Resumo
Este estudo explorou a construção dos projetos de vida e carreira dos estudantes indígenas em uma universidade pública brasileira, situada no Estado do Rio Grande do Sul. Participaram cinco estudantes indígenas, quatro da etnia kaigang e um da etnia guarani, que responderam a uma entrevista de roteiro flexível. Os dados foram analisados qualitativamente através de análise temática. Observou-se que as escolhas de carreira se relacionaram à construção de um projeto coletivo, envolvendo a família e a comunidade. A formação profissional mostrou-se associada com a possibilidade de contribuir com as sociedades indígenas de modo geral. Sugere-se, então, que as teorias de carreira possam se ajustar às peculiaridades culturais, considerando, em especial, a natureza relacional inerente à construção de carreira de jovens indígenas.
Palavras-chave: estudantes indígenas; projeto de vida; carreira
Resumen
Este estudio exploró la construcción de proyectos de vida y carrera de los estudiantes indígenas en una universidad pública brasileña, con sede en Rio Grande do Sul. Participaron cinco estudiantes indígenas, cuatro de la etnia Kaingang y uno de la etnia Guaraní, que respondieron a una entrevista de guión flexible. Los datos se analizaron cualitativamente a través del análisis temático. Se observó que las elecciones de carrera están relacionadas con la construcción de un proyecto colectivo, con la participación de la familia y la comunidad. La formación profesional se asoció con la posibilidad de contribuir con los pueblos indígenas en general. Se sugiere que las teorías de carrera pueden adaptarse a las peculiaridades culturales, teniendo en cuenta en particular la naturaleza relacional inherente a la construcción de carrera de jóvenes indígenas.
Palabras clave: estudiantes indígenas; proyecto de vida; carrera
Abstract
This study sought to explore the construction of life and career projects of indigenous students of a Brazilian public university, located in Rio Grande do Sul. Five indigenous students, four from the Kaingang ethnic group and one from the Guarani ethnic group, participated in a flexible interview. A qualitative analysis was employed. The career choices were related to a collective project involving their families and communities. Professionalization has been associated with the possibility of contributing to indigenous societies in general. Career theories must adjust to cultural peculiarities, considering the relational nature inherent in the career construction of young indigenous.
Keywords: Indigenous students; life project; career
Introdução
A presença indígena no cenário do ensino superior brasileiro passou a ser percebida de forma mais expressiva nos últimos anos. A institucionalização do acesso dessa população à universidade mediante ações afirmativas faz parte de um longo processo político impulsionado pela organização de movimentos indigenistas no país (Benites, Nabarro, Santos, Souza, Carlos, & Bergamaschi, 2013).
De um modo geral, ingressar no ensino superior, e com isso obter uma qualificação profissional, é uma experiência importante na construção de carreira dos jovens em sociedades urbanas e industrializadas. Há uma expectativa social de que, após explorar possibilidades e identificar possíveis interesses ocupacionais, o indivíduo invista em algum tipo de formação profissional que lhe permita ingressar no mercado de trabalho e desenvolver uma trajetória ocupacional (Super, Savickas, & Super, 1996).
O campo da psicologia vocacional denomina de carreira essa trajetória que é construída ao longo da vida, entendendo que ela é mais do que o simples somatório das escolhas e posições ocupacionais que uma pessoa assume ao longo do tempo (Super et al., 1996). De fato, em uma perspectiva mais contemporânea, entende-se como carreira os significados atribuídos ao papel do trabalho em relação aos demais papéis de vida, em um determinado enquadramento temporal e contextual (Savickas, 2012). O espaço vital dos indivíduos é composto pelos diversos papéis nos quais eles se engajam, sendo que alguns são percebidos como centrais, enquanto outros são vistos como periféricos. Ao se engajarem em atividades distintas, sejam elas profissionais, familiares, de lazer ou participação social, os indivíduos identificam aquilo que é mais congruente com os seus valores nucleares (Savickas, 2012). A dinâmica temporal também contribui para a saliência de papéis, modulando o que é central para alguém em um determinado contexto e momento histórico (Super et al., 1996).
Adicionalmente, as escolhas de carreira podem ser circunscritas pela percepção das limitações impostas pelo contexto social (Gottfredson, 2002, 2005). Ao longo do desenvolvimento, os jovens vão construindo um autoconceito em que buscam adequar a imagem que possuem de si; incluindo habilidades, traços de personalidade e valores; com as expectativas sociais percebidas sobre qual o seu lugar na sociedade. Os indivíduos tendem a recriar a ordem social estabelecida antes mesmo de experimentar qualquer tipo de barreira. Concomitante a esse processo de autoconstrução, as pessoas vão criando e reproduzindo imagens ocupacionais, buscando combinar as características pessoais com determinadas profissões. Nesse sentido, cria-se uma “zona de alternativas aceitáveis”, ou seja, um espaço ocupacional engendrado pelas percepções da realidade externa e das expectativas de outros significativos (Gottfredson, 2002, 2005).
