Open-access Vínculos familiares na perspectiva de pais de jovens com anorexia ou bulimia: estudo qualitativo utilizando o genograma

Family bonds from the perspective of parents of young people with anorexia or bulimia: a qualitative study using the genogram

Liens familiaux du point de vue des parents de jeunes souffrant d’anorexie ou de boulimie : étude qualitative utilisant le génogramme

Vínculos familiares desde la perspectiva de los padres de jóvenes con anorexia o bulimia: estudio cualitativo utilizando el genograma

Resumo

Em contextos familiares vulnerabilizados por transtornos mentais graves como os transtornos alimentares (TA), os vínculos podem constituir fator de risco ou proteção. Este estudo teve como objetivo analisar as representações da estrutura e organização familiar e das dinâmicas vinculares das famílias de origem e constituída, na ótica de pais de jovens com anorexia ou bulimia. Foi utilizado o método clínico-qualitativo, com proposições teóricas da Psicanálise Vincular. O genograma foi aplicado a cinco participantes. Os dados foram submetidos à análise temática. As configurações vinculares que emergiram das formulações discursivas dos pais mostraram famílias de origem numerosas, representação do vínculo com a mãe como acolhedor e com o pai como afetivamente empobrecido. Na família constituída, o relacionamento conjugal se caracterizou por um padrão de complementaridade fusional; com as filhas, a vinculação foi representada como harmônica, o que diverge da literatura. Ser herdeiro de modelos parentais pouco contenedores e com vínculos conflituados pauta o modo como os participantes representam suas vivências de paternidade.

Palavras-chave: relação pai-filha; transtornos alimentares; paternidade; parentalidade; psicanálise vincular

Abstract

Family contexts made vulnerable by severe mental disorders, such as eating disorders (ED), may have family bonds as a risk or protection factor. This study aimed to analyze the representations of family structure and organization and the bonding dynamics of background and constituted families from the perspective of parents of young people with anorexia or bulimia. The clinical-qualitative method and theoretical propositions of Linking Psychoanalysis were used. A genogram was applied to five participants. Data were analyzed by thematic analysis. The representations of bonding configurations that emerged from fathers’ discursive formulations showed numerous families of origin and bonding with the mother represented as welcoming and with the father as emotionally impoverished. In the constituted family, the marital relationship was characterized by a pattern of fusional complementarity; with the daughters, the bonding was represented as harmonious, which diverges from the literature. Being an heir of parenting models that are not very containing and show conflicting bonds shapes the way participants represent their experiences of parenthood.

Keywords: father-daughter relationship; eating disorders; paternity; parenting; psychoanalysis of linking configurations

Résumé

Dans des contextes familiaux fragilisés par des troubles mentaux graves, tels que les troubles des conduites alimentaires (TCA), les liens familiaux peuvent être un facteur de risque ou de protection. Cette étude analyse les représentations de la structure et de l’organisation familiale et la dynamique des liens familiaux, qu’ils soient d’origine et constitués, du point de vue des pères de jeunes souffrant d’anorexie ou de boulimie. On a utilisé la méthode clinique-qualitative et des propositions théoriques de la Psychanalyse des Configurations des Liens, en appliquant le génogramme à cinq participants. Les données ont été soumise à une analyse thématique. Les configurations de liens qui émergent des formulations discursives des pères montrent des familles d’origine nombreuse, une représentation du lien avec la mère comme chaleureux et avec le père comme affectivement appauvri. Dans la famille constituée, la relation conjugale est caractérisée par un schéma de complémentarité fusionnelle; chez les filles, le lien est représenté comme harmonieux, ce qui diffère de la littérature. L’héritage de modèles parentaux peu soutenants et avec des liens conflictuels est un facteur dans la représentation que les pères font de leurs expériences de parentalité.

