Open-access CONTRIBUIÇÕES DE ORLANDO FALS BORDA À ANÁLISE DOS COMPROMISSOS SOCIOPOLÍTICOS DA CIÊNCIA

APORTES DE ORLANDO FALS BORDA AL ANÁLISIS DE LOS COMPROMISOS SOCIOPOLÍTICOS DE LA CIENCIA

ORLANDO FALS BORDA’S CONTRIBUTIONS TO THE ANALYSIS OF SCIENCE’S SOCIOPOLITICAL COMMITMENTS

Resumo

Nossa realidade sócio-histórica exige o envolvimento de cientistas das mais diversas áreas no debate público e uma compreensão rigorosa a respeito da relação entre a ciência e a realidade política local. A discussão sobre essas questões na academia latino-americana encontra referência seminal em Fals Borda, que na década de 1970 propôs uma concepção de ciência própria e subversiva como oposição ao colonialismo e à dependência intelectual. A partir de uma análise teórico-conceitual de textos de Fals Borda, procuramos delinear um conjunto de questões que possam auxiliar na apreciação dos compromissos sociopolíticos de nossa prática científico-acadêmica tendo como base a caracterização de ciência própria e subversiva. Uma ciência própria latino-americana contribui com o conhecimento universal partindo de critérios e necessidades do contexto local. Essa ciência seria necessariamente subversiva, comprometendo-se com a ruptura das estruturas sociais que sustentam a dependência intelectual.

Palavras-chave:
Orlando Fals Borda; Autonomia intelectual; América Latina; Ciência, Tecnologia e Sociedade; Mudança Social

Resumen

Nuestra realidad sociohistórica requiere la implicación de personas científicas de las más diversas áreas en el debate público y una comprensión rigurosa de la relación entre ciencia y realidad política local. La discusión sobre estos temas en la academia latinoamericana encuentra un referente seminal en Fals Borda, quien en los años 1970 propuso una concepción de ciencia propia y subversiva, como oposición al colonialismo y la dependencia intelectual. A partir de un análisis teórico-conceptual de los textos de Fals Borda, buscamos esbozar un conjunto de preguntas que puedan ayudar en la apreciación de los compromisos sociopolíticos de nuestra práctica científico-académica, a partir de la caracterización de una ciencia propia y subversiva. Una ciencia latinoamericana propia contribuye al conocimiento universal a partir de criterios y necesidades del contexto local. Esta ciencia sería necesariamente subversiva, comprometiéndose a la ruptura de las estructuras sociales que sustentan la dependencia intelectual.

Palabras clave:
Orlando Fals Borda; Autonomía intelectual; América Latina; Ciencia, Tecnología y Sociedad; Cambio social

Abstract

Our socio-historical reality demands the involvement of scientists from a wide range of fields in public debate and a rigorous understanding of the relationship between science and the local political reality. The discussion of these issues in Latin American academia finds a seminal reference in Fals Borda, who in the 1970s proposed a conception of an own and subversive science, as an opposition to colonialism and intellectual dependence. Based on a theoretical-conceptual analysis of Fals Borda’s texts, we seek to outline a set of questions that can help in the appreciation of the sociopolitical commitments of our scientific-academic practice, based on the characterization of an own and subversive science. An own Latin American science would contribute to universal knowledge based on the criteria and needs of the local context. This science would necessarily be subversive, committing itself to the rupture of the social structures that sustain intellectual dependence.

Keywords:
Orlando Fals Borda; Intellectual autonomy; Latin America; Science, Technology and Society; Social change

Introdução

Vivemos em um regime de sucateamento das instituições universitárias desde o golpe presidencial de 2016 contra Dilma Rousseff, passando pelos governos de Michel Temer e Jair Messias Bolsonaro (Caetano & Campos, 2019; Medrado et al., 2021; Saraiva, 2019). Educação, ciência e tecnologia passaram por um desmonte de suas políticas de Estado, com cortes progressivos de orçamento. Especialmente no governo Bolsonaro, somaram-se tentativas de supressão de dados desfavoráveis ao governo e a nomeação de reitorias interventoras em universidades e institutos federais (Saraiva, 2019).

O padrão de desmonte da ciência nacional não é exclusividade brasileira e pode ser observado em outros países da América Latina (e.g., Giniger & Carbone, 2020). Esse itinerário favorece a continuidade da dominação imperialista estadunidense, por meio da manutenção da dependência tecnológica e intelectual dos países latino-americanos. De fato, as diferentes manifestações da crise política vivida na última década contemplam interesses de manutenção da dependência brasileira e latino-americana, em um contexto cada dia mais evidente de rearranjo da hegemonia econômica global (Bolaño, 2023; Fernandes, 2019).