Nesse processo de acomodar aspirações às percepções da realidade, as pessoas podem abandonar seus sonhos pelo ajustamento de avaliações de compatibilidade com avaliações de acessibilidade. Uma vez que o processo de circunscrever e eliminar opções ocorre ao longo do desenvolvimento e em idades precoces, os indivíduos podem não estar plenamente conscientes das opções que compõem o seu mapa ocupacional. Igualmente pode-se não levar em consideração ocupações potencialmente congruentes com seus interesses e habilidades por acreditarem que elas não são disponíveis ou acessíveis para si (Gottfredson, 2002, 2005).
De uma perspectiva crítica, contudo, a escolha profissional e a inserção no mundo laboral ultrapassam o simples julgamento de compatibilidade e acessibilidade para incluir a natureza intrinsecamente relacional do trabalho. Além de oferecer recursos para a autodeterminação, o trabalho possui uma função essencial de conexão, em que as pessoas buscam também se sentir parte de um todo social (Blustein et al., 2004; Blustein, 2011a; Stead, 2004).
Sentido de pertencimento e mutualidade são necessidades que acompanham os seres humanos ao longo da vida. O espaço de trabalho é, assim, um espaço eminentemente relacional, onde se constroem e reconstroem significados através das experiências interpessoais. Faz-se imprescindível descolar a ideia de trabalho como atividade remunerada exclusivamente, já que trabalhar para algo ou alguém, seja outras pessoas ou para um propósito de vida, dá sentido e organiza as experiências humanas no meio social (Blustein et al., 2004; Blustein, 2011a; Stead, 2004).
Embora a psicologia vocacional dê mais destaque ao trabalho formal e remunerado, reconhece-se que o percurso profissional é uma dentre muitas preocupações que os indivíduos possuem acerca de como viver a vida em uma sociedade cada vez mais globalizada. As pessoas não apenas exploram percursos profissionais, mas vislumbram trajetórias de vida em um mundo provisório e incerto, que incluem o gerenciamento das interações nos diversos domínios nos quais vivem e atuam (Duarte, Lassance, , Savickas, Nota, Rossier, Dauwalder, Guichard et al., 2009; Savickas, 2012).
Para dar conta da falta de suporte psicológico e de um senso de segurança fornecido por contextos mais estáveis e delimitados, propõe-se que os indivíduos elaborem a construção de si e do futuro a partir da identificação de seus temas de vida, ou seja, aquilo que dá sentido e faz a vida realmente valiosa - os valores nucleares de cada um. É nessa direção que a construção da vida e da carreira fazem parte de um mesmo projeto de construção de si em interação com o mundo em constante mudança, no qual novas experiências tendem a se refletir no modo como as pessoas percebem a si mesmas (Duarte et al., 2009; Savickas, 2012).
Especificamente quanto à construção de carreira em estudantes indígenas, salienta-se que esse assunto ainda é novo e pouco explorado. Sabe-se que a categoria “trabalho”, enquanto atividade exterior ao homem, não faz parte da terminologia original das comunidades indígenas, tampouco o status de trabalhador (Sahlins, 1970).
Contudo, as tentativas de integração do índio à sociedade nacional, com a assimilação de referências culturais distintas do seu modo tradicional de vida, diversificaram e complexificaram a organização da sociedade brasileira como um todo. Somados a isso, a perda de território e o esgotamento dos recursos naturais fizeram com que os indígenas empregassem a sua força de trabalho nas lavouras, fazendas e até mesmo nas cidades próximas às aldeias (Capelo & Tommasino, 2004).
Atualmente, formas tradicionais de organização da economia indígena, onde prevalecem as relações de reciprocidade, coexistem com as concepções eurocêntricas de organização do trabalho e da produção entre os povos nativos. O contato com o modo de vida capitalista levou os índios a demandarem bens e serviços externos à aldeia e à sua visão de mundo, o que não significou o abandono de suas próprias referências de organização social (Capelo & Tommasino, 2004; Sabourin, 1999, 2012). Salienta-se que o contato entre índios e não índios provocou e ainda provoca transformações nos modos de vida de ambos os interlocutores. O contexto do ensino superior é um dos cenários em que esse encontro produz seus efeitos.
