O ensaio recoloca a questão do silêncio diante da (dis)função social da linguagem na Educação. Assume que o prestígio das narrativas e sua ampla difusão nos espaços educativos respondem a uma nova modalidade de controle social, numa sociedade pautada pelo fascínio da linguagem e da comunicação, supostos operadores da tolerância como valor social desejável. Sustenta que a carência de um tratamento mais criterioso das diferentes posições filosóficas sobre a linguagem acaba provocando um efeito simplificador: o prestígio das perspectivas historicistas instaladoras de verdades supostamente metalinguísticas e/ou uma popularização da ingênua noção de autocriação narrativa. São percorridos sumariamente dois exemplares que permitem um contraponto à transparência comunicativa, onde o silêncio surge como forma particular de expressão: Merleau-Ponty, em "A linguagem indireta e as vozes do silêncio" e Nietzsche, em "Convalescença". Ao cabo, retomamos o tema da tolerância na Educação para recolocá-lo no trabalhoso lugar da luta política, nada transparente ou apaziguador.
linguagem; comunicação; silêncio; tolerância