Foram entrevistados nove homens e três mulheres, residentes na região da cidade de Caxias do Sul - RS, todos diagnosticados como dependentes de substâncias, segundo critérios do DSM-IV, para que descrevessem suas experiências de abstinência e recaída nas tentativas de recuperação da dependência química. A análise qualitativa das entrevistas orientou-se pelos movimentos reflexivos de descrição, redução e interpretação fenomenológica. A experiência da abstinência foi atribuída aos seguintes constituintes e contextos experienciais: consciência do problema aditivo por parte do dependente, resgate de vínculos familiares, recomposição de auto-estima, afastamento de ambientes favorecedores da adição, e envolvimento em práticas religiosas. A ausência dos constituintes e contextos identificados na experiência de abstinência caracterizou a manutenção do consumo. Os elos experienciais interpretados como essenciais à experiência de abstinência foram as redes interpessoais de apoio - constituídas por profissionais, familiares e novos amigos - e o envolvimento como colaboradores na recuperação de outros dependentes químicos.
drogas; dependência; abstinência; recaída; fenomenologia existencial