Em que pese a necessidade desses povos de preservar os seus modos particulares de viver e trabalhar, existe, ainda assim, uma expectativa de profissionalização dessa população, o que se evidencia pela presença de em torno de 6.000 estudantes indígenas matriculados no Ensino Superior brasileiro (Bergamaschi, 2013; Capelo & Tommasino, 2004). Portanto, sugere-se a necessidade de estudos que visem a refletir sobre a construção da vida e carreira em grupos sociais que não se organizam tendo a satisfação individual como preocupação central, tais como os grupos indígenas (Salem, 2006). Sabe-se que a perspectiva da construção de projetos de vida apoiados pela autodeterminação e realização pessoal tem sido privilegiada na psicologia vocacional (Super et al., 1996; Savickas, 2013), embora se considere a construção da carreira como um roteiro pessoal negociado no contexto de vida híbrido e complexo no qual vivem os sujeitos contemporâneos (Duarte et al., 2009; Savickas, 2012)
Sem pretender ignorar a diversidade própria contida no termo “populações indígenas”, com 305 etnias e 274 línguas oficialmente reconhecidas no Brasil (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012), entende-se que esses povos possuem alguns valores comuns que perpassam todas as etnias, tais como uma relação de mútua dependência com a terra, orientação para a coletividade, vivência do tempo voltada para o presente, respeito pela cultura oral transmitida pelos mais velhos, bem como a integralidade e não compartimentalização do conhecimento (Bergamaschi, 2013; Bergamaschi & Medeiros, 2010; Juntunen & Cline, 2010). Essas características culturais refletem-se, também, na forma como os indígenas se relacionam com o trabalho e o próprio papel do trabalho na organização e construção da vida.
Como exemplo, um estudo realizado na comunidade dos Saterè-Mawè na Amazônia brasileira revelou que, entre as ocupações exercidas na comunidade, geralmente as atividades remuneradas não eram consideradas as mais importantes, tais como os ofícios de professor e agente comunitário de saúde (Teixeira, 2005). Essas eram vistas como secundárias em comparação com atividades comunitárias, de troca de produtos e de liderança, o que sugere que as comunidades indígenas possuem critérios próprios de organização e valorização da vida laboral quando comparadas às comunidades urbanas industrializadas.
Em outro estudo que investigou a saliência de papéis de 137 estudantes indígenas do ensino superior no contexto norte-americano, observou-se que havia maior participação e compromisso no desempenho de papéis relativos ao lar e à família. Contudo, o papel de trabalhador foi considerado mais saliente para esses estudantes quando comparados ao papel comunitário. Destaca-se que o envolvimento de estudantes indígenas no contexto universitário pode promover uma maior saliência do papel profissional (Brown & Lavish, 2006).
Entre os estudantes indígenas brasileiros no ensino superior, identifica-se a preferência por profissões de áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento das suas comunidades. As áreas da Saúde, Educação, Ciências da Terra e Ciências Jurídicas têm sido eleitas como prioridade de investimento e capacitação desses estudantes. Assim, a escolha profissional é embasada em um debate coletivo ensejado pelas lideranças locais, depois de identificadas as necessidades mais imediatas de cada território. Destaca-se que os estudantes indígenas aspiram, inclusive, a uma capacitação que lhes permita competir em igualdade de condições com profissionais não índios que atuam em terras indígenas (Capelo & Tommasino, 2004; Kurroschi & Bergamaschi, 2013).
Contudo, barreiras relacionadas à construção da carreira em indígenas podem ser percebidas no contexto do ensino superior, representadas principalmente pelas dificuldades de permanência na universidade. Entre os desafios enfrentados pelos estudantes indígenas no contexto universitário, destaca-se uma relação distinta com a temporalidade, a qual contrasta com as exigências estudantis habituais. Enquanto o ambiente acadêmico trata a “rotinização” do tempo como a forma mais adequada de organização dos estudos e tarefas, os estudantes indígenas em geral percebem a temporalidade de forma cíclica, não sendo algo que constantemente lhes escapa e que necessita, portanto, de planejamento. Essas diferenças trazem dificuldades para que alguns estudantes consigam acompanhar o ritmo das aulas, somadas às dificuldades oriundas da falta de recursos financeiros para se manter na universidade, bem como de apoio pedagógico consistente, entre outros aspectos (Bergamaschi, 2013; David, Melo, & Malheiro, 2013; Kurroschi & Bergamaschi, 2013).
