pusp
Psicologia USP
Psicol. USP
0103-6564
1678-5177
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Resumen
Este trabajo busca desarrollar una aproximación entre el pensamiento de Milton Erickson (1901-1980) y el de Charles Peirce (1839-1914) enfocándose en las nociones de singularidad y falibilismo para demostrar las similitudes existentes, el papel que juegan en sus trabajos, cómo se relacionan y las implicaciones teóricas que generan para la hipnosis. El artículo describe brevemente el contexto histórico de ambos autores y cómo esto influyó en sus concepciones iniciales. A seguir, se discute cómo el falibilismo presente en la concepción de la semiosis considera la singularidad de los fenómenos existentes y viabiliza el sinequismo, así como los procesos de evolución constante a través del cambio de hábitos. Este estudio desarrolla la observación de Erickson sobre el sujeto como signo representativo de las experiencias vitales y relaciona, inicialmente, las implicaciones teóricas del concepto de mente como semiosis en torno al proceso constitutivo de los fenómenos accesibles en la experiencia de trance.
Apesar da retomada de interesse em pesquisas sobre hipnose como proposta terapêutica nas últimas duas décadas, os trabalhos realizados atêm-se à mensuração de eficácia da técnica (Ardigo et al., 2016), cuja aplicação é compreendida sob uma lógica alopática (McKernan, Nash, & Patterson, 2018; Saltis, Tan, & Cyna, 2017). No entanto, discussões teóricas sobre a emergência da experiência de transe, a articulação de processos de dimensões subjetivas e somáticas no seu desenvolvimento e a constituição subjetiva implicada geralmente não são priorizadas por pesquisadores. Concomitantemente, nenhum modelo explicativo neurológico tem se demonstrado capaz de esclarecer como a comunicação hipnótica age de forma a promover reconfigurações duradouras - envolvendo dimensões somáticas e subjetivas do sujeito -, a fim de consolidá-la enquanto proposta terapêutica (Halsband & Wolf, 2019).
O psiquiatra americano Milton H. Erickson (1901-1980) foi o maior responsável pela retomada do uso da hipnose em psicoterapia no século XX (Neubern, 2009). De forma enigmática, utilizava metáforas, contos de histórias e prescrições de tarefas para a promoção de mudanças terapêuticas no sujeito, as quais ampliaram substancialmente os questionamentos em relação aos processos de mudança humana (Erickson, 1980; Haley, 1973/1991). Erickson desenvolveu uma prática clínica pautada na singularidade do sujeito, na qual o consciente não é o centro das intervenções nem o mediador mandatório das comunicações para a ocorrência das mudanças terapêuticas. O psiquiatra não se afiliou a nenhuma abordagem psicológica, assim como não se posicionou nas discussões históricas de estado e sugestão1 (Neubern, 2009). Seu posicionamento ateórico lhe permitia pensar articulações entre interno/externo, determinismo/autonomia e mudança/permanência no domínio subjetivo sem rigidez dogmática. Erickson trabalhava o transe como estado e, ao mesmo tempo, como sugestão, devido ao seu caráter subjetivo, elusivo e fluido. Dessa forma, ele, por vezes, se refere à hipnose essencialmente como comunicação de ideias (Erickson, 1980, p. 237) que, em terapia, constrói um contexto de mudança e de exploração de recursos próprios do sujeito.
No entanto, Erickson não publicou teorias elaboradas sobre sua forma de pensar o processo terapêutico. Sua noção de inconsciente enquanto um outro saber dotado de recursos capazes de serem acessados em estado de transe (Bioy, 2018) faz oposição ao inconsciente freudiano, mas não chega a ser apresentado explicitamente em um sistema teórico. Neubern (2017b) expõe a possibilidade de a lacuna teórica de Erickson ter sido proposital para que sua forma de clinicar perseverasse diante das posturas institucionais dogmáticas das comunidades científica e de regulação de práticas psicoterápicas daquela época. Por isso, seus artigos que descreviam o emprego de suas técnicas e estudos de caso investigando fenômenos hipnóticos (Erickson, 1980) suscitaram questionamentos sobre sua forma de comunicação terapêutica e as capacidades da hipnoterapia. Isso fez que os pesquisadores preterissem as concepções ericksonianas sobre a constituição do ser humano. Desse modo, ao pesquisar a hipnose ericksoniana em busca de tais concepções, cabe contemplar a obra de Erickson como um todo, dando atenção minuciosa a suas práticas, enquanto se tecem teorias próprias que lhe sejam pertinentes.
