Identificar os estímulos multissensoriais acoplados à situação traumática, que funcionam como gatilhos disparadores das fortes reações pós-trauma. |
Memória traumática ativada por um estímulo gatilho ou provocada pelo terapeuta. |
A memória é trazida novamente, revisada e o cliente se envolve com ela sem ficar sobrecarregado. |
Exploração detalhada das imagens sensoriais e corporais, acompanhada pela ampliação das emoções. Inclui-se também a expressão verbal e a experiência, seja anterior ou subsequente, da cena central traumática. Esse método enfatiza a profundidade da percepção sensorial e emocional, além da articulação verbal, como ferramentas para navegar e reprocessar a experiência do trauma. |
Explorar imagens visuais, auditivas, olfativas, táteis e gustativas relacionadas ao evento. |
Neste contexto, a vivência intensa e integral de emoções na realidade suplementar resulta em uma significativa ativação do hipocampo. Consequentemente, forma-se uma memória nítida e vívida. Esse processo destaca o poder da experiência emocional profunda no estímulo cerebral e na formação de memórias duradouras. |
Nova experiência atual de maior contenção, calma e capacidade, o indivíduo é cuidadosamente orientado a rever a experiência pouco a pouco (análise). |
O manejo deve propor uma aproximação gradual da cena traumática na técnica eleita para intervir (psicodrama interno ou psicodrama a cena aberta). Na maioria das vezes não é necessário chegar na cena do trauma propriamente dito. As cenas devem ser tituladas e tratar primeiro o registro do trauma no corpo de forma gentil para depois ir se aproximado. |
Cada contato (revisão) com a memória é seguido por uma regulação dos estados agitados, juntamente com uma responsividade aumentada e mais poderosa. |
Em vez de apagar a memória traumática, forma-se uma nova memória. Essa nova memória, embora com a mesma intensidade da original, carrega um caráter positivo. Esse processo reflete a transformação da experiência traumática em algo construtivo. |
A experiência corporal recém-elaborada é incorporada à experiência original e forma uma “nova” memória procedimental atualizada. |
A memória recém-formada coexiste com a memória preexistente, e estabelece um equilíbrio entre ambas. Essa coexistência interrompe o circuito associativo anterior que conduzia ao surgimento do sintoma, e promove um estado de maior harmonia psíquica. |
Essa nova memória agora se consolida e a antiga memória de desesperança e impotência é “molecularmente substitu-ida” pela poderosa versão atualizada. |
O manejo do cliente traumatizado deve estar atento ao perigo de ‘reviver a cena’ e, dessa forma, intervir com as técnicas que possam ampliar a vivência do trauma numa realidade suplementar onde ele possa também evitar o trauma nos casos de acidentes catastróficos ou se rebelar contra o abusador no trauma complexo. Aqui as técnicas adaptadas do psicodrama podem ser utilizadas a exemplo de solilóquios, duplos, espelhos, inversão etc. |
Os diferentes elementos da memória são então explorados e compartilhados, e memórias declarativas, episódicas e emocionais são integradas para criar uma narrativa coerente. |
Segue o processamento cognitivo da cena principal, englobando as imagens mentais e a reaferência. Esse estágio é crucial para a ressignificação e a resolução das experiências passadas, e permite a remodelação das percepções e a formação de novas redes neuronais. Esse processo não apenas reinterpreta os eventos vividos, mas também abre caminho para uma resolução mais profunda e abrangente. |
Esse processo reforça a capacidade de autorreflexão e autocompaixão do cliente. |
O processo de formação da memória está intrinsecamente ligado à neuroplasticidade, englobando a remodelação dos dendritos, o crescimento dos axônios e a criação de novas sinapses. Esse processo reflete a adaptabilidade e a capacidade do cérebro de se reorganizar em resposta às experiências vivenciadas, Tarashoeva e Marinova (2008)Tarashoeva, G., & Marinova, P. (2008). Neuroplasticidade e mudança terapêutica. In F. J. Heloisa, G. S. Khouri, & E. Hug (Orgs.). Psicodrama e Neurociências (p. 29). Ágora.. |