Tendo em vista que os participantes do estudo são representantes das etnias Kaingang e Guarani, faz-se necessário contextualizar a vivência cultural desses grupos étnicos. Os kaingang, ocupantes da região meridional do sul e sudeste do Brasil, têm sua economia baseada na agricultura, através do cultivo da mandioca, amendoim, feijão, abóbora, etc., bem como na venda do artesanato. O trabalho, na concepção tradicional desses povos, costuma ser organizado através de grupos domésticos. Nota-se que as relações familiares e laborais apresentam-se indissociáveis quando e se todos os membros trabalham dentro das aldeias. Também é comum a organização do trabalho interfamiliar, quando diferentes grupos domésticos se reúnem para a prática da colheita ou preparo da terra, como no chamado “puxirão” ou “ajutório” (Gibram, 2012, p. 72). Os guaranis são conhecidos como índios que possuem grande mobilidade espacial, com fortes elementos religiosos como constituintes de sua identidade. A unidade doméstica também figura como a principal modalidade de produção e consumo. A produção de bens e artefatos costuma ocorrer em conjunto, a exemplo dos kaingang, sendo que uma mesma atividade coletiva pode desempenhar papéis econômicos, políticos, religiosos, sociais e culturais (Mezacasa, 2014; Souza, 2002). Destaca-se, contudo, que coexistem formas distintas de organização do trabalho entre agrupamentos indígenas e camponeses, tendo em vista que se vive em uma sociedade mista (Sabourin, 1999, 2012), e muitos índios vivem em contextos urbanos.
Em sociedades complexas os sujeitos participam de inúmeros papéis sociais e se posicionam de maneiras distintas nas práticas discursivas. Assim, as pessoas aderem diferentemente a conjuntos de valores, o que dá margem para a construção de diferentes projetos de vida, dos quais o trabalho faz parte, seja ou não remunerado (Hall, 2000; Savickas, 2012).
Cabe salientar, contudo, que o presente artigo não pretende impor uma visão exógena de vida e carreira aos estudantes indígenas, tampouco apresentar uma visão “correta” dessa construção. O que se pretende, sobretudo, é promover uma aproximação entre perspectivas distintas, mas não necessariamente opostas. Sendo o acadêmico indígena um “diplomata” que atua na mediação entre saberes de dois mundos (Bergamaschi, 2014, p. 13), pensa-se que essa é sim uma missão possível.
Portanto, o estudo visa a compreender como se dá a construção do projeto de vida e carreira dos estudantes indígenas de uma universidade pública do Estado do Rio Grande do Sul. Nota-se que este trabalho faz parte de um projeto maior, que resultou na dissertação de mestrado de uma das autoras do manuscrito.
Método
Participantes
O estudo contou com a participação de cinco estudantes do sexo masculino, sendo quatro da etnia kaingang e um da etnia guarani. A maioria dos participantes estava no período inicial de seus cursos e apenas um estava se aproximando do período de conclusão. Os cursos frequentados eram Fisioterapia, Direito, Pedagogia, Políticas Públicas e Enfermagem. Todos os estudantes que compuseram o estudo eram oriundos de terras indígenas situadas na zona rural de seus respectivos municípios - localizados na sua maioria na região do Alto Uruguai no interior do Estado do Rio Grande do Sul -, com exceção do participante guarani, que era oriundo de São Paulo, mas estava residindo em uma aldeia da região metropolitana de Porto Alegre. No momento da coleta de dados, quatro dos cinco participantes moravam em residência estudantil e estavam afastados da convivência familiar cotidiana. Para a seleção da amostra, foi utilizado o critério de conveniência.
Salienta-se que a universidade em questão dispõe de dez vagas anuais suplementares para estudantes indígenas e conta com um processo seletivo específico para esses candidatos. Os estudantes disputam as dez vagas distribuídas entre os cursos escolhidos pelas próprias lideranças, com o apoio dos indígenas que já estão na graduação e realizam prova de Língua Portuguesa e Redação. Para participar desse processo, os candidatos devem se autodeclarar indígenas, contando com a anuência da liderança local ou da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Instrumento
O instrumento utilizado consistiu em uma entrevista semiestruturada com roteiro flexível. O roteiro foi organizado com o intuito de investigar significados, sentimentos e percepções dos participantes acerca da construção de projetos de vida e carreira, tendo em vista as suas histórias de vida, a sua bagagem cultural e suas experiências acadêmicas. A entrevista foi organizada a partir de temas norteadores da discussão, consonantes com os objetivos da pesquisa, tais como a história escolar prévia dos entrevistados, a entrada na universidade, expectativas e percepção de satisfação, percepção de barreiras e enfrentamento, desempenho, projeto de vida e de carreira, identidade, entre outros. No presente artigo, contudo, optou-se por realizar um recorte, apresentando somente os temas concernentes à construção do projeto de vida e carreira dos participantes.