No que tange à pesquisa, algumas complicações surgem tanto em relação às características do fenômeno hipnótico em si quanto à ausência de uma teoria demarcando o processo de construção das intervenções psicoterápicas de Erickson. Primeiramente, a natureza da experiência de transe permite alteração espontânea ou voluntária de alguns processos envolvidos na assimilação e manutenção de memórias, de modo que fenômenos hipnóticos como memórias falsas (Erickson & Rossi, 1994) e amnésia seletiva podem se estabelecer de maneira temporária ou duradoura (Erickson, 1966; Erickson & Weitzenhoffer, 1960/1980). Em alguns casos, elas comprometem a fidedignidade do relato do sujeito sobre a própria experiência de transe. Depois, ao considerar as variadas e criativas formas que as intervenções de Erickson adquiriam, alguns terapeutas as justificam como um fazer espontâneo e intuitivo advindo de um potencial criativo sobre-humano, considerando-as inapreensíveis e rejeitando a possibilidade de que fossem embasadas em um elaborado pensamento adquirido em experiência de vida (O’Hanlon, 1994).
Pesquisas recentes sobre hipnose e subjetividade têm se respaldado na semiótica de Charles Peirce como alternativa para compreensão dos processos comunicativos em hipnose (Neubern, 2016, 2017c) e como possibilidade de explicação para as intervenções de Erickson (Neubern & Nogueira, 2019). Para tais fins, a experiência de transe é conceituada como um conjunto de processos nos quais as referências eu-mundo são alteradas (Neubern, 2016, 2017a). Já a compreensão dos signos em seus níveis lógicos de significação de Peirce facilita a formulação de possibilidades explicativas sobre como as comunicações hipnóticas co-constroem e favorecem a emergência da experiência de transe. Essa perspectiva de co-construção é relevante por abranger a hipnogênese dos processos psicoterápicos, ou seja, o modo como estes produzem nos interlocutores aquilo que anunciam (Neubern, 2018), transcendendo a discussão entre sugestão e estado2. Considerar os processos subjetivos enquanto configurações semióticas permite articular a forma como as comunicações hipnóticas interagem com tais processos. Partindo do que a relação terapêutica comunica em si, a semiótica possibilita conceber as potenciais razões que levaram Erickson a se comunicar de determinada maneira em demandas clínicas específicas.
As obras de ambos os autores demonstram pertinência na forma de construção de seus conhecimentos e, apesar de não desenvolverem diretamente uma concepção de subjetividade, as concepções implícitas se complementam em pontos específicos. Logo, o objetivo deste trabalho é demonstrar as semelhanças existentes entre o pensamento presente nas obras de Milton Erickson e de Charles Peirce, especificamente, o papel que a singularidade e o falibilismo desempenham em suas ideias, como se relacionam e as implicações teóricas que geram para a hipnose. É necessário pontuar que tal aproximação teórica é muito recente em termos de pesquisa, portanto, as ideias e relações discutidas neste estudo estão em estágios iniciais, traçando possiblidades teóricas e articulações arriscadas, mas importantes para o desenvolvimento do conhecimento nesse campo.
Charles S. Peirce
Charles Sanders Peirce (1839-1914) nasceu em Cambridge, no estado norte-americano de Massachusetts. Seu pai, Benjamin Peirce (1809-1880), era professor da Universidade Harvard e matemático renomado de sua época; desse modo, C.S. Peirce cresceu rodeado de intelectuais importantes e foi introduzido aos campos da matemática, astronomia e física. Também entrou em contato muito cedo com a filosofia kantiana, a qual dominava desde os 16 anos. Sua proximidade com a ciência o levou a se graduar em química, em Harvard, em 1863. Seus interesses, na época, se encontravam entre a filosofia e a teoria da ciência moderna, a qual se dizia portadora de um método que permitia alcançar o conhecimento verdadeiro a partir da experiência (Barrena & Nubiola, 2007). Assim, suas reflexões se inspiravam no método das ciências experimentais e ocorriam em três etapas gerais. Na primeira, Peirce refletia livremente sobre a experiência e hipóteses explicativas; na segunda, empenhava-se na consideração das possíveis consequências e implicações dessas hipóteses; por fim, na terceira, verificava, por indução, se essas consequências correspondiam à realidade (Peirce, CP 5.358-387)3.
