Apresentamos algumas discussões de uma pesquisa em que acompanhamos aproximadamente quinze mães de adolescentes que sofreram violência quando cumpriam medida socioeducativa. Buscamos analisar como certas concepções de "vítima" são atualizadas nas falas, ações, sentimentos e pensamentos dessas mães e como tais concepções contribuem para engendrar processos de produção de subjetividades. Para tanto, utilizamos a cartografia, um método de pesquisa da subjetividade que almeja acompanhar processos, e não representar realidades já dadas. Realizamos vinte encontros com as mães, na forma de assembleia geral, registrados em atas e diário de campo. Suas falas e ações oscilavam entre duas formas-subjetividade antagônicas: a reprodução de formas individualizadas de sofrimento e a criação de formas de organização coletiva para lutar por seus direitos, questionando a individualização da violência. Esperamos colaborar com o debate sobre a violência na atualidade, possibilitando problematizar a noção de "vítima", desnaturalizar práticas e vislumbrar outros modos de exercício da cidadania.
violência; subjetividade; vítima