Procedimentos
Primeiramente, foram feitos contatos com a Coordenadoria de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas (CAF) da universidade, para a qual foram explicitados os objetivos e procedimentos da pesquisa. Após a obtenção do Termo de Concordância Institucional, bem como da disponibilização da lista de alunos indígenas pelo órgão citado, entrou-se em contato com os participantes. Posteriormente à obtenção do consentimento informado e esclarecimento dos objetivos e procedimentos da pesquisa, realizaram-se entrevistas individuais, as quais foram gravadas e transcritas.
Adicionalmente, com o fim de validar e complementar a análise dos dados, realizou-se um segundo encontro com três entrevistados que se mostraram disponíveis para apresentar sínteses parciais da análise realizada. Os resultados foram apresentados e discutidos individualmente ou em dupla. Por não se tratar da metodologia de estudo de casos múltiplos, a discussão sobre os resultados preliminares junto aos três participantes priorizou uma avaliação global do conjunto dos dados obtidos. Esse momento de reflexão não trouxe novas informações ou indicou a necessidade de mudanças substanciais na interpretação dos resultados. O fato de não terem surgido novas informações sugere a pertinência da análise realizada. Ressalta-se que foram observados os procedimentos de garantia de sigilo das informações e da identidade dos participantes.
Cabe salientar que, anteriormente à coleta de dados propriamente dita, realizou-se uma breve imersão no contexto acadêmico desses estudantes, com o intuito de promover uma aproximação com uma realidade sociocultural distinta daquela vivida pelos pesquisadores. Tal aproximação se deu mediante a participação, juntamente com alguns participantes do estudo, em um encontro nacional de estudantes indígenas, bem como outros eventos e momentos de discussão, organizados pelos próprios estudantes e/ou pela CAF.
Análise dos dados
As entrevistas foram analisadas através de análise temática, sendo que as categorias não foram definidas a priori. Em termos operacionais, o método consiste em uma leitura flutuante dos dados, buscando identificar temas e subtemas presentes no material, os quais representam algum padrão de significado considerado relevante aos propósitos da pesquisa (Braun & Clarke, 2006). Assim, as respostas dos estudantes à entrevista de roteiro flexível foram organizadas em função dos conteúdos que se tornaram mais salientes nas suas falas. A descrição dos resultados será apresentada na seção seguinte.
Resultados
Diante dos resultados obtidos, os dados foram organizados em torno do tema projeto de vida e carreira, abrigando as categorias: (a) escolha profissional, (b) saliência do papel de trabalho e (c) planejamento para o futuro, sendo apresentados nesta ordem:
(a) Escolha profissional: neste tópico, salientaram-se restrições de possibilidades de escolha - limitadas pela oferta de vagas em apenas dez cursos para indígenas na universidade pública investigada. Alguns dos critérios utilizados foram a avaliação das opções disponíveis e o contato, mesmo que breve, com profissionais da área de interesse. Em outros casos, o envolvimento com a comunidade, ou seja, a saliência do papel comunitário permitiu avaliar o que era importante para o desenvolvimento da própria aldeia - fator que auxiliou na decisão. Não houve referência a um processo de exploração pessoal para a realização dessa escolha.