Mots-clés : relation père-fille; troubles des conduites alimentaires; paternité; parentalité; psychanalyse des configurations des liens

Resumen

Los contextos familiares vulnerados por trastornos mentales graves, como los trastornos de la conducta alimentaria (TCA), pueden tener el vínculo familiar como factor de riesgo o de protección. Este estudio tuvo como objetivo analizar las representaciones de la estructura y organización familiar, y las dinámicas de vinculación de las familias de origen y constituidas desde la perspectiva de los padres de jóvenes con anorexia o bulimia. Se utilizó el método clínico-cualitativo y las proposiciones teóricas del Psicoanálisis Vincular. Se aplicó el genograma a cinco participantes. Los datos pasaron por un análisis temático. Las representaciones de las configuraciones vinculares que surgieron de las formulaciones discursivas de los padres mostraron familias de origen numerosas, vínculo representado como acogedor con la madre y empobrecido emocionalmente con el padre. En la familia constituida, la relación marital se caracterizó por un patrón de complementariedad fusional; con las hijas, el vínculo se representó como harmonioso, divergiendo de la literatura. Ser heredero de modelos parentales poco contenedores y con vínculos conflictivos, orienta cómo los participantes representan sus experiencias de paternidad.

Palabras clave: relación padre-hija; trastornos de la conducta alimentaria; paternidad; parentalidad; psicoanálisis de configuraciones vinculares

Introdução

O grupo familiar e as relações estabelecidas entre seus membros têm função estruturante na constituição psíquica do sujeito, configurando os vínculos como elementos essenciais para o desenvolvimento saudável (Berenstein & Puget, 1997). A noção de configuração vincular nos convida a considerar que há dois ou mais sujeitos que estabelecem entre si laços que desenham um tipo de vinculação específica, permeada por elementos conscientes e inconscientes, no bojo de uma situação que se organiza e produz efeitos de subjetividade e alteridade. Portanto, a presença do outro (ou “o outro em presença”) está na gênese de todo o processo de constituição subjetiva (Berenstein, 2004; Bergagna, 2022). Entre os diversos aspectos que conferem à família o papel fundamental que ela assume na constituição psíquica, um diz respeito à sua função enquanto sistema de socialização, funcionando como matriz inaugural das experiências de alteridade (Berenstein & Puget, 1993).

Com o advento da modernidade, a família passou a assumir um papel central na responsabilidade pelo cuidado, especialmente de crianças e idosos, além de ser o horizonte no qual as primeiras relações interpessoais do sujeito vão se estabelecer, possibilitando a construção de recursos afetivos fundamentais para a maturação emocional (Machado, Féres-Carneiro, & Magalhães, 2015; Scorsolini-Comin & Santos, 2016; Valdanha, Scorsolini-Comin, & Santos, 2013; Valdanha-Ornelas & Santos, 2016b). Na perspectiva da Psicanálise Vincular, a família é responsável por inserir o indivíduo em uma linha histórica e genealógica que lhe confere o sentimento de pertencimento, permitindo, assim, o reconhecimento de si próprio e sua progressiva diferenciação em relação aos outros e ao mundo externo (Gomes & Levy, 2016).

A trajetória do amadurecimento emocional é permeada por uma série de circunstâncias, transitórias ou duradouras, que marcam o percurso da constituição subjetiva de cada um e suas transformações nos diferentes espaços vinculares (Berenstein & Puget, 1993). Entre os eventos adversos no curso do desenvolvimento, a incidência de um transtorno mental grave e persistente em um membro pode repercutir em todo o grupo familiar, constituindo em uma fonte significativa de sofrimento que potencializa dificuldades tanto para o sujeito quanto para a família. Os transtornos alimentares (TA) são caracterizados como graves perturbações do comportamento alimentar comumente encontrados em adolescentes e jovens (Santos et al., 2023a). A pluralidade de configurações sintomáticas possíveis e a cristalização de uma condição crônica e de etiologia multifatorial podem acarretar rupturas que abalam o equilíbrio da trama vincular e influenciam a dinâmica de funcionamento familiar (Gil, Oliveira-Cardoso, & Santos, 2023a, 2023b; Gil et al., 2022; Leonidas & Santos, 2015; Matta Simões, Gil, & Santos, 2023; Siqueira, Santos, & Leonidas, 2020; Valdanha-Ornelas & Santos, 2016a).