A influência positivista e materialista em Peirce não o levou ao empiricismo ou à negação de uma realidade interna; na verdade, ela urgiu que seu conhecimento considerasse uma realidade independente do ser humano, cujas leis agem sobre ele constantemente e não se fazem claras à consciência ou a seus sentidos. Esses aspectos culminaram em uma fenomenologia própria, sobre a qual se compreende que a realidade também comunica algo em si, além de uma teoria em que o signo assume o papel de intermediário entre polos dicotômicos como objetivo x subjetivo, singular x geral, concreto x abstrato, momentâneo x etéreo.
Fenomenologia para Peirce não se refere a uma ciência da realidade, mas a uma ciência dos modos de ser de toda a experiência. Peirce pensa a experiência em si, enquanto “limitada àquilo que somos irracionalmente, imediatamente e absolutamente constrangidos a aceitar” (MS 299)4. No que se refere à constituição da experiência por fenômenos materiais ou mentais, essa definição é ambígua, contudo, a inclusão de fenômenos mentais fica clara quando descreve uma experiência como “um evento singular, ou uma expectativa dele” (Peirce, MS 319). A fenomenologia, em sua obra, constitui-se enquanto base a partir da qual se erigem estética, ética, lógica e metafísica (Peirce, CP 5.39). Sua semiótica se fundamenta em três categorias fenomenológicas crescentes em nível de complexidade, traçadas cuidadosamente ao longo de 13 anos, de forma que abarcassem precisamente os fenômenos que compõem uma experiência.
A categoria mais primitiva e abstrata é a primeiridade, presente em toda e qualquer experiência e sobre a qual se erguem as outras duas categorias. Na primeiridade, encontram-se sentimentos e qualidades puras, os quais assumem o papel de maior importância em seu sistema. Peirce entende que a primeiridade é composta por qualidades que se perdem quando categorias analíticas são envolvidas (Medeiros, 2009). Essa dimensão é de potencialidade, embora constituinte das demais. A forma em si é secundária, encontra-se na secundidade, categoria de resistência, relação e singularidade, em que a qualidade de sentimento se restringe aos meios de ocorrência da realidade para poder ser expressa.
A terceiridade conclui as categorias fenomenológicas acatando elementos indispensáveis como lei, convenção, generalidade, representação e inteligibilidade. A aprendizagem e concepção de ideias só são possíveis através da sistematização de experiências e criação de signos gerais, de um nível de complexidade superior a relações singulares, que as representem de forma a incluir possível causalidade e especulação sobre leis determinantes. A existência dessas leis, no entanto, não depende necessariamente das ocorrências singulares que a tornam concebível, isto é, existente à parte da realidade mental, representando parte de sua atuação em ocorrências singulares (Silva, 2017).
Parte do que sustenta a conexão lógica entre essas categorias fenomenológicas de naturezas tão distintas é a estrutura triádica irredutível da ação do signo, na qual os universos de experiência se apresentam a uma mente que interpretará essa realidade. O signo representa o objeto para uma mente, gerando nessa mente um resultado subjetivo, ou seja, um outro signo chamado de interpretante (Peirce, CP 8.343), o qual nunca representa plenamente o objeto; pode apenas se aproximar dele, tornando a semiose um processo mais complexo do que uma constante captação perfeita do objeto.
A complexidade da semiose é consequência do falibilismo intrínseco aos processos interpretativos que, em vez de produzir um interpretante idêntico ao objeto, gera uma infinidade de interpretantes. Esse falibilismo traz implicações e reflexões importantes para a obra de Peirce. Primeiramente, abre a possibilidade de evolução, seja da mente intérprete em um processo de semiose ou de uma teoria que se propõe a elucidar fenômenos e se depara com uma proposição não condizente com a realidade (Peirce, CP 2.75). Além disso, atribui à semiose elementos subjetivos da mente intérprete na urdidura do interpretante, fundamentando teoricamente a singularidade de cada interpretação, sistemas de ideias e mente, sendo esta também um signo, como será esclarecido adiante.