Eu queria Educação Física né, mas eu tive contato com fisioterapeuta e tal, que eu me machucava né, daí tava entre Fisioterapia, Direito também eu pensei em fazer [risos] e Educação Física, daí no edital, no edital não tinha esse curso, ... porque são sempre dez cursos,... daí eu pensei não, bah eu vou fazer, vou tentar fazer Fisioterapia, daí fiz, daí fiquei..., não tem Educação Física vai Fisioterapia mesmo. (Estudante de Fisioterapia)
E no meio disso sempre tinha a questão política e jurídica sabe, nós, era processo aqui, processo ali, daí as lideranças iam e muitas não entendiam sabe. ... E daí tu via sabe a necessidade disso. E de tanto conviver nesse meio tu acabou vendo assim, poxa, questão jurídica deve ser legal. (Estudante de Direito)
(b) Significado do papel de trabalho: entrelaçado na questão da escolha profissional está o significado do trabalho que, pôde-se perceber, não foi visto como via imprescindível ou indispensável para a realização pessoal. Porém, é considerado como algo necessário para a vida em sociedade, estando conectado com os demais papéis desempenhados pelos entrevistados. Sugere-se, sobretudo, que o papel que ele ocupa na estrutura de vida depende de como o indígena significa o conceito de trabalho em uma sociedade heterogênea e provisória, contradizendo uma definição apriorística, conforme retratou este entrevistado:
Mas o meu trabalho é uma coisa assim que..., que ele tá em segundo lugar e não é uma coisa que eu vou me alienar a ele, sabe. Pára aí, eu tenho uma vida também, eu tenho uma esposa, eu tenho todo um ... Tenho mais coisas pra ser feliz do que viver alienadamente ali, trabalhando todo dia, fielmente, cumprindo horários sabe. Não, eu acho que..., esse sentido econômico aí que eu te falei né, ele vem... em segundo lugar. Porque se alguém não fazer né, logo..., vai causar impactos drásticos na sociedade. Se alguém não dar aula, logo tem uma turma de analfabetos. Se alguém não vai produzir, plantar, logo não vai ter algo pra consumir. Por isso que ele é... uma coisa necessária, é essa vida em coletivo né. E... quando por exemplo eu, eu, ir por exemplo pra sala de aula, sabe, eu acho que..., como pessoa tu deve ter um compromisso com aqueles que vêm assistir.” (Estudante de Pedagogia)
Alinhada a essa perspectiva, portanto, destacou-se a saliência dos papéis familiares e comunitários, que se reflete no planejamento para o futuro.
“A minha prioridade é voltar pra casa, sabe, voltar ... a viver o que eu vivia lá sabe, aquela vida de lá. É isso aí eu acho.” (Estudante de Pedagogia)
Ah, como um profissional da Enfermagem eu, primeiramente eu queria voltar pra minha comunidade. Trabalhar, sei lá talvez um dia trabalhar com a minha mãe, se um dia ela não se aposentar [risos]. Eu pretendo isso né porque, ter os cuidados que, que a gente aprende aqui, levar pra lá né. (Estudante de Enfermagem)
(c) Planejamento para o futuro: O projeto de vida dos entrevistados retratou um desejo de contribuir e deixar um legado para as comunidades a partir dos conhecimentos adquiridos no Ensino Superior. Observou-se que no lugar de uma orientação ao mercado, como é observado em estudantes típicos, registrou-se uma orientação ao desenvolvimento interno da comunidade. Alguns possuíam maiores informações sobre as possibilidades de atuação profissional após a conclusão do curso, mas novamente priorizando os seus papéis familiares e comunitários.
Mas, se eu terminar o, o meu curso de Políticas Públicas assim eu sempre, é, como eu falei, é, eu não vou procurar um mercado de trabalho por exemplo, é..., ingressar num, no sistema estadual e trabalhar né, não, não é isso, minha perspectiva mesmo eu falei de... obter esse conhecimento que eu, que eu tenho na universidade e depois, é, voltar pra, pra comunidade e..., hã, tentar de alguma forma ajudar a minha comunidade, é..., é, lutando ..., pelos direitos indígenas mesmo. (Estudante de Políticas Públicas)
É, meu plano, meu plano é isso né, por exemplo, trabalhar no Ensino Superior e entrar no mestrado. ... Olha é uma coisa assim que tu..., são hipóteses né que tu pode dizer mas, eu espero daqui a 5, 6 anos, sabe, ter concluído o mestrado.., ter, quero ser pai, sabe. E... são coisas assim que..., que são hipóteses né, não sei. Quero voltar pra casa, dar mais atenção pra minha esposa sabe. Coisas dessa natureza assim. (Estudante de Pedagogia)
Em alguns casos, certa ambiguidade foi observada no que se refere a dar uma devolução prática para a comunidade ou para as populações indígenas de modo geral.
É, agora eu tô pensando tipo em trabalhar só com pessoal indígena. ... mas aí pode ser, trabalhar tipo no interior de hospitais, essas coisas assim, mas eu acho que é isso, eu quero fazer várias especializações também né, quero, tipo, continuar, fazer mais, mais, mais até pra tentar aprender mais coisas também ... olha, voltar pra cidade [de origem], é, talvez possa voltar né, mas tem isso, bah o desafio de voltar assim a me acostumar lá, no interior, essas coisas assim... mas, tudo pode acontecer né, ..., se for um trabalho assim, dá pra, dá pra arriscar, até por trabalhar com eles também né tipo, dá pra arriscar assim...” (Estudante de Fisioterapia)
Assim, a falta de uma visão mais clara sobre o futuro profissional (com a antecipação de tarefas, demandas e barreiras ocasionais) pode ser compreendida, dentre outros fatores, pela priorização de outros papéis de vida, bem como por uma cosmovisão distinta da categoria ‘trabalho’.
