Neste estudo, buscou-se compreender os efeitos da discriminação racial na identidade e subjetividade de mulheres negras atendidas no programa SOS Racismo/Porto Alegre/RS. Essa pesquisa fundamentou-se em um grupo dispositivo, cujo objetivo foi ouvir as narrativas das mulheres que sofreram atos de racismo/discriminação e agenciar outras referências identitárias. O referencial teórico-metodológico utilizado para analisar o material empírico produzido nos grupos foi o das práticas discursivas, entendidas como a forma pela quais as pessoas produzem sentidos para experiências como as da violência racial. Os repertórios interpretativos presentes nos diálogos enunciados pelas mulheres referiam-se à discriminação racial e ao racismo e sinalizavam a construção de estratégias de enfrentamento e resistência. Acreditamos que a intervenção produziu efeitos políticos de reflexão e mudança, na medida em que o grupo construiu novos sentidos para as violências sofridas, transformando a narrativa pessoal em uma denúncia pública.
práticas discursivas; mulheres negras; discriminação racial; identidades e subjetividades; estratégias de resistência