Dentre as circunstâncias políticas diretamente vinculadas à forma e aos efeitos dos ataques às universidades e à ciência são especialmente relevantes aquelas que se relacionam à pandemia de Covid-19 (Calil, 2021; Malta, Murray, Silva, & Strathdee, 2020; Neves & Ferreira, 2020). Com o número de mortes no país alcançando as centenas de milhares, o uso responsável do conhecimento científico tornou-se mais do que nunca uma questão de sobrevivência. Os atores políticos do bolsonarismo incentivaram teorias conspiratórias, a rejeição às recomendações de cientistas e profissionais de saúde, e a oposição a políticas de distanciamento social, testagem e vacinação da população. Em resposta aos ataques, foi possível observar uma tendência reativa à defesa de uma autoridade científica tecnocrática e neutra, que separaria os campos da ciência e da política como antagônicos (Neves & Ferreira, 2020).

As circunstâncias atuais intensificam a necessidade do envolvimento de cientistas das mais diversas áreas no debate público e exigem uma compreensão rigorosa a respeito da relação entre a ciência e a realidade política local. A escolha por negar o compromisso político da ciência (ao invés de qualificá-lo) pode favorecer ainda mais o projeto de desmonte da nossa ciência e a consolidação de nossa dependência tecnológica e intelectual. A necessidade de uma maior autonomia intelectual como uma exigência política e epistemológica não é um assunto novo na academia latino-americana, encontrando referência seminal na obra de Orlando Fals Borda (Alburquerque, 2013; Ballestrin, 2013; Escobar, 2003; Gewehr, 2010; Mota Neto, 2018).

O livro Ciencia propia y colonialismo intelectual (1971) reúne reflexões de Fals Borda sobre os compromissos da ciência com os contextos locais em um momento intermediário de sua obra (Cataño, 2008). O texto trazia a concepção de uma ciência própria como oposição ao colonialismo intelectual vivido na academia latino-americana. Essa ciência deveria necessariamente ser subversiva, por confrontar um status quo de dependência intelectual em relação aos países do norte global, comprometendo-se com valores de ruptura das estruturas sociais mantenedoras dessa condição. À época, Fals Borda passava por um processo de radicalização política e buscava se distanciar dos marcos objetivistas de sua formação acadêmica nos Estados Unidos, na qual, em suas palavras: “era obrigatório ser exato, muito objetivo, muito neutro, imitando os físicos que, para nós, eram apresentados como o ideal de cientista” (Fals Borda, 2004, p. 33).

Nas décadas seguintes a 1970, Fals Borda dedicou-se ao desenvolvimento de ferramentas metodológicas para a concretização de uma práxis que aliasse a produção de conhecimento a respeito das comunidades latino-americanas e ações voltadas à transformação de sua realidade (Fals Borda, 1991). Tais esforços culminaram no desenvolvimento da pesquisa-ação participante (investigación-acción participativa), que caracteriza “a um só tempo, um método de investigação, uma técnica educativa e uma ação política” (Mota Neto, p. 6). A influência do sociólogo colombiano e da pesquisa-ação participante para a psicologia latino-americana pode ser identificada desde o trabalho de Maritza Montero (1984). A autora estabelece Fals Borda, junto a Paulo Freire, como referência-chave para a produção da Psicologia Social própria da América Latina (Montero, 2010).

As problemáticas de interesse são éticas e políticas, bem como epistemológicas e metodológicas. Nossa discussão, naturalmente, não parte de uma premissa desinteressada. Os valores implicados dizem respeito à autonomia popular como um imperativo ético e à defesa pela transformação social como uma necessidade política de nossa realidade. Sobretudo, dizem respeito à defesa de que a interlocução com tais itinerários ético-políticos enraizados na história e no pensamento latino-americano pode trazer contribuições para a teoria e a prática de uma psicologia engajada no contexto local.

O objetivo deste artigo é delinear um conjunto de questões que possam auxiliar na apreciação dos compromissos sociopolíticos de nossa prática científico-acadêmica tendo como base a caracterização de Fals Borda de ciência própria e subversiva. A análise foi realizada a partir do Procedimento de Interpretação Conceitual de Texto (PICT)1, conforme descrito por Carolina Laurenti e Carlos Eduardo Lopes (2016). Cada capítulo do livro Ciencia propia y colonialismo intelectual (1971) foi analisado, além do apêndice post scriptum adicionado à quinta edição, Irrumpe la Investigación Militante (1981/2012), todos em suas versões impressas. Em sequência à interpretação conceitual da noção de ciência própria e subversiva de Fals Borda, construímos um conjunto de questões orientadoras à análise de compromissos sociopolíticos na ciência. Com base nesse material, desenvolvemos diretrizes para guiar a compreensão sobre as compatibilidades entre uma proposta científico-acadêmica e o projeto de uma ciência própria e subversiva.