Discussão e considerações finais
Buscou-se compreender o significado dos projetos de vida e de carreira de estudantes indígenas de uma universidade pública do Rio Grande do Sul. Verificou-se que a dinâmica de vida relatada pelos participantes reflete um modus vivendi que indica a primazia da vida em família e comunidade, na qual o trabalho está intrínseco (Bergamaschi, 2013; D’Angelis & Veiga, 2001; Kurroschi, & Bergamaschi, 2013; Sahlins, 1970; Souza, 2002). Frequentar o Ensino Superior apresentou-se como um projeto coletivo, o qual demanda soluções práticas e viáveis para os problemas concretos enfrentados no dia a dia das comunidades. De fato, a possibilidade de auxiliar suas comunidades se demonstrou mais efetivamente relacionada às trajetórias educacionais e de carreira desses estudantes do que propriamente a possibilidade de expressar habilidades e interesses em termos ocupacionais, conforme enfatiza a psicologia vocacional (Capelo & Tommasino, 2004; Kurroschi & Bergamaschi, 2013; Super et al., 1996).
A influência da comunidade também se fez presente durante a escolha da profissão, cuja avaliação se deu em função da sua instrumentalidade, motivada pela necessidade de conexão com a cultura e história indígena e o fortalecimento de sua identidade cultural (Cheng & Jacob, 2008; Helme, 2010; Kelly, Robinson, Drysdale, Chesters, Faulkner, Ellender, & Turnbull, 2015; Kurroschi & Bergamaschi, 2013). Assim, objetivos educacionais e laborais não estão necessariamente ligados ao sucesso pessoal - conforme é concebido em contextos urbanos e industrializados -, mas a fatores relacionados ao bem-estar físico, espiritual e cultural de seu grupo social (Cheng & Jacob, 2008; Kelly et al., 2015; Rodrigues & Wawzyniak, 2006).
A questão da saliência de papéis é descrita como um importante fator de moderação das trajetórias de vida e trabalho dos indivíduos na sociedade ocidental capitalista (Brown & Lavish, 2006; Savickas, 2013; Super et al., 1996). No entanto, esse conceito deve ser olhado com cuidado ao se falar de outras culturas. No caso dos entrevistados neste estudo, uma explicação possível para a não centralidade do trabalho refere-se a uma concepção restrita dessa categoria na visão científica hegemônica, que o restringe a seu sentido econômico, de tal forma que seja visto como oposto à vida em família e comunidade. Dada a natureza intrinsecamente relacional da vida laboral também nas sociedades industriais, essa polarização com a vida social e familiar pode ser questionada (Blustein et al., 2004; Blustein, 2011a; Sahlins, 1970; Stead, 2004).
Entre os estudantes entrevistados, nota-se que construir e pensar no futuro implica necessariamente construir um futuro “com” e “para” seus familiares e comunidades. A relação com o trabalho não parece possuir uma existência separada das relações estabelecidas com a família, a terra, a natureza, etc. (Capelo & Tommasino, 2004; Sahlins, 1970). As teorias de carreira, portanto, devem considerar a matriz relacional inerente às atividades humanas, conforme é proposto pelas abordagens contemporâneas construcionistas, bem como se ajustar às peculiaridades culturais de diferentes grupos populacionais (Blustein, et al., 2004; Blustein, 2011b; Savickas, 2012; Stead, 2004).
Neste caso, como destacam os participantes do estudo, deve-se levar em consideração a construção de um projeto de vida coletivo, do qual a carreira também faz parte. O tema-chave que sustenta a escolha profissional, a vida na universidade e a projeção para o futuro é a construção de um capital coletivo de carreira, no qual o trabalho, remunerado ou não, possui a função de fortalecimento do patrimônio cultural indígena. Ainda, é através do trabalho e da qualificação profissional que se vislumbra uma reconexão com seus bens mais valiosos, ou seja, a sobrevivência material e simbólica de suas comunidades.
Por outro lado, poder-se-ia sugerir que existem diferenças individuais na negociação entre projetos pessoais e coletivos. Dessa forma, verificaram-se algumas ambiguidades e tensões em relação às aspirações para o futuro, sugerindo que os indivíduos não vivenciam a experiência cultural da mesma forma (Hall, 2000). Negociam-se, portanto, formas diversas de trabalhar e viver (Sabourin, 1999, 2012), à medida que se vislumbram possíveis “eus”, e neste caso “nós”, na construção de projetos de vida (Savickas, 2012).