Cada signo manifesto em realidade necessariamente se expressa limitando qualidades puras (primeiridade) em formas viáveis de expressão (secundidade) e representa algo (terceiridade) (Jappy, 2013). Esse processo de limitação das qualidades ao meio de expressão gera uma infinidade de signos possíveis, por mais semelhantes que sejam. A singularidade de expressão da qualidade é preservada na constituição do signo em si, e a mente do intérprete, incapaz de assimilar o signo na sua completude, tece um interpretante habitado pela singularidade da articulação entre o que é comunicado pelo signo e as referências utilizadas para a interpretação em si.
O processo de semiose resguarda os aspectos tênues que tornam singulares mesmo os signos que representam ideias gerais, evitando que os objetos representados ofusquem as características sutis do signo e do contexto em que a semiose ocorre. Dessa forma, à medida que as interpretações são organizadas em sistemas de ideias mais elaborados, chamados hábitos, esses aspectos singulares da experiência podem influenciar o sistema como um todo. Hábito para Peirce se refere à característica inerente aos fenômenos de atenderem a leis gerais, possibilitando continuidade, regularidade e tendência (Santaella, 2016).
Os hábitos exercem um papel importante na semiótica de Peirce, pois se constituem como diversas leis mentais mutáveis que regem processos de semiose e ensaios mentais, exercendo influências de mesma capacidade que semioses de signos materiais. No entanto, esses hábitos são organizados em uma certa hierarquia, na qual alguns são responsáveis por instâncias de mudanças de hábitos, capazes de formar ou abandonar hábitos com algum objetivo, propósito ou intenção em mente (Nöth, 2016). Os ensaios mentais, particularmente, desempenham um grande papel no processo de mudança de hábitos.
Todos esses aspectos permitem discutir a semiótica de Peirce para além de um sistema de construção de significados de forma coerente com outros escritos em que são pensados o mundo, o ser humano e a relação da consciência com a realidade. Colapietro (1989/2014) discute a abordagem do self contida na teoria geral de signos de Peirce, na qual este considera a mente como um signo em constante evolução (Peirce, CP 5.313), utilizando faculdades de autocontrole, autocrítica e autoconsciência. Assim, a consciência avalia a adequação e orienta a mudança de hábitos . No entanto, como mencionado anteriormente, evolução implica falibilidade.
Existem situações em que as faculdades de autocontrole podem se demonstrar insuficientes para conduzir o abandono de hábitos que desempenham uma determinada função (como abandonar um vício) ou inaptas à formação apropriada de um hábito específico para um objetivo estipulado (como fazer um planejamento). Igualmente falíveis, as faculdades de autocrítica e autoconsciência podem se revelar cegas diante da necessidade de se formar novos hábitos, seja para o cumprimento de uma meta futura ou para a inadequação de um hábito prejudicial a longo prazo. Essas faculdades também são passíveis de aperfeiçoamento ao longo de processos de semiose experienciados.
Relações com o pensamento de Milton Erickson
Erickson é comumente retratado como um ateórico (Zeig, 1980) por dois motivos: em primeiro lugar, sua prática clínica foi profundamente embasada por suas próprias observações e aprendizados de vida, sem fazer relação às grandes correntes teóricas da psicologia da época (Erickson, 1980); depois, intervenções terapêuticas eram tramadas tendo como eixo noções captadas a partir da experiência vivenciada com o sujeito em terapia, sem fazer referência a ideias dogmáticas a priori. A tentativa de enquadrar um sujeito em uma teoria ou em um diagnóstico frequentemente leva o terapeuta a intervenções traçadas linearmente e a ações protocolares que desconsideram características singulares do sujeito. Logo, a perspectiva de Erickson era a de que cada pessoa se desenvolve dentro das interpretações que faz daquilo que experiencia ao longo da vida e, por ser natural, devia ser aceito como tal, marcando o princípio clínico de aceitação (O’Hanlon, 1994).
Ao relacionarmos o modo como Erickson concebe o vir a ser do ser humano e o processo de formação de hábitos a partir de interpretantes, podemos traçar ideias iniciais de uma compreensão orgânica dos processos de aprendizagem. A formação de hábitos não corrobora a existência de sistemas encerrados, imutáveis, isentos de singularidades. À medida que compreendemos os diversos processos humanos nessa perspectiva, incluindo aqueles de dimensão somática, os elementos singulares envolvidos na produção dos interpretantes que compõem o hábito podem estar resguardados, mesmo que inapreensíveis.