Os TA configuram um padrão recorrente de sintomas, que têm em comum alterações nos hábitos alimentares e grave distorção na autopercepção do peso e do formato corporal (Santos et al., 2023b). Frequentemente estão associados a outras comorbidades psiquiátricas e ao risco de morte prematura, o que implica em uma propensão elevada ao suicídio e inúmeras complicações médicas (American Psychiatric Association [APA], 2013; Leonidas & Santos, 2017; Schaumberg et al., 2017). Nos dois tipos de TA mais conhecidos, anorexia e bulimia, nota-se que as demandas suscitadas pelo quadro clínico, em suas diferentes configurações sintomáticas, resultam em complicações que impactam o sistema familiar, comprometendo o funcionamento dos vínculos e tensionando as interações estabelecidas entre os membros (Fava & Peres, 2011; Santos, Leonidas, & Costa, 2016; Siqueira et al., 2020; Valdanha-Ornelas, Squires, Barbieri, & Santos, 2021, 2023). Em comparação com famílias cujos membros não são afetados por diagnóstico clínico de condição psíquica grave e persistente, as famílias com TA apresentam maiores níveis de envolvimento emocional excessivo e maior tendência de acomodação perante comportamentos disfuncionais relacionados ao transtorno. Também é comum identificar experiências de cuidado consideradas negativas e prejuízos na qualidade de vida dos membros (Leonidas & Santos, 2016; Matta Simões et al., 2023; Santos et al., 2023b; Simões & Santos, 2023).

Para pensarmos a família no contexto vincular, buscamos apoio teórico da Psicanálise Vincular, uma corrente do pensamento psicanalítico desenvolvida na Argentina por Isidoro Berenstein e Janine Puget, a partir dos anos 1960, para abarcar os múltiplos vínculos estabelecidos pelo indivíduo e suas estruturas inconscientes (Berenstein & Puget, 1997). Esse referencial é considerado um avanço ao possibilitar reposicionar o trabalho analítico em um eixo vincular (Santos et al., 2020). A escolha dessa perspectiva teórica decorre da necessidade de oferecer respostas a questões complexas com as quais deparamos no cotidiano da clínica, e que não podem ser apropriadamente expressas nos termos do modelo psicanalítico clássico (Santos et al., 2017).

A Psicanálise Vincular reescreve o modelo clássico do inconsciente freudiano reunindo o enquadre individual ao de grupo (Puget, 2015). O inconsciente, pensado a partir da chave vincular, pode ser entendido como uma estrutura em rede, subjacente aos vínculos que o sujeito estabelece nos vários contextos relacionais com os quais interage: família, casal, grupos e instituições (Berenstein & Puget, 1997). Pensar em termos vinculares amplia a compreensão do mundo psíquico ao incluir tanto a dimensão intrasubjetiva como a intersubjetiva (as redes vinculares familiares e sociais), além da transubjetiva (ideais e modelos culturais compartilhados) (Berenstein, 1994; Puget, 2015).

Seguindo os pressupostos da Psicanálise Vincular, neste estudo as análises das representações dos aspectos vinculares buscam incorporar os efeitos do outro em presença (Berenstein & Puget, 2008). Comumente, o tipo de funcionamento familiar que encontramos no contexto dos TA tem uma contribuição decisiva na evolução do quadro clínico, na estabilização dos sintomas e no prognóstico do membro familiar adoecido. A configuração vincular familiar pode ser uma fonte significativa de incentivo e apoio para a procura de ajuda e condução do tratamento, ou pode funcionar na direção inversa, como barreira e obstáculo em casos nos quais há pouco ou nenhum suporte (Ali et al., 2017).

Partimos do pressuposto de que as diferentes configurações de vínculos que se articulam no grupo familiar e organizam suas tramas vinculares guardam especificidades, que demandam um olhar atento do profissional de saúde para que se possa avançar rumo a uma compreensão mais ampla dos TA, incluindo sua dimensão relacional. Para tanto, é preciso considerar os vínculos familiares e o quanto eles colaboram para a (re)produção de contextos favoráveis a essa psicopatologia, que elege o corpo como via de expressão e incide no comportamento alimentar, mas que tem suas raízes mais profundas entrelaçadas à dinâmica do funcionamento vincular.

Ao contrário do que se observa em relação ao vínculo mãe-filha(o), a configuração vincular pai-filha(o) recebeu pouca atenção da produção científica ao longo do tempo (Costa & Santos, 2016; Santos & Costa-Dalpino, 2019; Simões & Santos, 2022). O foco no subsistema familiar mãe-filha tem sido claramente privilegiado nos estudos da área (Ferreira et al., 2021; Leonidas & Santos, 2020b, 2022, 2023; Moura, Santos, & Ribeiro, 2015; Siqueira et al., 2020). O interesse recente por conhecer as especificidades da díade pai-filha permitiu descrever a figura paterna como uma presença tênue e diáfana, com dificuldades significativas para desempenhar seu papel (Simões & Santos, 2021), o que corrobora a ideia de um declínio da função paterna e de um decréscimo de prestígio da representação simbólica que a presença do pai desfrutava na família patriarcal (Heinemann & Chatelard, 2016). No entanto, nota-se escassez de estudos que abordam a perspectiva do pai sobre o vínculo com a(o) filha(o) acometida(o) e sobre suas concepções acerca da paternidade e parentalidade de um modo que possibilite a compreensão mais integrada de suas representações, tendo como base suas experiências e trajetória de vida.