Destaca-se que o acesso às carreiras de nível superior ainda é limitado a essa população (Bergamaschi, 2013; Hoffmann, Jackson, & Smith 2005). Assim, a construção de uma zona de alternativas profissionais aceitáveis e possíveis e que acima de tudo visem ao desenvolvimento das próprias comunidades tende a ser circunscrita por barreiras socialmente estabelecidas e pela falta de informações culturalmente apropriadas (Gottfredson, 2002, 2005; Helme, 2010; Kelly et al., 2015).
Mesmo que a escolha profissional seja centrada na construção de alternativas para a melhora da qualidade de vida entre os povos indígenas, pode-se pensar que os estudantes entrevistados possuíam baixa exploração vocacional. Destaca-se que a exploração vocacional nem sempre é consistente na tomada de decisão de carreira de jovens de diversos contextos (Sparta, Bardagi, & Andrade, 2005). A presença pouco expressiva de indígenas no Ensino Superior, com a consequente carência de modelos do papel de estudante universitário, podem forjar a crença de que a “universidade não é lugar de índio” e reforçar as estruturas desiguais de oportunidades (Gottfredson, 2002, 2005). Com isso, pode-se comprometer o otimismo em relação à inserção na universidade e ao futuro a ser construído a partir dessa experiência (Taber, 2012).
Igualmente, a circunscrição da oferta de cursos de nível superior para indígenas nas universidades brasileiras tende a minar o compromisso com a escolha vocacional, que está diretamente relacionada com os anseios de superação da desigualdade a que está submetido este grupo social. Ampliar o horizonte de escolhas pode significar projetos mais ajustados com o compromisso de desenvolvimento das comunidades indígenas.
Sabe-se que o tempo costuma ser vivido de forma cíclica entre os estudantes indígenas, salientando o presente e valorizando o passado e seus ancestrais (Bergamaschi, 2013; Juntunen & Cline, 2010; Kurroschi & Bergamaschi, 2013). Contudo, os participantes do estudo demonstram claras aspirações ao futuro, que visam a romper com um passado de exclusão, sem que isso signifique o abandono de seu patrimônio cultural (Bergamaschi, 2013; Capelo & Tommasino, 2004). Esse aspecto sugere que possuir uma temporalidade voltada ao presente não implica falta de projetos para o futuro. Novas experiências, tal como a vivência universitária, se refletem na reconstrução de si tanto de forma retrospectiva como prospectiva (Duarte et al., 2009; Savickas 2012).
A partir desse contexto, torna-se importante desenvolver programas de suporte vocacional para indígenas que possibilitem a construção de um “capital de carreira” que respeite o “capital cultural” desse grupo (Helme, 2010). Sugere-se a criação de espaços para que os acadêmicos em geral, e os indígenas em particular, possam refletir sobre o futuro, explorar a si mesmos e as possibilidades ao seu redor, ao mesmo tempo em que se possibilitem trocas culturais. Pensa-se, assim, que seja possível estimular o comportamento exploratório, o qual tende a ampliar as possibilidades da implementação de projetos alinhados aos propósitos de vida dos estudantes, tendo sublinhado os aspectos centrais de sua cultura e/ou seus “temas de vida chave” (Duarte et al., 2009; Super et al., 1996; Savickas, 2012).
No caso dos estudantes indígenas, a construção de projetos passa também pelo bem-estar e empoderamento coletivo, o que não é contemplado nas teorias tradicionais de carreira (Helme, 2010; Kelly et al., 2015). Portanto, a universidade deve abrir espaço para o diálogo intercultural a fim de repensar e ampliar as suas formas monolíticas de construção do conhecimento e organização da vida acadêmica.
Por fim, faz-se necessário apresentar as limitações deste estudo, uma vez que seus achados não são passíveis de generalização, devido à sua natureza exploratória. Por outro lado, consistiu em uma tentativa de aproximação de um caminho pouco percorrido na psicologia vocacional. Assim, sugere-se a realização de novos estudos sobre esta temática, a fim de ampliar o conhecimento em torno das peculiaridades da construção das vidas de trabalho de grupos sociais distintos. Um aspecto a ser mais bem investigado diz respeito aos recortes de gênero e suas implicações para a vida e a carreira de acadêmicos indígenas em diferentes universidades brasileiras, sejam elas públicas ou privadas.
Agradecimento
À agência de fomento, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [CNPq] - Bolsa de mestrado à primeira autora (134368/2014-2)
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
2017
Histórico
-
Recebido
18 Mar 2016 -
Revisado
24 Jan 2017 -
Aceito
06 Mar 2017