Nesse artigo, analisamos a questão do trabalho infantil como um fenômeno complexo, englobando fatores de risco por um lado e possíveis resultados positivos por outro. Baseados na teoria da resiliência e a partir de uma revisão de literatura, centrada em pesquisas que analisam a própria experiência de crianças sobre o trabalho desenvolvido, mostramos que quando inseridos em ecologias socialmente e fisicamente pobres em recursos, crianças associam sua experiência de trabalho como um caminho para assegurar recursos próprios para superação de adversidades. A compreensão de aspectos subjetivos da experiência de crianças trabalhadores nos permite considerar o trabalho como uma construção culturalmente embasada. Apesar da exploração de crianças não se configurar como o melhor para elas, há evidências de que elas usam quaisquer oportunidades disponíveis, incluindo o trabalho, para navegar em busca de recursos que necessitam e negociam por uma identidade associada à resiliência. Implicações para políticas públicas e intervenções também são discutidas.
Crianças e Adolescentes; Trabalho; Resiliência