Trata-se, portanto, de uma abordagem necessária, uma vez que a função paterna encontra sua expressão no núcleo da paternidade por intermédio da parentalidade. E a parentalidade remete a um processo dinâmico de cuidado atravessado pela história familiar do casal parental, envolvendo aspectos vinculares conscientes e inconscientes que orientam suas ações no exercício de suas funções enquanto pai e mãe (Berenstein & Puget, 1993; Robert, 2015; Santos & Antúnez, 2018; Zanetti & Gomes, 2012). Isso porque o exercício da parentalidade é afetado pela constituição vincular do pai e da mãe, sendo impactado pelo modo como o indivíduo se situa diante de percepções e experiências que ele e outras gerações vivenciaram acerca da função parental, bem como da herança que lhes foi transmitida na cadeia intergeracional (Berenstein & Puget, 1993).

Na atualidade, os papéis adjudicados ao pai se alteraram de tal maneira que o exercício da paternidade tem passado por ampla ressignificação (Matos & Magalhães, 2019). O homem tem visto seu lugar no núcleo familiar passar por mudanças substanciais nas últimas décadas, o que tem demandado dele uma presença mais proativa na família e na vida emocional dos filhos (Bernardi, 2017). Tornar-se pai também implica renúncias, já que a chegada de um filho promove uma outra condição psíquica, que lhe outorga novos lugares e posições subjetivas, o que demanda desenvolver os novos papéis e funções que lhe cabem assumir na família.

Ao considerar que a paternidade e a parentalidade são atravessadas pela história de vida do homem em sua condição de pai, pode-se pensar que elas têm raízes na matriz vincular que ele pôde constituir a partir de suas experiências infantis na família de origem. Desde a teoria freudiana, a psicanálise reconhece a precedência dos vínculos primários que a criança estabelece com suas figuras parentais, estabelecendo-se um modelo que se estende para os laços afetivos estabelecidos pelo sujeito com seus semelhantes e com as massas (Puget, 2015). Portanto, investigar a estrutura e dinâmica das configurações vinculares que estão em jogo na família de origem e na família constituída por pais (genitores masculinos) de pessoas com diagnóstico de TA pode ser um passo significativo para o avanço na compreensão da influência que a trama vincular pode ter sobre a estruturação inconsciente dos sintomas anoréxicos/bulímicos. Assim, este estudo se alicerça no pressuposto de que há especificidades do vínculo paterno que se articulam inconscientemente com a construção do sintoma da(o) filha(o), o que aponta para a relevância de tomar essa relação em consideração no planejamento do tratamento e na condução do processo psicoterapêutico.

Interessa, sobretudo, dar voz ao pai, oferecer-lhe um lugar de escuta - que tantas vezes não lhe é concedido no cenário do cuidado interdisciplinar em saúde - e investigar como se dá a construção subjetiva da posição paterna na trama vincular de cada indivíduo. Em outras palavras, trata-se de lançar luzes sobre o lugar simbólico que o pai ocupa no tecido vincular familiar que organiza a vida emocional dos filhos. Nesse sentido, a utilização de uma ferramenta como o genograma tem um valor singular, pois permite dar visibilidade à estrutura e às dinâmicas relacionais do grupo familiar na perspectiva do pai que tem um filho que desenvolveu anorexia ou bulimia, identificando possíveis padrões que se repetem entre as gerações (Franco & Sei, 2015).

O genograma também auxilia na apreensão das configurações de vínculos familiares no decorrer do tempo, oferecendo a possibilidade de representar gráfica e visualmente os elementos que dão forma e constituem a família, facilitando, inclusive, a compreensão da representação dos vínculos e das relações intergeracionais do grupo (Leonidas & Santos, 2015). Baseado nessa perspectiva, este estudo se apropria do referencial da Psicanálise Vincular para interpretar os resultados obtidos (Puget, 2002, 2004).