Ciência própria e subversiva

O livro analisado é originalmente composto por oito capítulos compilados em 1970 a partir de diferentes escritos e discursos de Fals Borda, e recebeu um novo apêndice em 1981. Seu ponto de partida era um ensaio crítico sobre o relatório do delegado presidencial dos Estados Unidos, Nelson Rockefeller, sobre a situação da América Latina. Datado de 1969, o Relatório Rockefeller visava incentivar uma nova política externa em relação aos países latino-americanos. Fals Borda diagnosticava que a aceitação dessa política condicionaria a produção técnica e científica de nossos países a seguirem em lógicas de imitação e importação, com referências situadas no norte global e em suas normativas sobre a ciência. O sociólogo propunha um caminho contrário, a favor de uma ciência própria e subversiva. De acordo com o autor, em períodos anteriores, não seria viável propor tal itinerário científico, e a mudança seria consequência da crise pela qual a América Latina passava.

O conceito de crise recebe um tratamento especial ao longo de Ciencia propia y colonialismo intelectual. Em um alto grau de abstração, crise seria “uma situação em que uma sociedade ou nação, em seu desenvolvimento histórico, experimenta contradições e inconsistências de tal entidade que sua solução não é alcançada sem produzir transformações fundamentais, levando a um novo tipo de estrutura social” (Fals Borda, 1971, p. 33). Seu sentido não estaria completo de modo abstrato, sendo necessária a contextualização empírica em sua conjuntura sócio-histórica. A crise latino-americana daquele momento estava ligada a um processo de mudanças produzidas pelas contradições de uma sociedade dependente, com o fracasso do reformismo e do desenvolvimentismo em resolver os problemas estruturais de seus países e a explicitação crescente de mecanismos de exploração e dominação externos e internos nas sociedades latino-americanas. Com uma maior consciência geral sobre as implicações do imperialismo e do colonialismo, se intensificavam ao mesmo tempo a articulação de grupos subversivos e práticas repressivas violentas.

O contexto delineado por Fals Borda impunha desafios à prática científica. Suas reflexões sobre as exigências impostas por essa situação levaram a formulações teóricas a respeito do colonialismo intelectual e do seu enfrentamento por meio do projeto de uma ciência própria e subversiva. No restante da seção apresentaremos uma síntese interpretativa a respeito dessas formulações.

Conforme a análise do texto de Fals Borda (1971, 1981/2012), podemos compreender a noção de ciência própria a partir de uma articulação entre autonomia intelectual e compromisso-ação. Definir ciência própria, então, exige a caracterização desses conceitos.

Autonomia intelectual é uma situação oposta ao colonialismo e à servidão intelectual. Como uma forma de dominação político-cultural sobre outros povos, o colonialismo intelectual é caracterizado pela imposição de critérios e referências que universalizem as experiências de produção e acumulação do conhecimento a partir dos interesses dominantes. A condição vivida pelos povos dominados por essa estratégia colonialista é a servidão intelectual. Esta é caracterizada por práticas de mimetismo, reproduzindo modelos intelectuais inapropriados à realidade local, e também pela consequente contribuição aos interesses e à acumulação de conhecimento do povo dominador, em detrimento às necessidades e interesses do próprio povo.

Autonomia intelectual, desse modo, diz respeito à produção e acumulação de conhecimento que tenha como base critérios próprios da sociedade local, inclusive quando houver transplantes conceituais2 e o uso de referências estrangeiras. Uma produção intelectual autônoma e independente pode resultar em contribuições à ciência em nível universal, mas isso não seria a sua prioridade e apenas ocorreria como consequência do trabalho comprometido localmente.

Compromisso-ação, por sua vez, é uma atitude oposta ao compromisso-pacto. Atitudes de subserviência e concessões aos interesses dominantes relacionadas à noção de neutralidade científica e à separação entre ciência e política configuram o compromisso-pacto. Sua vigência leva à ideia de que a defesa do sistema social dominante seria uma posição objetiva, como atitude neutra e desinteressada por parte de cientistas e intelectuais. De forma consciente ou não, o compromisso-pacto contribui com a manutenção do status quo, seja por ação ou omissão.