Em relação ao devir de uma dimensão psíquica, cabe-nos pensar sobre a abordagem da mente enquanto signo em evolução e suas implicações teóricas. A mente passa a ser considerada em movimento tal como o da semiose, orientada por um objeto inapreensível que, por meio de experiências, age de modo a se determinar em seus interpretantes (Peirce, MS 319). Essa perspectiva coloca a mente sob uma teleologia evolutiva na qual as experiências em si, ou a generalização delas, são infinitas formas de representação de uma proposta inconcebível em sua totalidade, mas aproximável. Em outras palavras, a mente é orientada em direção a sua forma de expressão mais completa, seu interpretante final, e, para tal, se representa em infinitos interpretantes, tecidos a partir de suas experiências singulares.
Peirce também identifica a mente como semiose, em parte para ressaltar seu aspecto de exterioridade, visto que, enquanto pensamento, está submissa a leis de lógica e ao controle (Colapietro, 1989/2014). Erickson, em diversos momentos, aponta na hipnose o potencial do sujeito de acessar capacidades que se manifestam em situações vividas, mas que ele não sabe que possui (Neubern, 2009; O’Hanlon, 1994; Zeig, 1980). Essas normalmente passam despercebidas, devido a ideias ou modos de ser inflexíveis do sujeito. Em uma perspectiva peirceana, o objeto não obtém interpretantes suficientemente maduros das experiências que o representam, pois hábitos de interpretação se encontram demasiadamente cristalizados. Isto é, variados fenômenos hipnóticos evocados em experiência de transe são processos do próprio sujeito, com outras possibilidades de articulação, mas que se encontram restritos na lógica de funcionamento atual.
Nesse sentido, Erickson propunha uma observação refinada, de modo a reconhecer no sujeito um entrelaçamento de experiências significadas em diferentes níveis, que se apresentavam na forma por meio da qual o sujeito se expressa, podendo ou não estar relacionadas com sua demanda. Dessa forma, ao priorizar a observação da totalidade do sujeito, certificava-se que seu pensamento se construísse considerando processos intrapsíquicos, modos de relação social e com o mundo, assim como a forma de gesticulação que expressa e as habilidades que demonstra possuir. Esses aspectos, a seu ver, comunicam tanto sobre o sujeito e sua demanda quanto sobre a comunicação verbal, e carregam em si potencial terapêutico (Erickson, Rossi, & Rossi, 1976, 1979; Zeig, 1985). Semioticamente, essa postura se traduz em uma contemplação do sujeito enquanto signo em seu caráter dinâmico, captando suas minúcias e atentando-se ao que a experiência da relação em andamento comunica em si, por vezes expressando possíveis reconfigurações pertinentes à lógica de funcionamento daquele sujeito.
A singularidade das intervenções de Erickson reside igualmente nos modos como transmitiam suas ideias a seus sujeitos. Muitas vezes, prescrevia que executassem tarefas ou que se comunicassem com pessoas de outros ambientes que frequentavam, ou ainda que o acompanhassem a um restaurante. Dessa maneira, Erickson não limitava os processos terapêuticos ao consultório nem à relação terapeuta-sujeito ou a comunicações verbais (Erickson, 1980). Assim, suas intervenções, vivenciadas pelo sujeito, movimentavam vários signos colaterais, envolvendo aspectos relevantes da apresentação da demanda e incluindo diferentes hábitos no processo de mudança terapêutica. Esse processo de transmissão de sugestões terapêuticas mediante ampla gama de signos colaterais é uma das características da comunicação indireta de Erickson (Neubern, 2016; Nogueira, 2019).
As sugestões hipnóticas não são exceção em termos de singularidade e abrangência comunicativa. Por meio de descrições, metáforas e contos de histórias, Erickson veiculava ideias que pretendia comunicar, as quais, envolvidas por signos, faziam sentido para realidade do sujeito, de acordo com as referências captadas ao longo da terapia. Cabe notar que, em relação à hipnose, Erickson coloca em prática o uso de ensaios mentais ou meditação preparatória (Peirce, CP 6.286) como forma efetiva de mudança de hábitos (O’Hanlon & Hexum, 1990).