Isso também tem respaldo na ideia de que, por ser um instrumento que admite flexibilidade em seu uso, o genograma se adapta a diferentes contextos e referenciais teóricos, como a psicoterapia familiar (Franco & Sei, 2015), além de configurar uma possibilidade apreciativa de grupos familiares. Considerando o exposto, este estudo tem como objetivo analisar as representações da estrutura e organização familiar e as dinâmicas vinculares das famílias, de origem ou constituídas, na ótica de pais de jovens com anorexia ou bulimia.

Método

Estudo exploratório, que utilizou o Método Clínico-Qualitativo (MCQ) (Turato, 2013).

Participantes

Os participantes eram pais de filhos com diagnóstico de TA, assistidos por um serviço ambulatorial de um hospital universitário considerado referência no tratamento desses transtornos. Foi constituída uma amostra não probabilística, obtida por conveniência. No período de coleta de dados (de janeiro a julho de 2020), identificou-se um total de oito pacientes que estavam em acompanhamento regular pelo serviço e que residiam com os pais. Todos os pais foram convidados para participar do estudo; cinco aceitaram o convite e colaboraram com a pesquisa. O pesquisador teve de contornar algumas dificuldades de acesso aos colaboradores devido à tênue presença da figura paterna no contexto de assistência aos TA, em contraste com a presença maciça das mães.

Foram critérios de inclusão, definidos a partir da intencionalidade do pesquisador: (1) pais cujas(os) filhas(os) receberam diagnóstico de anorexia ou bulimia nervosa e que estavam sob tratamento regular; e (2) que acompanhavam o desenvolvimento e tratamento das(os) filhas(os). Também foram estabelecidos os critérios de exclusão: (1) pais que não mantinham contato regular com a(o) filho diagnosticado; e (2) pais que apresentavam dificuldades de compreensão ou comunicação, que poderiam inviabilizar sua participação.

A Tabela 1 apresenta a caracterização do perfil dos participantes incluídos no estudo.

Tabela 1
Caracterização dos participantes e de seus respectivos filhos (N = 5)

Os dados sistematizados na Tabela 1 mostram que as(os) filhas(os) receberam diagnóstico de AN-R ou BN. Optou-se por não restringir os participantes segundo o subtipo de TA da(o) filha(o), tendo em vista que essas são as categorias diagnósticas prevalentes no serviço. A despeito de algumas diferenças em relação à etiopatogenia, curso clínico e tratamento de cada subtipo de TA, os casos também apresentam semelhanças no que diz respeito aos aspectos psicológicos e comportamentais (APA, 2014).

A idade dos filhos variou entre 13 e 31 anos, com média de 22,6 anos; a idade dos pais variou entre 51 e 64 anos, com média de 58,8 anos. Em relação à classificação econômica, dois participantes se enquadravam na classe B2, dois na classe B1 e outro na classe D-E. A classe B1 e B2 concentram maior poder aquisitivo, compatível com as camadas sociais médias.

Instrumentos

Os instrumentos utilizados foram: (1) Formulário de Dados Sociodemográficos: instrumento desenvolvido e padronizado pelos pesquisadores do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde (Lepps), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, que permitiu a coleta de dados sociodemográficos dos participantes para a caracterização do perfil da amostra; (2) Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), que permitiu a caracterização dos participantes segundo sua posição hierárquica na pirâmide social, sendo um instrumento padronizado e de acesso livre desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas com o objetivo de delimitar as classes que atendam às necessidades de segmentação das empresas, considerando o poder aquisitivo das pessoas; (3) Genograma: instrumento que se caracteriza pela ilustração gráfica de uma estrutura padronizada que visa reproduzir a estrutura interna da família de maneira esquematizada, mapeando os tipos de vínculos estabelecidos com suas fortalezas e vulnerabilidades (Leonidas & Santos, 2015).

Com o apoio de tal instrumento, complementado pelo inquérito realizado concomitantemente à sua elaboração, buscou-se obter informações acerca da maneira como os pais representam os vínculos familiares estabelecidos entre os membros no decorrer das últimas gerações, o que se configurou como uma ferramenta de avaliação útil e apropriada para tais objetivos. As legendas do genograma são apresentadas na Figura 1.

