RESUMO
Este trabalho descreve e analisa os processos pelos quais ansiedade e vida cotidiana são transformadas em alvos farmacológicos pelos profissionais de saúde pública do Uruguai. Durante 2013 e 2014 foram realizadas entrevistas em profundidade a 10 informantes qualificados, 35 profissionais de saúde pública (médicos gerais, de família, psiquiatras, psicólogos), dois grupos de discussão (um com médicos gerais e de família; outro com psicólogas) e revisão de bibliografia nacional sobre o tema. Identificou-se um cruzamento de duas concepções de ansiedade: uma pertencente ao campo médico, sustentada por conceitos distantes da experiência, e outra pertencente ao campo social, sustentada pela experiência de profissionais com seus pacientes. Conclui-se que sua vinculação com as chamadas "hipóteses sociológicas" da angústia possibilita a transformação de problemas cotidianos e derivados da situação socioeconômica imperiosa vivida pelos pacientes em problemas passíveis de processamento farmacológico mediante benzodiazepinas.
PALAVRAS-CHAVE:
Ansiedade; Benzodiazepinas; Psicofarmacologia; Vida cotidiana