No âmbito educacional, questões relativas aos fundamentos e aos processos de conhecimento têm sido historicamente discutidas no campo do currículo. O artigo visa discutir essa centralidade da questão do conhecer, propondo um deslocamento da problematização do conhecimento para a do pensamento. Para tal, propõe a problematização do estatuto do conhecer por meio de investigações de "práticas de pensamento". Metodologicamente, o estudo constrói um território de exterioridade tensionado entre educação, filosofia e literatura. A partir da filosofia, resgata o pensamento de Michel Foucault; a partir da literatura, focaliza o escritor Julio Cortázar. Alinhada às vertentes de crítica da linguagem, a análise aponta contribuições para o debate educacional, propondo outras hipóteses de trabalho de pesquisa curricular, ancoradas na necessidade ético-política de produzir genealogias de práticas de pensamento. Conclui, por meio da articulação Foucault-Cortázar, sobre a necessidade de problematização das práticas de pensamento no interior de nossos próprios campos de pesquisa.
Práticas de pensamento; Michel Foucault; Julio Cortázar; pesquisa curricular; genealogia