Figura 1
Legendas do genograma familiar.

Coleta de dados

A aplicação e elaboração gráfica do genograma foram realizadas simultaneamente e de forma individual, na forma de entrevista. Em função da coleta de dados ter se iniciado anteriormente à eclosão da pandemia de COVID-19, inicialmente os pais foram abordados na sala de espera do serviço, enquanto acompanhavam as(os) filhas(os) nas consultas ambulatoriais ou após as reuniões do grupo de apoio voltado aos familiares de pacientes do serviço. Em tais circunstâncias, a coleta foi realizada presencialmente, em situação face a face, e em uma sala do hospital reservada previamente, garantindo o conforto e privacidade dos participantes. Posteriormente, devido às restrições impostas pela pandemia e às medidas de distanciamento social, o procedimento da coleta de dados foi adaptado para o modo remoto, por meio da plataforma digital Google Meet.

De início, aplicou-se o Formulário de Dados Sociodemográficos ampliado; posteriormente o CCEB e, em seguida, o genograma e o inquérito. A princípio foi elaborado um rascunho do genograma pelo pesquisador, de forma manual, juntamente com os participantes. Para tanto era solicitado ao pai que discorresse sobre sua família atual, fazendo livremente uma descrição em termos de sua configuração e estrutura dos vínculos. Com base em tais descrições, o pesquisador elaborava questões para investigar como os participantes representavam os vínculos com os membros do grupo familiar e entre eles, estimulando-o a compartilhar detalhes e histórias sobre sua vida familiar, eventos significativos e acontecimentos marcantes. O diálogo foi audiogravado e as questões formuladas pelo pesquisador tinham o intuito de aprofundar a investigação e obter detalhes sobre os padrões vinculares e dinâmicas relacionais da família atual e da família de origem.

Procedimentos de análise dos dados

O material obtido a partir da construção conjunta do genograma foi digitalizado e a diagramação dos genogramas foi delineada com o apoio de um software específico paradesign e criação de elementos gráficos (CorelDRAW 2020 - 64Bit).

Os dados foram organizados a partir da análise dos genogramas e do inquérito, constituindo o corpus de pesquisa submetido à análise temática (Minayo, 2013). De acordo com a autora, essa tarefa consiste em identificar os núcleos de sentido que tomam forma em meio a leituras exaustivas dos dados e os padrões que emergem do conteúdo. Para tanto, foram seguidas as etapas: (1) pré-análise, fase em que os relatos são ordenados, permitindo a sistematização de ideias iniciais; (2) exploração do material, momento no qual se identificam unidades de significado e os núcleos de sentido; e (3) tratamento dos resultados obtidos e interpretação, etapa em que se articulam os núcleos de sentido com o objetivo do estudo, com amparo do referencial teórico adotado.

Os resultados obtidos foram analisados com base nos pressupostos teóricos da Psicanálise Vincular, que tem seu interesse centrado nos grupos, na família, no casal e nas instituições, ampliando o seu olhar e entendimento para além daquilo que é da ordem do individual, uma vez que a noção de vínculo é basilar para a compreensão da constituição subjetiva e a forma de o sujeito se vincular aos processos grupais e sociais (Cypel, 2017). Nessa perspectiva, o processo de adoecimento e sustentação do sintoma é compreendido a partir da representação da estrutura e dinâmica familiar e pelos modos como os vínculos são estabelecidos e mantidos, sobretudo no espaço intersubjetivo do grupo familiar (Gomes & Levy, 2016).

Considerações éticas

Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição acadêmica a qual os pesquisadores são vinculados e aprovado sob o parecer 3.854.520 e registro CAAE número 27234719.7.0000.5407. Foram incluídos os pais que aceitaram o convite para colaborar voluntariamente com a pesquisa, formalizando seu consentimento por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no caso de a coleta de dados ter sido realizada no modo presencial, ou por meio de anuência gravada, no caso de a coleta ter sido feita no formato remoto. Alguns dados obtidos foram modificados para preservar o anonimato dos participantes.

Resultados e Discussão

Com o intuito de caracterizar os participantes, a estrutura familiar e as dinâmicas relacionais da família de origem e da família constituída, a princípio serão apresentados os dados referentes ao genograma familiar de cada um. Posteriormente, esses dados serão articulados e discutidos por meio das categorias temáticas elaboradas a partir da análise do corpus de pesquisa. Para facilitar a compreensão e viabilizar a exposição e discussão dos resultados, optou-se pela apresentação do genograma de três participantes, de modo a garantir que os casos pudessem estar representados segundo suas semelhanças e diferenças, destacando seus aspectos significativos.

