestrado e coparticipação em grupo de pesquisa, ambos os casos com proximidade geográfica e apoio institucional da universidade. Já a relação entre Bodart e Cigales, sem proximidade geográfica, pode estar relacionada à coordenação de eventos e participação em comissão editorial de revistas científicas on-line. A relação entre Bodart e Pereira, também sem aproximação geográfica, explica-se, em parte, pela relação estabelecida por meio da Abecs. No caso dessas relações, as coautorias foram desdobramentos de colaborações com e sem proximidade geográfica, assim como por relações de poder mais simétricas e assimétricas, nesse último caso envolvendo orientação entre docente (Bodart) e discente (Tavares). Contudo, importa destacar que, em geral, muitos dos pesquisadores do Ensino de Sociologia, ao produzirem seus papers, também estão, direta ou indiretamente, militando por essa disciplina, já que seus trabalhos acabam evidenciando potencialidades desse componente curricular e denunciando os ataques que vêm sofrendo e as condições do trabalho docente, bem como apontando possibilidades didático-pedagógicas de qualificação da disciplina. Entretanto, isso não significa dizer que as pesquisas não são orientadas pelo que Weber (2016) denominou de “neutralidade axiológica”. Por outro lado, parece evidente que precisamos considerar que as pesquisas sobre o Ensino de Sociologia devem “explicitar o posicionamento, e o posicionamento deve ser por uma ‘Sociologia como um instrumento de crítica e de intervenção nas políticas da educação’” (Moraes, 2023, p. 83), já que apenas a descrição não parece ser insuficientemente colaborativa para o desenvolvimento do “campo do Ensino de Sociologia”. Frente às ameaças constantes de retirada da Sociologia do ensino médio, importa pensarmos o campo e o subcampo como espaços que se articulam, de modo a “[...] reconhecer como ‘Sociologia escolar’, assumindo que, não apenas trata da escola e suas circunstâncias, mas que a articula ao meio acadêmico, gerando uma nova área, uma intersecção, um espaço com características próprias” (Pereira, 2022, p. 172).
No caso da relação entre Bodart e Pereira, o capital social teve origem na imbricação entre suas atuações: no “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”, como pesquisadores, e no “campo do Ensino de Sociologia”, como militantes em defesa da Sociologia, mais especificamente por meio da Abecs.
A relação mais intensa de Cigales ocorreu com Bodart, com sete produções em coautoria, e com Oliveira, em cinco parcerias. A relação entre Cigales e Oliveira tem origem na relação de proximidade geográfica e é marcada pela assimetria típica da orientação de doutoramento, já que Oliveira foi seu orientador durante a produção desses artigos, tendo se configurado em três deles como primeiro autor. Embora Oliveira se destaque pelo volume de papers publicados no período, 58 ao todo, suas relações de coautoria na rede não se evidenciam, sendo muitas de suas parcerias realizadas com pesquisadores que não publicaram três ou mais papers. Isso se explica, em grande medida, pela sua prática de atuar em parceria com estudantes da graduação e da pós-graduação.
Cluster 2: Microrrede de pesquisadores com três ou mais papers sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN e indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023).
No Grafo 5, observamos uma microrrede, em verde, com 11 vértices, cujo destaque está em Pereira, autor de 17 papers, que realizou coautorias com seis pesquisadores, que publicaram três ou mais papers. A relação mais intensa de Pereira ocorreu com um pesquisador de outro cluster, Bodart, como mencionado ao analisarmos o Grafo 4.
Analisando as relações de coautoria de Pereira, podemos observar que colaborou com Bodart em três ocasiões, e com Leandro Raizer e Celia Elizabeth Caregnato em duas. As duas colaborações com Raizer podem ter sido facilitadas pela conexão como colegas de graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Essa relação pode ter sido uma “ponte” para a parceria com Caregnato, já que trabalham na mesma instituição de ensino e pesquisa, a UFRGS.
Também observamos que duas pesquisadoras dessa microrrede, Ileizi Luciana Fiorelli e Caregnato, relacionaram-se em coautoria com quatro outros pesquisadores que também publicaram três ou mais papers. Nessa microrrede, a relação mais intensa ocorreu entre Caregnato e Raizer, e entre Daniel Gustavo Mocelin e Raizer, em ambos os casos com três parcerias. A relação desses três pesquisadores também se explica pela proximidade geográfica e por atuarem como docentes na mesma instituição de ensino e pesquisa (UFRGS), evidenciando, nesse caso, a importância da universidade como recurso colaborativo à produção de capital social, como já destacava Bourdieu (2015).
Cluster 3: Microrrede de pesquisadores com três ou mais papers sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN e indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023).