A falibilidade pode ser considerada em três momentos diferentes no pensamento de Erickson: (1) sugestões mal comunicadas podem transmitir algo que não condiz com a intenção do terapeuta, por isso, precisão e clareza são necessárias; as comunicações não precisam ser diretas e objetivas, mas devem orientar adequadamente o sujeito para a experiência proposta; (2) é esperado que em algum momento o sujeito, com seus próprios hábitos interpretativos, faça uma interpretação imprevista pelo terapeuta, cabendo ao contexto terapêutico abarcar esse potencial criativo e (3) alguns sintomas são apenas hábitos que permanecem, apesar de não desempenharem mais uma função, devido a uma inflexibilidade ou inabilidade do sujeito de se desfazer deles em sua condição atual, sem estar ligado a uma causa maior (O’Hanlon, 1994).
Como consequência, a falibilidade sustenta a responsabilidade do terapeuta sobre a sua forma de comunicação e o princípio clínico da aceitação, o que requer dele resistência ao impulso de impor sua visão de mundo, respeitando modos de ser e de pensar em prol da autonomia do sujeito. Erickson, de modo a incentivar esse potencial criativo do sujeito, fazia uso de sugestões abertas (open-ended suggestions), nas quais restringia o processo construtivo da resposta do sujeito de forma breve e segura, permitindo a ele criar (Erickson & Rossi, 1979).
Implicações teóricas
O falibilismo de Peirce concede a possibilidade de evolução, e ambos sustentam seu sinequismo, o princípio de continuidade universal que não separa hermeticamente realidades qualitativas, materiais e racionais (Peirce, CP 6.169-173). Essa proposta entra em acordo com o entrelaçamento que a experiência de transe gera entre processos tidos como inacessíveis ou incontroláveis, senão por uma lógica biomédica como a analgesia, anestesia e hipersensibilidade tátil, assim como processos muitas vezes associados a um funcionamento patológico, como a alucinação visual, auditiva ou tátil e a dissociação. Considerando a trajetória evolutiva dos signos, esses processos, enquanto signos, são colocados em perspectiva diante da totalidade das experiências passadas em que se manifestaram, tomando-as como parte de sua constituição, conectando-os a dimensões sociais, de relação com o mundo e com outros. Essa possiblidade não ignora aspectos herdados e determinados biologicamente; apenas leva em conta que se desenvolvem por meio da formação de hábitos em constante relação com uma secundidade - um universo externo de relação. Por exemplo, consta no reflexo de um atleta as experiências, o contexto, as emoções e as relações singulares em que essas emoções foram desenvolvidas; na sensibilidade, à dor de um arranhão estão implícitas experiências em que o sujeito se feriu e as variadas interpretações que gerou a partir delas.
Nesse sentido, o sinequismo de Peirce permite explicar o modo como processos de uma dimensão somática adquirem novas formas de manifestação, pois nenhum signo está de fato completo, mas em constante evolução (Peirce, CP 5.313), uma vez que nenhuma soma de individualidades pode constituir uma generalidade (Peirce, MS 319). Logo, um fenômeno vivenciado, como uma anestesia, não pode ser limitado às situações em que se manifestou previamente. Ele é um processo não encerrado, ainda em desenvolvimento, podendo se atualizar a cada manifestação, produzindo interpretantes mais complexos de si, mas sem ignorar a possiblidade de apresentar rigidez e resistência a mudanças. Em muitos casos, Erickson, ao clinicar, evocava esses fenômenos descrevendo ao sujeito diversas experiências passadas em que manifestou aquelas capacidades naturalmente e sugeria outras possibilidades de experiências nas quais poderiam se manifestar. É possível que a alteração de referências do sujeito construa o contexto necessário para que esses fenômenos sejam acessados pela sua iconicidade - suas semelhanças qualitativas e relacionais (Neubern & Nogueira, 2019; Nogueira, 2019) - e, a partir da experiência de transe, redes de hábitos flexibilizem-se para que tais fenômenos trabalhem em prol do sujeito.
Relevante lembrarmos que a experiência de transe pode ocorrer em um nível sutil, no qual as alterações das referências de relação eu-mundo possibilitam uma despotencialização da lógica racional, permitindo que outros processos comumente inibidos se envolvam na elaboração da experiência. Esse aspecto lhe confere caráter singular que se assemelha à natureza de um sonho, na qual a totalidade dos eventos não pode ser reduzida à capacidade do sujeito de relatar o ocorrido. Ademais, a experiência é igualmente caracterizada por uma estrutura fugaz em que fenômenos hipnóticos como a amnésia e alteração da capacidade de assimilação podem se manifestar espontaneamente, resultando em uma menor participação dos processos conscientes, para preservar um hábito das significações produzidas ou vice-versa. Por outro lado, esses fenômenos podem ser evocados de modo a resguardar uma sugestão perante hábitos dominantes, como as estruturas falhas de autocrítica e autoconsciência, que impediriam a mudança terapêutica. Em vez de racionalizar as intervenções terapêuticas, submetendo-as aos seus hábitos interpretativos, o sujeito primeiro experiencia as articulações de processos sugeridas; assim, estabelecem novos interpretantes e possibilidades de modos de ser, para depois assimilá-los aos seus hábitos de autocontrole, autocrítica e autoconsciência.
