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Editorial

Editorial

O primeiro número do volume 21 inaugura as publicações de 2009 com artigos originais que focam, predominantemente, a(s) temática(s) saúde e trabalho, ora entrelaçadas as questões de gênero, ora as de gerações. Além destes, se fazem presentes neste número, artigos que apontam a preocupação dos pesquisadores da área com as conseqüências das desigualdades sociais e, também, propostas teórico-metodológicas que visam à produção de novos dispositivos de subjetivação.

O artigo "Experiência, Memória e Sofrimento em Narrativas Autobiográficas de Mulheres", de autoria de Thaís O. Brandão e Idilva M. P. Germando, abre este número trazendo uma análise de narrativas autobiográficas de mulheres, focando o sentido de si por meio da construção de enredos. As histórias comunicam o sofrimento associado às condições de classe, de gênero e questões geracionais. Articulando história(s) de vida e saúde na família, Ana Priscila de O. Benites e Neuzi Barbarini, em seu artigo "Histórias de Vida de Mulheres e Saúde da Família: algumas reflexões sobre gênero", trazem a discussão deste conceito e sua reprodução na esfera da saúde. Trabalhando com a idéia de que este conceito é relacional e sócio-histórico, as autoras concluem que o enfoque sobre ele se faz indispensável na busca de integralidade, já que a práxis em Saúde da Família, ao ignorá-lo, oprime a mulher enquanto sujeito histórico. "Homens, Violência de Gênero e Atenção Integral em Saúde", artigo de Edna Granja e Benedito Medrado, fortalece as discussões sobre violência de gênero, dentro da perspectiva da integralidade em saúde. Seu objeto de estudo foi o jogo discursivo de profissionais que atuam na rede de enfrentamento à violência contra as mulheres, identificando como esses profissionais se posicionam acerca das possibilidades de atendimento a homens autores de violência, no Sistema Único de Saúde (SUS).

O artigo de Antonio Euzébios Filho e Raquel S. Lobo Guzzo, intitulado "Desigualdade Social e Pobreza: contexto de vida e de sobrevivência", objetiva o modo como um sujeito retrata sua condição de vida, como explica as desigualdades sociais e como expõe seus projetos de futuro. Os resultados apontam que o sujeito parte de sua própria experiência e, acerca do futuro, limita-se a aspectos de sua realidade imediata. "Adolescentes em situação de rua: prostituição, drogas e HIV/AIDS em Santo André - Brasil", artigo de autoria de Eliane L. Guerra Nunes e Arthur G. de Andrade, retrata as condições de vida de adolescentes do sexo feminino em situação de rua e discute estratégias de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST/AIDS.

Ana Teixeira de Melo e Madalena Alarcão, no artigo "Centros de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental: proposta de um modelo global de organização", revêem os objetivos destes centros em Portugal e apresentam proposta de um Modelo Global de Organização destes serviços. O objetivo é que tal modelo sirva de suporte aos Tribunais, Comissões de Proteção de Crianças e Jovens e à própria comunidade, na proteção e promoção do bem-estar das famílias. O artigo "Competência Social, Inclusão Escolar e Autismo: revisão crítica da literatura", de autoria de Síglia P. Höher Camargo e Cleonice A. Bosa, indica que a inclusão escolar ao proporcionar a crianças com autismo oportunidades de convivência com outras da mesma faixa etária, possibilita um espaço de aprendizagem e de desenvolvimento da competência social. Finalizando a temática, "Desafios da Sociologia da Infância: uma área emergente", de autoria de Tânia R. Raitz, Cleber F. da Silva e Valéria S. Ferreira, discute os desafios para a área na contemporaneidade. Os autores articulam uma visão crítica do contexto da infância a resultados de pesquisas acerca da prática docente na educação infantil e propõem um olhar que aborde as crianças como atores sociais.

Danielle V. Teixeira e Maria Elizabeth B. de Barros, no artigo "Clínica da Atividade e Cartografia: construindo metodologias de análise do trabalho", foca a temática saúde e trabalho como objeto de pesquisa e propõe uma direção metodológica que articula investigação e intervenção. O artigo aponta uma relação dialógica entre pesquisador e objeto investigado e a interlocução entre diferentes saberes. Já Nadir Lara Jr. e Cinara T. Ribeiro, no artigo "Intervenções Psicossociais em Comunidades: contribuições da psicanálise", objetivam fundamentar uma proposta praxiológica de intervenção com comunidades, pautada em alguns conceitos e idéias da psicanálise freudo-lacaniana. O artigo intitulado "La Psicología Social y El Concepto de Cultura", de autoria de José A. V. Nortega, Claudia K. R. Carvajal e Sonia Grubits, faz uma revisão de teorias contemporâneas da psicologia social, observando diferentes maneiras de medir, avaliar e teorizar sobre o uso que fazem do conceito de cultura. "Musicoterapia Institucional na Saúde do Trabalhador: conexões, interfaces e produções", de autoria de Laize Guazina e Jaqueline Tittoni, propõe a Musicoterapia como estratégia de promoção de saúde do trabalhador. O artigo aborda um estudo realizado junto a profissionais da saúde, compreendendo a instituição hospitalar a partir do conceito de "Panáudio" e analisa os efeitos deste dispositivo, assim como das práticas musicais, na produção de subjetividades.

"A Identidade em Discursos de Taxistas", escrito por Thelma M. G. Velôso, Pedro de Oliveira F°, Carolina S. de Medeiros e Audizélia dos S. Araújo, aborda a questão da identidade, a partir de uma investigação realizada com taxistas que oferecem transporte alternativo entre dois municípios da Paraíba. Ainda abordando a questão da identidade, Luna Rodrigues F. Silva, no artigo "Autonomia, Imperativo à Atividade e 'Máscara da Idade': prerrogativas do envelhecimento contemporâneo?", analisa o entrelaçamento entre a terceira idade e os padrões normativos de construção das identidades contemporâneas. A autora conclui que, se por um lado, se abrem possibilidades de filiação, por outro, novos modelos e ideais hegemônicos vêm se constituindo na contemporaneidade, por meio dela. O artigo de Luciana V. Caliman, intitulado "A Constituição Sócio-Médica do 'Fato TDAH'", destaca contingências morais, sociais e científicas que participam da construção do diagnóstico do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e, ainda, o olhar psiquiátrico que perpetuam e os modelos identitários que fortalecem.

Este número finaliza com a resenha de Denis B. de Carvalho, intitulada "Representação, Dialogicidade e Linguagem como Questões Centrais da Psicologia Social: uma teoria psicossocial da mente", acerca da obra "Dialogicidade e representações sociais: as dinâmicas da mente", de Ivana Marková, publicada pela Editora Vozes.

Desejamos a todos uma ótima leitura!

Kátia Maheirie

Editora Geral

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jul 2009
  • Data do Fascículo
    Abr 2009
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