O compromisso-ação nega a noção de uma prática científica desinteressada, assumindo a relação indissociável entre ciência e sociedade, e direcionando os esforços práticos e teóricos a uma causa política específica. Distanciando-se da identificação entre a objetividade e as noções de neutralidade ou desinteresse, o compromisso-ação envolve a compreensão de que os valores e as consequências práticas na realidade social fazem parte da ciência. Sendo assim, elucidar os compromissos implicados nos empreendimentos científicos seria necessário à rigorosidade científica e enriqueceria sua objetividade, ao invés de negá-la.

Definida pela tomada ativa e consciente de posição no empreendimento científico e no comprometimento com uma causa política específica, a noção de compromisso-ação não é delimitada a uma única expressão política. Embora Fals Borda defenda o compromisso-ação especificamente voltado a valores de libertação e revolução, o conceito envolve, basicamente: (a) uma dimensão de práxis, como união entre teoria e prática a fim de produzir determinado efeito na realidade; (b) um critério de objetividade que exige a elucidação e a explicitação dos compromissos e valores implicados em sua prática científica; e (c) o estabelecimento de grupos-chave, que devem servir como referência e fonte de demandas e apoio à prática científica e à efetivação de suas causas.

De cada um desses aspectos depreendem-se exigências ao trabalho científico que se organizam de acordo com as especificidades de cada compromisso, com o contexto sócio-histórico vivido e com a própria área científica. Entre essas exigências de trabalho, é de especial importância a questão do desenvolvimento de metodologias que deem conta do emprego coerente do compromisso-ação. Os métodos adotados necessitam de formas de garantir a unidade entre teoria e prática ao longo dos processos de pesquisa e ação; de promover a atenção crítica e reflexiva a respeito dos valores de quem pesquisa, acompanhando o empreendimento de maneira transversal; além de modos de integração e colaboração com as comunidades reconhecidas como grupos-chave, o que exige especial cuidado ético e rigor.

Nas especificidades dos países latino-americanos, possibilidades de uma ciência própria exigem a constituição de uma ciência subversiva. Uma ciência subversiva envolve um direcionamento a valores de ruptura com um determinado status quo, em prol da construção de novas possibilidades de existência.

No que diz respeito à autonomia intelectual, a necessidade da subversão parte do reconhecimento da condição de servidão intelectual latino-americana, o que exige a ruptura com o padrão dominante da produção científica, sua dinâmica geopolítica colonialista e suas regras do jogo universalizadas a partir das experiências de países desenvolvidos. A subversão intelectual necessária envolve o reconhecimento das formas de saber endógenas de cada sociedade, a valorização dos potenciais de originalidade e criatividade dos povos locais e o tratamento de temas e problemas pouco reconhecidos pela ciência hegemônica. Entre outras coisas, envolve também a rejeição às delimitações dogmáticas entre as diferentes disciplinas científicas, que afastam compreensões integrais e complexas a respeito do indivíduo e da sociedade.

No campo do compromisso-ação, os valores revolucionários de ruptura social e o comprometimento com a libertação dos povos oprimidos seriam necessidades decorrentes do contexto latino-americano de desigualdade e dominação pelas elites internas e externas. A exigência pelo posicionamento em relação a esses contextos se torna ainda mais explícita em momentos de crise estrutural, nos quais a negação dos conflitos sociais se torna inviável mesmo para quem exerça compromissos-pacto. A circunstância de crise tem o papel de fortalecer a viabilidade das rupturas sociais, percebidas como possibilidades iminentes em momentos de acirramento dos conflitos sociais.

Questões de análise do compromisso científico

As propostas de Fals Borda (1971, 1981/2012) não nos oferecem um conjunto de procedimentos a serem aplicados na realidade atual para que alcancemos uma práxis científica própria e subversiva. Suas teses proporcionam contribuições para o esforço de apreciação crítica da qualidade do compromisso exercido na produção e difusão do conhecimento científico. A apresentação formal de uma ciência própria e subversiva dependerá do vínculo estabelecido com os grupos-chave e suas necessidades locais.

Com base na definição de ciência própria e subversiva que construímos, propomos sete temas associados a conjuntos de questões capazes de indicar as diretrizes do compromisso com uma ciência própria e subversiva: (a) menção a conflitos sociais; (b) caracterização de problemas sociais; (c) localização dos assuntos tratados; (d) perspectivas de resolução de problemas; (e) itinerários políticos; (f) dimensões éticas; e (g) teses sobre a atividade científica e suas relações, que compreende três subtemas: (a) relações com outras formas de conhecimento; (b) relações interdisciplinares; e (c) noções sobre o comportamento científico. Nossa perspectiva parte do campo da psicologia, mas as questões permitem a sistematização de análises de diferentes conjuntos de textos, publicações e documentos acadêmicos em relação a seus compromissos sociopolíticos.