Por um lado, a hipnose não responde ao critério de reprodutibilidade de resultados comumente utilizado em pesquisas na área da saúde, devido à natureza inconstante da experiência de transe. O comprometimento da relatabilidade dessa experiência não considera o sujeito como fonte única e soberana de inteligibilidade da experiência vivenciada, rompendo com critérios de legitimação de teorias contemporâneas de subjetividade (Gonzalez Rey, 2003). Conforme Peirce, isso revela seu caráter subjetivista, visto que isola a mente em uma interioridade privada e excluída das interações com os signos públicos (Peirce, CP 2.222).
Porém, a noção de mente como semiose compreende que pensamentos podem se expressar externamente, representando-se no autocontrole que cada um exerce sobre si. É evidente que um pensamento pode não se manifestar de forma tão pública e objetiva como um signo material; no entanto, essa afirmação fundamenta, de certa forma, a conexão singular que se faz em determinadas experiências de transe em que se aparenta vivenciar o mundo do outro.
Além disso, considerando a experiência de transe como uma alteração das referências eu-mundo, é possível que as novas referências de relação para aquela experiência específica surjam sobre a concordância entre finalidade e intencionalidade de ambas as partes, ou seja, terapeuta e sujeito, considerando, inclusive, o conhecimento que o terapeuta demonstra ter dos hábitos de interpretação daquele sujeito. A dissonância entre alguns desses elementos pode levar o sujeito a retornar a suas referências anteriores, de modo a deixar-se menos vulnerável ao ponto de recuperar a sensação de controle sobre si, reduzindo, todavia, a presença do outro em seu mundo, até então, exteriorizado.
Considerações finais
Ambos os autores, inspirados por mentalidades afins, desprenderam-se de paradigmas dominantes de pensamento das suas épocas, rejeitando teorias reificadas de explicação da realidade. Tomando a experiência em si como ponto de partida, Erickson desenvolveu seu pensamento clínico centrando-se na singularidade do sujeito, enquanto Peirce elaborou a base conceitual de sua fenomenologia de forma que não encerrasse a singularidade dos fenômenos, mesmo que representassem características gerais. Essas categorias fundamentaram uma perspectiva de realidade infinita, ao mesmo tempo que determinada.
Este estudo é, acima de tudo, uma tentativa de aproximação entre dois autores com extensas obras, dotadas de pontos conflitantes. Peirce buscou expor seu pensamento de forma mais clara e objetiva, almejando, ao mesmo tempo, que captassem da forma mais fidedigna possível as suas ideias. Erickson, por sua vez, omitiu detalhes, explicações intelectuais e teóricas a seus discípulos e aos pesquisadores que o procuravam, concedendo diversas descrições de sua prática clínica para que chegassem a suas próprias conclusões (Neubern, 2017c).
Reconhece-se que este trabalho contribui para compreensão de alguns fenômenos característicos da experiência de transe à medida que relaciona seus processos constitutivos enquanto simultâneos às experiências em que se manifestam, sem sacrificar seu aspecto filogenético. No entanto, compreende-se que outras relações também são possíveis entre as características de singularidade e falibilismo estabelecidas pelos autores, e qualquer afirmação nesse sentido seria demasiadamente contraditória.
Uma limitação do trabalho é que Erickson não expôs um conceito claro do que considerava o inconsciente, apesar de se referir e se endereçar a ele repetidamente. Seu intuito ao utilizar a comunicação indireta era que esta se direcionasse a instâncias inconscientes do sujeito (Erickson & Rossi, 1979). Peirce, por sua vez, desenvolveu muitas das noções apresentadas neste texto fazendo referência à consciência racional. Colapietro (1989/2014) deixa claro que Peirce se referia a uma consciência racional e a hábitos de conceitos intelectuais quando expõe suas formulações a respeito do ser enquanto signo. De início, seu sistema semiótico foi desenvolvido para signos materiais, e a mudança de hábitos foi concebida em relação a conceitos intelectuais. Contudo, em seus escritos tardios, ele começa a apresentar novas definições de seus conceitos, abrangendo experiências mentais e expandindo sua concepção de razão, o que tornou seu pragmaticismo mais conciso (Silva, 2017).