Observando a representação gráfica da organização familiar de Tom (Figura 2), verifica-se que a família de origem de seus pais era configurada por muitos membros, sobretudo a família de sua mãe. Os avós maternos de Tom constituíram uma família composta por oito filhos (cinco mulheres e três homens) e os avós paternos de Tom tiveram quatro filhos (três homens e uma mulher). Os pais da esposa de Tom tiveram uma prole de quatro filhos (três mulheres e um homem, sendo a primogênita a mulher de Tom) e os pais de Tom tiveram três filhos (duas mulheres e um homem - Tom, o filho caçula). O casal formado por Tom e a esposa tem uma única filha (diagnosticada com BN), caracterizando uma família nuclear.

Figura 2
Genograma familiar de Tom

Ao analisar as dinâmicas relacionais representadas graficamente no genograma familiar, nota-se que nenhum dos relacionamentos destacados por Tom com as figuras masculinas de sua família apresenta valência positiva, sendo que o vínculo estabelecido com seu pai (já falecido) foi marcado pelo distanciamento e poucas trocas afetivas, e a relação com um dos tios paternos caracterizada como conflituosa.

Por outro lado, as representações dos vínculos estabelecidos com as figuras femininas parecem estar mais preservadas e obedecem a uma dinâmica oposta daquela que se observa com as figuras masculinas, sendo descritas como relações majoritariamente harmônicas, como a que Tom mantinha com sua mãe (já falecida) e com uma tia paterna. Percebe-se, ainda, maior proximidade e relacionamento harmônico com duas tias maternas, que moram juntas. A representação do vínculo com sua esposa é marcada por forte coesão e cumplicidade, caracterizando intenso investimento emocional em um padrão de complementaridade fusional. Esse envolvimento foi melhor explorado na investigação, revelando-se fruto de um compromisso subliminar firmado a partir de uma relação de lealdade tácita, com o propósito de proteger o casal e a integridade do laço conjugal. Na representação gráfica do genograma familiar, a esposa mantém uma relação marcadamente conflituosa com o pai, sendo esse um padrão relacional que se repete também entre os demais membros de sua família de origem.

Por fim, a relação entre Tom e sua filha é representada como harmônica, denotando existir, na perspectiva do participante, proximidade entre eles, além de uma percepção positiva acerca das interações e trocas que ocorrem na díade. Já entre a esposa e a filha de Tom, a relação é representada como fusional e indiferenciada, o que pode favorecer o apagamento de fronteiras e a perda de limites, em prejuízo da individuação. Assim, de modo geral, nas representações dos vínculos familiares predomina um modelo vincular caracterizado por aspectos indicativos de imaturidade, codependência emocional e indiferenciação psíquica.

Examinando o genograma familiar de Pedro (Figura 3), constata-se que tanto a família de origem de seu pai como a de sua mãe são compostas por muitos membros, no entanto, o participante relatou que não mantém relação significativa com nenhum deles. A família de origem de Pedro também é numerosa, constituído por três irmãos e seis irmãs além dele, que é um dos mais novos na fratria. Outra característica que chama a atenção na família de origem de Pedro é a morte de um irmão ainda recém-nascido, considerando o impacto emocional duradouro que a perda precoce de um membro parece ter tido no sistema familiar.

Figura 3
Genograma familiar de Pedro

A família atual de Pedro é monoparental; ele e a mãe de suas filhas gêmeas não se casaram e nunca coabitaram, embora mantivessem um relacionamento. Após o nascimento das meninas, Pedro as visitava diariamente e, por vezes, passava alguns dias hospedado na casa em que elas moravam - a qual ele havia construído e, posteriormente, deixado para elas. O relacionamento amoroso com a mãe das filhas foi dissolvido alguns meses depois do nascimento, segundo o participante devido à incompatibilidade e ao acirramento de “conflitos inconciliáveis” entre o casal.