Tabela 1 Questões orientadoras à análise de compromissos sociopolíticos na ciência.
Tema Questões orientadoras
Menção a conflitos sociais. O material menciona conflitos de interesses entre diferentes grupos? Como esses grupos são caracterizados? Há um posicionamento a respeito dos conflitos?
Caracterização de problemas. O material menciona algum problema social? Qual? É especificado quem esse problema afeta? É apontado por que seria um problema? Há declarações sobre o que criou/cria o problema?
Localização dos assuntos. O material menciona alguma questão como específica a um contexto local? Qual o contexto? Há implicações práticas e/ou teóricas?
Perspectivas de resolução de problemas. São apresentadas possíveis soluções aos problemas mencionados? Quem seria responsável? As soluções envolvem perspectivas de transformação ou de ajustamento social? Há declarações sobre o papel da ciência ou de cientistas na resolução de problemas sociais? Que papel seria esse?
Itinerários políticos. O material menciona algum movimento político, movimento social ou filosofia política? Quais? Como são caracterizados no texto?
Dimensões éticas. Há declarações sobre os valores éticos da ciência ou de cientistas? O que é dito a respeito?
Teses sobre a atividade científica e suas relações. Outras formas de conhecimento. Há declarações sobre as relações entre o conhecimento científico e outras formas de conhecimento? Quais relações seriam essas?
Relações interdisciplinares. Há declarações sobre as relações com outras áreas de conhecimento científico? Quais relações seriam essas?
Comportamento científico. O material menciona variáveis que afetam o comportamento de cientistas/especialistas? Quais?

O primeiro tema diz respeito ao tratamento a conflitos sociais, com a análise de menções ou posicionamentos a respeito de conflitos de interesse entre diferentes grupos ou pessoas. A caracterização de problemas sociais tem como foco não apenas quais problemas são enfatizados, mas também quais pessoas são afetadas por aquilo que está sendo caracterizado como um problema, possíveis justificativas para essa caracterização e apontamentos sobre condições ou atores responsáveis pela existência do problema. A localização dos assuntos configura o terceiro tema, dizendo respeito à descrição de questões como específicas de um contexto sócio-histórico, além de explicações sobre qual contexto seria esse e quais as implicações práticas e/ou teóricas dessas especificidades.

O quarto tema trata das perspectivas para a resolução dos problemas, com destaque à distinção entre lógicas de transformação ou de ajustamento social, além da especificação de quem seria responsável por possíveis soluções apresentadas. O tema seguinte é voltado aos itinerários políticos mencionados e caracterizados no discurso científico, como movimentos políticos, movimentos sociais ou filosofias políticas. A análise de dimensões éticas parte de declarações sobre os valores éticos da ciência ou de cientistas. O sétimo e último tema envolve diferentes subtemas de questões sobre ciência e cientistas. O primeiro subtema trata de enunciados sobre a relação com outras formas de conhecimento, para além do saber científico. Afirmações sobre relações interdisciplinares entre diferentes áreas do conhecimento científico dizem respeito ao segundo subtema. No terceiro subtema o foco são menções a variáveis que afetem o comportamento de cientistas ou especialistas.

Diretrizes para uma ciência própria e subversiva

Definida a nossa caracterização de uma ciência própria e subversiva, e organizados os temas e questões de nossa análise do compromisso científico, podemos apresentar algumas diretrizes organizadas a partir dos sete conjuntos de questões. As diretrizes podem orientar nossa compreensão a respeito das compatibilidades de uma proposta científico-acadêmica com o projeto de uma ciência psicológica própria e subversiva.

Menção a confitos sociais

Fals Borda (1971, 1981/2012) estabelece a compreensão a respeito dos conflitos sociais como um critério de efetividade para a ciência, tanto na acumulação de conhecimento quanto na sua responsabilidade social. Essa tese é endossada pelo argumento de que os antagonismos presentes na sociedade interferem na produção científica, o que se torna ainda mais intenso em contextos de crise. Desse modo, a investigação a respeito dos conflitos e antagonismos sociais favorece, ao mesmo tempo: (a) uma produção de conhecimento coerente com a nossa realidade; (b) possibilidades de ações efetivas a favor dos interesses das pessoas prejudicadas pelos desequilíbrios nessas disputas; e (c) um critério de objetividade científica na qual quem pesquisa esteja consciente das formas como sua prática é afetada por essas circunstâncias.