No Grafo 6, observamos o terceiro cluster, em azul, constituído por 10 pesquisadores. Quanto ao volume de coautorias, o destaque é Julia Polessa Maçaira, que produziu com sete pesquisadores sete papers. Porém, a parceria mais recorrente no cluster se deu entre Mosca Junior, Vinícius Mayo e Camila Lamarão. Em coautoria, eles publicaram cinco entrevistas que realizaram como parte de um projeto de resgate histórico, que envolveu estudantes que atuaram na Federação do Movimento Estudantil de Ciências Sociais (FEMECS). A publicação ocorreu na edição 27, da revista Perspectivas Sociológicas, do Colégio Pedro II, em 2021. Uma das entrevistadas foi Maçaira. Embora essa pesquisadora tenha dividido a coautoria com sete pesquisadores que publicaram três ou mais papers, em nenhum dos casos a parceria se repetiu. Das sete coautorias, três se deram em um único paper na entrevista mencionada. Esse cluster tem duas características: a proximidade geográfica, pois todos atuam profissionalmente no estado do Rio de Janeiro, e relações formadas predominantemente por uma única ligação entre os pesquisadores, excetuando os envolvidos no projeto de resgate do FEMECS.
O Grafo 7 apresenta duas microrredes constituídas, cada uma por apenas três pesquisadores.
Clusters 4 e 5: pesquisadores com três ou mais papers sobre o Ensino de Sociologia indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023).
O cluster 4, em lilás, demonstra atividade de coautoria entre Röwer com Jorge Luiz da Cunha, relação que se explica por ter sido Röwer sua orientanda durante o mestrado e o doutorado. Os três papers assinados por Cunha foram como segundo autor, sendo Röwer a primeira. Já Röwer produziu 13 papers. Com Brena Kécia Andrade de Oliveira, que foi sua orientanda da graduação, também participa na coautoria de três papers. Notamos, em ambos os casos, uma relação de proximidade geográfica e um amparo institucional universitário.
Observando o cluster 5, em amarelo, vemos a relação entre Walace Ferreira e Ana Beatriz Maia Neves, assim como entre Ferreira e Rodrigo de Souza Pain, ambos os casos com apenas uma coautoria. Há entre os três uma relação de proximidade geográfica, já que todos atuam profissionalmente no estado do Rio de Janeiro, e essa proximidade envolveu a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde Ferreira e Pain atuam como docentes e Neves como professora preceptora (bolsista) do Programa Residência Pedagógica. Notamos, em mais esse caso, a importância do capital econômico advindo da universidade pública.
Além dessas microrredes analisadas, há parcerias entre dois pesquisadores com ao menos três papers publicados. Essas relações são entre Joel Haroldo Baade e Alessandra Krauss Wieczorkievicz, que produziram três papers em coautoria; Alexandre Jeronimo Correia Lima e Fagner Carniel; assim como Silvana Maria Bitencourt e Francisco Xavier Freire Rodrigues, que também compartilham três coautorias. Nesses casos, não temos uma microrrede, mas colaborações isoladas.
Na atividade de coautoria entre Baade e Wieczorkievicz, observamos proximidade geográfica e institucional, já que Wieczorkievicz participa, desde 2018, de um grupo de pesquisa coordenado por Baade, além de este ter participado de sua banca de defesa em 2019, antes das publicações em coautoria. Embora Lima e Carniel, assim como Bitencourt e Rodrigues, não estejam integrados a uma microrrede, notamos entre eles uma reiteração na realização de parceria, o que indica haver um estoque de capital social na relação. Considerando que o capital social é tanto mais forte, quanto mais é mobilizado, buscamos observar quais pesquisadores publicaram em coautoria por três ou mais vezes. Os dados são apresentados no Grafo 8.
Microrredes de pesquisadores com três ou mais artigos sobre o Ensino de Sociologia publicados em periódicos acadêmicos com ISSN e indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023*).
Evidencia o Grafo 8 que poucos pesquisadores repetiram a produção em coautoria por três ou mais vezes. Os destaques ficam entre Bodart e Tavares (10 coautorias), Bodart e Cigales (sete coautorias), Cigales e Oliveira (cinco coautorias). Nesses casos, encontramos relações de orientações em programas de pós-graduação; tendo Bodart orientado Tavares e Oliveira orientado Cigales. Essa importância da pós-graduação para a constituição do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia também foi demonstrada por Antunes, Garcia e Alves (2018) e Souza (2022), ao evidenciarem a crescente presença do tema nas dissertações e teses. Notamos que a pós-graduação também tem relevância no fomento da coautoria, já que as relações de orientação tendem a produzir trabalhos conjuntos entre orientadores e orientandos.