A clínica de Erickson pode aparentar ser avessa à ética de conhecimento de Peirce, visto que não há testagem indutiva da hipótese no sentido experimental. Porém, o pensamento de Erickson não era destituído de lógica, à medida que absorvia o maior número de informações possíveis sobre o sujeito, refletia possiblidades terapêuticas na sua perspectiva e propunha intervenções no que Peirce compreenderia como indução qualitativa:
A indução qualitativa consiste primeiro na dedução do investigador da hipótese retrodutiva como um peso evidente de predições condicionais genuínas que este pode convenientemente empreender para fazer e trazer à prova, sendo a condição sob a qual ele as afirma ser a da hipótese retrodutiva com tal grau e tipo de verdade que assegure a sua verdade. Ao chamá-las de “previsões”, não quero dizer que elas devam se relacionar com acontecimentos futuros, mas que devem anteceder o conhecimento do investigador da sua verdade, ou, pelo menos, que devem praticamente antecedê-la. (Peirce, CP 2.759, tradução nossa)
A teorização de uma proposta que vise compreender como se articulam os processos envolvidos na experiência de transe deve reconhecer a natureza hipnogênica do contexto clínico, as especificidades apresentadas pelo campo e suas implicações metodológicas (Neubern, 2018). Apesar de Peirce (CP 7.95-96) argumentar em prol da experimentação no que tange à validação de teorias, inúmeros de seus conceitos se estabeleceram pela força de sua argumentação lógica e de sua pertinência na relação com o empírico. Portanto, deve-se ponderar que ambos os autores não se oporiam à pesquisa qualitativa em hipnose, desde que exercida com o rigor metodológico adequado. Logo, propõe-se o aprofundamento da investigação do fenômeno hipnótico sob uma perspectiva semiótica.
Referências
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1
O debate sobre estado e sugestão na história da hipnose reflete contribuições feitas ao campo desde o século XIX, pela escola de Paris, liderada por Charcot, e pela escola de Nancy, liderada por Liébault e Bernheim (Neubern, 2009). A escola de Paris explicava a hipnose como um estado especial por razões fisiológicas, enquanto a escola de Nancy a compreendia como resultante de processos sociais de expectativas, complacência e autoridade.
2
Isso se dá porque (1) Erickson tinha uma concepção de self transitório, atravessado pela dimensão social, na qual a natureza das forças influentes (real/imaginário) não difere em seu resultado, semelhante à concepção de Peirce (Colapietro, 2014); e (2) a comunicação hipnótica, sob a perspectiva semiótica, passa por um processo interpretativo que não se reduz em perspectivas de fabricação ou revelação da realidade (Neubern 2017a, 2017b, 2018; Nogueira, 2019).
3
CP é o formato de referência padrão para os Collected Papers de Charles Peirce, citados como: CP, volume, ponto, parágrafo.
4
MS é o formato de referência padrão aos manuscritos não publicados de Charles Peirce citados, segundo a ordem de R. Robin.
Autoría
Hugo Nogueira Gonçalves ** Endereço para correspondência: hugo1989@gmail.com
Universidade de Brasília, Brasília, DF, BrasilUniversidade de BrasíliaBrasilBrasília, DF, BrasilUniversidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
Universidade de Brasília, Brasília, DF, BrasilUniversidade de BrasíliaBrasilBrasília, DF, BrasilUniversidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
Como citar
Gonçalves, Hugo Nogueira. Singularidad y falibilismo: un diálogo entre Milton Erickson y Charles Peirce. Psicologia USP [online]. 2022, v. 33 [Accedido 16 Abril 2025], e200047. Disponible en: <https://doi.org/10.1590/0103-6564e200047>. Epub 15 Ago 2022. ISSN 1678-5177. https://doi.org/10.1590/0103-6564e200047.
Instituto de Psicologia da Universidade de São PauloAv. Prof. Mello Moraes, 1721 - Bloco A, sala 202, Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, 05508-900 São Paulo SP - Brazil -
São Paulo -
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Brazil E-mail: revpsico@usp.br
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