Orientações que neguem ou ocultem os conflitos sociais, por sua vez, são relacionadas por Fals Borda ao compromisso-pacto com a manutenção do status quo. Esse aspecto se torna ainda mais relevante com a compreensão de que a crise brasileira atual tem relação direta com mecanismos de despolitização (Sabrina Fernandes, 2019). O sociólogo colombiano apontava como modelos teóricos hegemônicos em países desenvolvidos traziam concepções que enfatizavam a ordem social, o que favoreceria teorizações incompatíveis com a realidade latino-americana. A produção de uma ciência própria e subversiva também envolve, então, o questionamento sobre suas filiações com diferentes concepções do debate político e das ciências sociais.

Caracterização de problemas sociais

Defendemos que o projeto de uma ciência psicológica própria e subversiva exigiria que a caracterização dos problemas sociais a serem enfrentados tome como base as necessidades das maiorias populares e das populações oprimidas. Essa orientação deveria, ainda, ser coadunada com o enfoque histórico e estrutural na compreensão da gênese dos problemas. As discussões de Fals Borda (1971, 1981/2012) apontam a um modo de compreensão dos fenômenos sociais que envolva aspectos concretos de cada situação, processos históricos e disputas, sem perder de vista o tratamento conceitual rigoroso e o conhecimento científico acumulado.

Localização dos assuntos tratados

O colonialismo intelectual permanece como um problema a ser enfrentado. A questão se intensifica após a década de 19703, com a consolidação da hegemonia estadunidense no cenário global e o fortalecimento do projeto de dominação denunciado por Fals Borda (1971) com base no Relatório Rockfeller. O itinerário a favor da autonomia intelectual exige a contextualização do fazer científico em diferentes aspectos. Para além de questões de natureza epistemológica, ainda são necessários o enfrentamento aos problemas locais e a luta política a favor da ciência nacional.

Uma questão central é a relação entre conhecimento local e universal. No mimetismo científico, as regras e modelos estrangeiros são reproduzidos sob uma premissa de universalidade do conhecimento que antecede a avaliação sobre a adequação dessas referências ao contexto local. A autonomia intelectual, por sua vez, envolve a definição das prioridades que organizarão o empreendimento científico com base em necessidades próprias, de modo que tornar-se ou não uma contribuição a uma corrente intelectual universal seria uma consequência secundária. Esse processo de avaliação se demonstra necessário à prática científica autônoma, exigindo uma análise rigorosa e constante a respeito dessas relações.

Perspectivas de resolução de problemas

As orientações a modos de intervenção de uma ciência própria e subversiva não envolvem cursos de ação ou métodos definidos previamente, mas uma adequação da lógica de trabalho aos diferentes contextos sob a orientação de um compromisso-ação. Por si só, a configuração de um compromisso-ação exige a eleição explícita de valores políticos que informarão a prática, bem como os grupos-chave que deverão ser atendidos e reconhecidos como fonte de demanda e apoio. Fals Borda (1971, 1981/2012) defende, ainda, que épocas de crise exigem a preferência por métodos e conceitualizações mais simples, claros e precisos, como forma de facilitar a comunicação com diferentes atores sociais.

Defendemos a eleição de grupos oprimidos e de movimentos antiopressão como grupos-chave para a atuação de uma ciência própria e subversiva em nosso contexto. Nesse compromisso-ação, a ciência psicológica deve envolver uma orientação propositiva que indique alternativas de atuação. A articulação de possibilidades de intervenção por parte dos grupos sociais afetados deveria ser privilegiada, bem como o emprego de métodos participativos.

Itinerários políticos

O itinerário político de uma ciência própria e subversiva pode ser compreendido com base nos grupos-chave eleitos. Os grupos-chave são atendidos por essa ciência e colaboram com ela, servindo como referência e apoio. O objetivo político da pesquisa e da ação está relacionado às necessidades e às demandas desses grupos, o que delimita quais pautas e doutrinas políticas podem se demonstrar compatíveis ou não com o compromisso-ação. A eleição de populações historicamente oprimidas e da militância antiopressão para esse papel significaria um compromisso contra a opressão e a exploração, e a favor das transformações sociais necessárias para o processo libertador.

Dimensões éticas

A proposta de uma ciência própria e subversiva prevê uma dimensão de investigação e explicitação dos valores e compromissos que orientam a atividade de quem pesquisa. Fals Borda (1971, 1981/2012) relaciona essa consciência a respeito dos valores como uma dimensão da objetividade necessária ao rigor científico. São concepções relacionadas a um entendimento de que a ciência necessariamente envolve compromissos com determinados interesses e juízos de valor, de modo que a ocultação desses compromissos apenas serviria à manutenção do status quo e atenderia aos interesses dominantes.

