Diversos estudos revelam que jovens infratores encarcerados apresentam taxas aumentadas de transtornos psiquiátricos, ao passo que associações entre transtornos específicos e reincidência permaneçam desconhecidas. O sistema legal brasileiro criou uma oportunidade exclusiva para o estudo desta questão, conforme considera os menores não imputáveis, a despeito da severidade do crime, fixando em três anos o período máximo de encarceramento. Este estudo pretende determinar a taxa de transtornos psiquiátricos em uma coorte de jovens infratores encarcerados e avaliar possíveis conexões entre transtornos específicos encarceramento primário e reincidência criminosa. Um grupo de 898 internos da Fundação Casa foi submetido a entrevistas psiquiátricas e diagnosticado de acordo com os critérios do CID-10. Conexões estatísticas foram analisadas usando os testes de Pearson e Cramer. A coorte tinha 619 primários e 267 reincidentes. Uso de Substância Psicoativa e Desordens da Personalidade e Comportamento Adulto relacionaram-se com reincidência, ao passo que Doenças Mentais Orgânicas, Transtorno do Humor e Desordens Relacionadas ao Estresse apresentaram relação com encarceramento primário. No que tange aos preditores da criminalidade, reforça-se a noção de que o abuso de drogas é a principal causa de encarceramento na amostra investigada.
Jovens infratores; transtornos psiquiátricos; reincidência; epidemiologia psiquiátrica