Lima e Carniel compartilham três coautorias. Observando o Currículo Lattes de ambos, levantamos a hipótese de que a ligação esteja relacionada a uma “ponte” realizada por Simone Meucci, orientadora do mestrado de Lima e coautora de alguns trabalhos apresentados em eventos com Carniel, aspecto que evidencia a importância de outros espaços científicos para a reprodução do capital social e para a expansão das microrredes. Bitencourt e Rodrigues compartilham três coautorias, indicando uma relação que começou em 2016 com coparticipações em grupos de pesquisa, quando o primeiro paper deles foi publicado, reforçando que outros espaços têm sido colaborativos para a reprodução do capital social.
Neste artigo, embora foquemos na produção de colaborações de autorias, acreditamos que desdobramentos devem seguir visando observar trajetórias dos pesquisadores, como fez Moraes (2015, 2016) ao analisar os empreendimentos e as disputas por distinção social de um conjunto de pesquisadores do Ensino de Sociologia.
Não podemos ignorar que a estrutura do subcampo envolve um estado de relações de poder, como afirma Bourdieu (2019), ainda que estejamos enfatizando as relações de cooperações. Analisando essas cooperações, fica evidente que as estruturas objetivas e subjetivas têm um papel importante na viabilização dessas relações, seja a centralidade das universidades, como mostramos, seja a disposição à atividade acadêmica dos envolvidos nas microrredes de coautoria. Nesse caso, podemos evidenciar a importância do habitus acadêmico dos pesquisadores, especialmente daqueles mais produtivos, para o desenvolvimento do subcampo de pesquisa em questão.
3 Os elos entre as microrredes de pesquisadores do Ensino de Sociologia
Nesta seção observamos quais pesquisadores vêm permitindo a construção de uma rede mais ampla, agregando microrredes em uma configuração que podemos denominar de “rede brasileira de pesquisadores do Ensino de Sociologia”. Para melhor visualização, produzimos o Grafo 9, com destaques desses pesquisadores.
Clusterscom ligações: pesquisadores do Ensino de Sociologia com três ou mais trabalhos* indexados no Google Scholar (jan. 2013 - jul. 2023**).
A rede apresentada no Grafo 10 é constituída por 36 vértices, três clusters e 51 arestas. Dentre os pesquisadores, sete são elos de ligações entre clusters, embora apenas Bodart se ligue aos três existentes, o que faz com que cinco pesquisadores estejam localizados em outros clusters. Os demais seis pesquisadores ligam-se a dois clusters.
Bodart, estando no cluster vermelho, é ligação entre os clusters verde e azul. No caso da ligação ao cluster verde, o faz a partir da coautoria com Pereira, Fiorelli Silva e Fernanda Feijó. Com relação ao cluster azul, isso ocorre a partir de coautoria com Anita Handfas e Azevedo. Este, por sua vez, por estar em coautoria com Tavares, também está ligado à microrrede representada em vermelho. Nesse sentido, as ligações das microrredes vermelha e azul ocorrem a partir de quatro agentes, sendo eles Bodart, Azevedo, Handfas e Tavares. Importa destacar que Handfas se aposentou recentemente, o que gera expectativa se a relação será enfraquecida ou se o papel de elo será substituído por outro pesquisador.
Cigales, estando no cluster vermelho, é o responsável pela ligação com o cluster verde, o que faz a partir da coautoria com Pereira e Silva. Pereira se liga também ao cluster vermelho a partir de Bodart. Silva, estando no cluster verde, liga-se ao vermelho a partir de coautoria com Bodart e Cigales. As ligações dos sete pesquisadores não se limitam à situação de proximidade geográfica, já que são pesquisadores que atuam no Nordeste (Bodart, Tavares e Feijó), no Sul (Pereira e Silva) e no Sudeste brasileiro (Azevedo e Handfas).
Esses agentes, além de se conectarem com agentes sociais de sua microrrede, estão possibilitando a existência de uma rede brasileira de pesquisadores do Ensino de Sociologia, que extrapola as proximidades geográficas e os vínculos institucionais. Desses sete pesquisadores, vamos observar que todos têm se inserido em outras formas de produção científica, especialmente participando de eventos especializados no Ensino de Sociologia. Bodart, Cigales, Pereira e Handfas têm atuado como coordenadores de GTs em importantes eventos da área. O maior destaque de Bodart pode ser explicado por sua participação em diversos projetos editoriais, tais como atuando como editor gerente de periódicos12 com ampla abertura ao tema em questão, assim como sua atuação em projetos da Editora Café com Sociologia, editora com maior volume de publicações de livros sobre o Ensino de Sociologia no Brasil. As análises realizadas dos papers e dos currículos dos pesquisadores demonstram que os agentes com maior destaque são portadores de capitais científicos puros e institucionais.