Trazendo os valores ao centro da discussão sobre a construção da ciência própria, o sociólogo colombiano recorreu ao conceito de libertação para orientar sua proposta. A sociologia da libertação seria um campo da ciência sociológica voltado à ruptura da estrutura social e das relações de poder, a favor do fim da exploração sofrida pela população e da promoção de novas possibilidades de existência. O processo libertador é o objeto de investigação dessa ciência e, ao mesmo tempo, o objetivo de sua atuação. Enfatizada por Paulo Freire no campo da pedagogia e Fals Borda na sociologia, a ética da libertação ganha destaque na psicologia com o trabalho de Ignacio Martín-Baró (Martín-Baró, 1986/2006; Montero, 2004). A aproximação a esse projeto por parte de qualquer área científica orienta a defesa por valores relacionados ao combate às diferentes formas de opressão e exploração na sociedade.

Teses sobre a atividade científca e suas relações

As concepções a respeito da ciência estão no cerne das discussões realizadas até aqui. Mesmo problematizando as regras do jogo hegemônicas (e, especialmente, sua imposição), o tratamento crítico dado por Fals Borda (1971, 1981/2012) ao tema parte do reconhecimento da importância do processo de acumulação de conhecimento que caracterizaria o empreendimento científico. Esse processo é tomado pelo autor como uma prioridade em relação aos aspectos normativos e institucionalizados do fazer científico. Ainda assim, a acumulação de conhecimento não teria valor por si só e se justificaria por seus potenciais políticos, pelas mudanças na sociedade que permitiria. A relação com outras formas de saber deveria ser de aproximação e não de distanciamento, e o conhecimento científico deveria estar a serviço dos interesses populares.

O sociólogo rejeita lógicas reducionistas a respeito dos fenômenos sociais, defendendo a relação inextricável entre as ciências sociais e a política, estudar a sociedade e transformá-la. Desse modo, se faz necessária uma concepção científica que reconheça a possibilidade de transformação nas relações que compõem a sociedade e a participação do compromisso político na prática científica. Essa concepção também deve permitir a postura colaborativa entre cientista e população na acumulação do conhecimento socialmente relevante. Além de somar-se aos saberes populares, as diferentes disciplinas científicas também deveriam se somar entre si, para compor um entendimento mais integral a respeito da humanidade, rompendo com o modo fragmentado como o conhecimento científico está organizado.

Em momentos como o que vivemos hoje é compreensível o impulso em se fixar na autoridade científica como forma de enfrentar o crescimento de ameaças como o negacionismo da saúde, o desmonte das universidades públicas, o pânico moral e a perseguição a populações oprimidas. Dessa forma, as normas científicas (muitas vezes defendidas com base na credibilidade de grandes centros universitários estrangeiros) são exaltadas como modo de garantia de isonomia, como a chave para a identificação das respostas e do caminho correto. O que escapa às suas normativas é tomado como conhecimento inválido, hierarquicamente afastado do saber científico. Aliás, não há motivos para surpresa quando essa lógica acaba incorrendo na negação à legitimidade das ciências sociais, por não se ajustarem aos critérios das ditas hard sciences.

O caminho de uma ciência própria e subversiva nesses momentos de crise não está na aparente segurança das regras do jogo, mas também não incorre na crítica árida que acaba contribuindo com o ideário anticientífico. A escolha é pela negação das falsas dicotomias e do afastamento entre ciência e sociedade. A crise deveria ser motivo de uma aproximação às maiorias populares; de simplificação dos métodos e das teorizações em favor de formas participativas trabalho; e da presença do saber científico no debate político, não como algo estranho ou superior a ele. Isso significa que o senso comum deveria ser disputado no campo da política e da cultura, e não suplantando pela autoridade científica.

Considerações finais

Procuramos investigar as noções de ciência própria e subversiva de Orlando Fals Borda e suas implicações para pensarmos o projeto de uma ciência comprometida em nossa realidade sócio-histórica atual. Uma ciência própria é caracterizada por condições de autonomia intelectual e compromisso-ação. Defendemos o compromisso com as populações oprimidas e com os movimentos antiopressão, e que a efetivação desse projeto envolve valores subversivos de ruptura com as condições sociais atuais. Com base nas propostas de Fals Borda, foram sugeridas sete temáticas capazes de orientar a apreciação de compromissos sociopolíticos na ciência.

Ainda há muito a ser recuperado em relação às contribuições de Fals Borda ao debate atual sobre as relações entre a ciência e a realidade sociopolítica local, e aos estudos sociais brasileiros em amplo aspecto. Novas incursões pela obra do autor podem proporcionar reflexões relevantes aos temas aqui tratados. Esperamos que o conteúdo que apresentamos possa fomentar análises voltadas aos compromissos de diferentes propostas científicas. As diretrizes e questões aqui sugeridas podem ser testadas, modificadas ou contrapostas no processo.

Nosso uso de conceitos de Fals Borda foi limitado a um pequeno conjunto de textos e não permite extrapolações a respeito do restante da obra do autor. A escolha desse material ainda traz limitações relacionadas ao transplante de uma discussão situada na Colômbia do século XX ao Brasil atual, o que exige esforços de contextualização. A proposta também está conscientemente vinculada a posicionamentos ético-políticos específicos, sem a pretensão de supor algum tipo de relação necessária entre teses ontológicas, epistemológicas, metodológicas, éticas e políticas (embora compatibilidades possam ser apontadas).

No cenário brasileiro atual, esperamos que nosso estudo possa contribuir com a inserção de cientistas e profissionais a favor dos caminhos que desejamos para a ciência psicológica e a nossa sociedade, e para que essa inserção aconteça de modo crítico e suficientemente informado. Especialmente, esperamos favorecer caminhos que correspondam aos interesses e às necessidades próprias de nossa população (e não de elites estrangeiras ou locais). Nossa pesquisa foi realizada com vista a um horizonte político voltado à ruptura com as estruturas de dominação vigentes, e à construção de uma sociedade mais justa e equânime por meio da radicalização da participação e da autonomia popular. Tal horizonte exige uma nova relação entre a ciência e as maiorias populares.

Notas finais

  • 1
    A primeira etapa do PICT (Laurenti & Lopes, 2016) é listar conceitos e doutrinas mencionados no material, apresentando suas definições a partir de trechos extraídos preferencialmente do próprio texto. A segunda etapa é uma caracterização das teses do texto, localizando a posição do autor em relação ao tema da pesquisa. Foram consideradas teses tradicionais as doutrinas, teorias e argumentos criticados por Fals Borda. As teses alternativas foram as propostas apresentadas pelo autor em função das críticas às teses tradicionais. Na terceira etapa organiza-se esquemas gráficos a partir das relações entre as teses e críticas. A última etapa é a elaboração da síntese interpretativa, com base nos esquemas gráficos já produzidos. Na pesquisa atual, também elaboramos um glossário a partir do uso de alguns verbetes ao longo dos capítulos. Embora o PICT identifique e sintetize as principais teses do texto, o glossário ajudou a integrar conceitos, termos e noções importantes do livro, organizando-os em um único documento que serviu como apoio adicional para a síntese final.
  • 2
    O termo é apresentado em analogia ao transplante de órgãos (Fals Borda, 1971). Trata-se da importação de um conceito desenvolvido em um outro contexto cultural. O autor defende que os critérios para a adaptação adequada desses conceitos são um tema central à discussão sobre a servidão intelectual.
  • 3
    Embora Fals Borda (1971) afirmasse um potencial pré-revolucionário nas condições vividas na década de 1970, as mudanças observadas foram contrarrevolucionárias, ocorrendo por meio da ascensão do neoliberalismo (Mathias & de Brito, 2016; Treacy, 2019). Conforme o movimento de expansão capitalista pós-Segunda Guerra dava sinais de falência, a ideia de um estado de bem-estar social passa a ser apontada como a causa a da crise. Então, a neoliberalização cumpriu o papel de reorganizar os padrões de dominação internacionais e internos, consolidando a subordinação dos países dependentes e fornecendo um modo de supressão temporária sobre as possibilidades de mudanças estruturais.
  • Financiamento
    A pesquisa foi financiada pela CAPES, por meio da bolsa de mestrado (código de financiamento 001) do primeiro autor, e pelo CNPq, por meio da bolsa de doutorado (processo nº 165674/2021-0) do primeiro autor, do projeto aprovado no Edital Universal 2021 (processo nº 423361/2021-0) e da bolsa de produtividade em pesquisa (processo nº 315116/2021-8) da segunda autora.
  • Consentimento de uso de imagem
    Não se aplica
  • Aprovação, ética e consentimento
    Não se aplica

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2025
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    27 Jun 2023
  • Revisado
    28 Ago 2024
  • Aceito
    04 Set 2024
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