Notamos que as microrredes são interligadas por agentes sociais engajados no “campo do Ensino de Sociologia”, cujas atuações extrapolam as relações de coautoria em papers. As entidades científicas, como a Abecs e o Comitê de Pesquisa da SBS, bem como os eventos que estas promovem, têm sido estruturas importantes, que permitem relações entre pesquisadores de várias partes do Brasil. O contexto técnico científico também precisa ser considerado, haja vista que muitas dessas relações são facilitadas pela internet.
Os dados encontrados nesta pesquisa nos permitem inferir que o apoio institucional das universidades, o habitus acadêmico dos pesquisadores e suas atuações como militantes são importantes elementos explicativos do capital social obtido, o que se relaciona com suas produtividades e tem permitido a existência de uma rede brasileira de pesquisadores do Ensino de Sociologia. Importa destacar que essa estrutura é mutável, já que as relações entre os agentes sociais são marcadas por interesses em ocupar melhores posições no interior do subcampo de pesquisa, seja adotando estratégias de conservação, visando manter suas posições, seja buscando imprimir estratégias de subversão, como bem destacado por Bourdieu (2019).
Considerações finais
Se por um lado notamos a existência de uma rede brasileira de pesquisadores do Ensino de Sociologia relativamente conexa, por outro, observamos haver pesquisadores que atuam sem conexão com essa rede, ao menos no que diz respeito à coautoria em papers. Alguns deles se inserem nessa rede de outras formas, especialmente a partir da Abecs e de eventos especializados no Ensino de Sociologia, onde apresentam trabalhos e coordenam GTs. Ficou evidenciado que a integração em microrredes é um recurso escasso, o que pode resultar em vantagens de prestígio entre os pesquisadores, reproduzindo a estrutura estabelecida; embora em disputas contínuas de rearranjos das regras, dos capitais e das posições sociais. Por outro lado, a produção individual ainda é valorizada na área da Sociologia. Diante dessa dicotomia, é crucial que pesquisas futuras explorem as motivações por trás da escolha entre produção em coautoria ou individual, bem como os benefícios percebidos pelos agentes sociais envolvidos.
Sendo a centralidade na rede de pesquisadores brasileiros do Ensino de Sociologia marcada por relações de interesses e, portanto, de disputas, importa que sua análise seja continuada, a fim de observar as mudanças da estrutura da rede e mesmo das regras dos jogos do subcampo em questão. Nesse sentido, este artigo se limita a ser um retrato parcial – como qualquer outro – dessa rede. Retrato no sentido de dar conta de esboçar a figuração de um momento específico. Parcial por reconhecer que as dinâmicas dessa rede não se limitam às relações de coautoria em papers publicados em periódicos com ISSN e indexados no Google Scholar. Importa que futuras pesquisas considerem outras dimensões e estratégias do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia, e aquelas adotadas na esfera mais ampla – no campo do Ensino de Sociologia –, que geram capitais simbólicos valorizados no campo educacional externo à universidade e que se convertem em capitais valorizados no campo acadêmico.
Grosso modo, os dados nos permitiram visualizar três microrredes que se conectam, sendo predominantemente constituídas por pesquisadores das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. As relações são oriundas de outros espaços vinculados ao “subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia”, assim como ao “campo do Ensino de Sociologia”. Ou seja, não são relações estreitamente acadêmicas, pois se dão também a partir de espaços políticos e escolares.
Ficou evidenciado o importante papel das universidades, fornecendo capital econômico (a partir de salários e bolsas de pesquisas) aos agentes sociais, de modo a permitir seus engajamentos duradouros na produção científica, aspecto fundamental para a produção de capital social. É certo que tais engajamentos dependem, além das condições objetivas, do interesse em participar do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia. Ainda que, em muitos casos, a proximidade geográfica contribua para explicar as relações entre os agentes sociais, a rede de pesquisadores não se limita a esse fator, especialmente se considerarmos que há relações reiteradas entre pesquisadores que atuam em regiões brasileiras diferentes. A expansão recente de eventos on-line, inclusive bancas de conclusão de cursos, é um fenômeno que precisaremos observar em pesquisas futuras, já que podem colaborar para que as microrredes se interliguem cada vez mais. Os eventos nacionais, especialmente o Encontro Nacional para o Ensino da Sociologia na Educação Básica (Eneseb) e o Congresso da Abecs, também apresentam relevância no processo de constituições de parcerias que se desdobram em coautorias.
Diversas parcerias ocorreram entre orientadores e orientandos, evidenciando a importância da pós-graduação e como essa gera uma assimetria entre pesquisadores vinculados e não vinculados a programas. As análises de séries temporais nos permitiriam examinar se essas relações se convertem em capital social e permitem parcerias reiteradas após o fim da orientação; sendo essa uma demanda de agenda, caso desejemos compreender como se darão as dinâmicas dessas redes nos próximos anos.
Não foram exploradas outras dimensões qualitativas das produções dos pesquisadores, o que evidencia a necessidade de novos esforços de pesquisa. Reconhecemos que a posição social dos agentes não é completamente explicada apenas pelo exame do capital social ou das redes, sendo essencial considerar outras formas de capital. No contexto de um subcampo de pesquisa, os artigos representam capitais acadêmicos com valores diferenciados, dependendo do prestígio social do periódico em que são publicados. Portanto, enfatizamos a importância de futuras pesquisas destacarem outras dimensões das dinâmicas do subcampo do Ensino de Sociologia, como o prestígio social das produções e seus impactos na comunidade acadêmica. Este estudo não apenas oferece interpretações significativas, mas também abre espaço para novas questões a serem exploradas.
Certamente as análises aqui realizadas não dão conta de todas as relações que (re)produzem o capital social, nem mesmo nos permitem identificar suas origens, mas permitem observar a constituição de microrredes de interações e a tendência de ampliação de uma rede brasileira de pesquisadores do Ensino de Sociologia, assim como identificar quais agentes vêm se apresentando como dinamizadores e elos de ligações entre as microrredes. Pela característica dinâmica própria das microrredes, é necessário tomar os resultados aqui apresentados como temporalmente situados (além de serem um recorte de outros possíveis); uma espécie de retrato que não mais representa o presente, pois certamente já não o é. Esse dinamismo não invalida os esforços empreendidos, antes confirmam que temos atualmente um subcampo de pesquisa em conformação e expansão, que está interligado a outras dinâmicas não acadêmicas, tais como profissionais e políticas.
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1
Optamos por utilizar as iniciais em letra maiúscula para empregar o termo como um substantivo de sentido amplo, englobando não apenas as questões de “ensino” de Sociologia, mas também as pesquisas relacionadas a diversos outros aspectos ligados ao tema, como formação docente, currículo, obras didáticas, identidade docente, os estados da arte, entre outros.
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Na última classificação Qualis-Capes (2020), as revistas passaram a ser avaliadas por uma área-mãe, e a avaliação atribuída é replicada para todas as demais áreas.
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3
Contudo, não podemos ignorar que os pesquisadores também almejam o reconhecimento social por parte dos profissionais da educação básica, considerando que estes são frequentemente não apenas objeto de pesquisa, mas também interlocutores e potenciais consumidores das produções acadêmicas dos pesquisadores.
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4
É uma extensão de arquivo usada para a implementação de recursos de citações e bibliografias.
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5
Zotero é um programa de gerenciamento de referências bibliográficas que permite coletar, organizar e citar facilmente fontes bibliográficas.
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Muitos autores acabaram, ao longo dos 10 anos de análise, utilizando formas diferentes para se referir a si. Também encontramos revistas que abreviam de forma diferente o nome dos autores.
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VOSviewer é um programa de visualização de redes e mapas bibliométricos utilizado para analisar grandes quantidades de dados bibliográficos.
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Disponível em: https://lattes.cnpq.br/
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Curso stricto sensu que foi ofertado pela Fundação Joaquim Nabuco entre 2012 e 2016, sendo o ponto de partida para a criação do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede (ProfSocio), em 2017.
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Aqui colocamos em hipótese, pois não é uma relação que testamos neste paper, embora seja desdobramento e parte da pesquisa mais ampla em andamento sobre as figurações e dinâmicas do subcampo de pesquisa do Ensino de Sociologia no Brasil.
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A revista Café com Sociologia publicou, até julho de 2023, 70 trabalhos sobre o Ensino de Sociologia.
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Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ISBN: 2594-3707), revista Café com Sociologia (ISSN: 2317-0352) e Latitude (ISSN: 2179-5428).
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Apoio e financiamento:
Universidade Federal de Alagoas (Ufal)
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Editoras responsáveis:
Editora Associada: Wivian Weller https://orcid.org/0000-0003-1450-2004.Editora Chefe: Chantal Victória Medaets https://orcid.org/0000-0002-7834-3834.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
02 Dez 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
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Recebido
06 Out 2023 -
Revisado
18 Mar 2024 -
Aceito
19 Maio 2024