Os dados referentes à representação das dinâmicas relacionais de Pedro demonstram que seus vínculos mais próximos e harmônicos foram estabelecidos com figuras femininas. Já os vínculos com as figuras masculinas apresentam qualidades marcadamente negativas devido a diversos conflitos não resolvidos. Pedro representa o relacionamento com seu pai (já falecido) como distante e marcado por poucas interações e trocas afetivas. Com o irmão mais velho, Pedro relata manter uma relação muito difícil e permeada por desentendimentos e diferenças irremediáveis. As dificuldades vivenciadas com as figuras masculinas parecem se repetir com o filho mais velho da mãe de suas filhas, fruto de um relacionamento anterior ao de Pedro e com quem o participante mantém uma relação marcadamente conflituosa. De forma contrastante, com sua irmã mais nova o relacionamento é descrito como harmônico, caracterizado por proximidade afetiva, configurando um vínculo importante dentro da rede de apoio social de Pedro. Com a mãe de suas filhas, a representação da relação é permeada por um padrão duradouro de conflitos, que prejudicam a qualidade do contato e limitam as trocas entre eles, o que o faz restringir as interações com a ex-mulher ao essencial, limitando-se basicamente a algumas decisões referentes à educação das filhas.

No que diz respeito às filhas gêmeas, nota-se uma diferença na representação das características do vínculo estabelecido com cada uma, com uma relação próxima e harmônica com a filha diagnosticada com AN, ao passo que, com a outra filha, o padrão vincular é de distanciamento afetivo, limitado a interações mais superficiais e concretas, calcadas em aspectos objetivos e pontuais. Pedro tenta justificar tal diferença argumentando que isso se deve ao fato de ter sido pai em uma etapa tardia da vida, aos 44 anos.

O vínculo da mãe com as filhas gêmeas, segundo o participante, também apresenta diferenças nítidas. Ao representar esse padrão vincular, a ex-mulher aparece como alguém que mantém uma relação harmônica e mais próxima com a filha considerada saudável, enquanto com a filha que tem diagnóstico de AN o vínculo é descrito como marcadamente tenso e conflituoso, marcado por diferenças irreconciliáveis.

Examinando as representações elaboradas por Olavo em seu genograma familiar (Figura 4), pode-se perceber que a família de origem de seus pais é numerosa, constituída por muitos membros. A família de origem do pai de Olavo é composta por três irmãs e dois irmãos, além dos genitores; já a família de origem de sua mãe é constituída por ela e outros quatro irmãos, além do casal parental. A família de origem de Olavo é composta por ele, seus pais, dois irmãos e uma irmã. Um dado importante a se destacar acerca dessa configuração é que o pai de Olavo mantém uma relação extraconjugal estável de longa data, que resultou na constituição de uma família fora do casamento. Olavo tomou conhecimento desse fato na adolescência. Já a família atual de Olavo é constituída por um número menor de membros, sendo formada por ele, sua esposa e a única filha do casal, caracterizando uma composição nuclear.

Figura 4
Genograma familiar de Olavo

Analisando as dinâmicas relacionais representadas no genograma familiar de Olavo, é possível observar que, assim como os outros participantes, as representações dos vínculos estabelecidos com figuras masculinas são marcadas por rupturas e dificuldades de aproximação, que prejudicam a construção de um senso de confiança e intimidade. A relação com a figura paterna é marcada pelo distanciamento afetivo e uma persistente ausência concreta do pai, o relacionamento com um dos irmãos sofreu uma ruptura em função de conflitos recorrentes e o vínculo com o cunhado também foi minado por divergências e desacordos insuperáveis, resultando em um vínculo empobrecido e igualmente distanciado.

A representação do vínculo entre Olavo e sua esposa aparece como harmônica. No entanto, seu vínculo com a filha adoecida é marcado por distanciamento e baixa qualidade de trocas afetivas, caracterizando uma configuração vincular permeada por dificuldades nas interações que resultam no distanciamento emocional da díade. Entre a esposa e a filha de Olavo, o relacionamento é caracterizado como harmônico, com proximidade afetiva e interações positivas.

À medida que se observa a construção das representações da configuração dos vínculos familiares do conjunto de participantes, visibilizadas pelo genograma familiar, é possível identificar algumas convergências, isto é, elementos comuns e recorrentes tanto no que diz respeito à estrutura do grupo familiar de origem, como nas dinâmicas relacionais estabelecidas pelos participantes com outros membros da família, inclusive a atual. Considera-se que o vínculo é da ordem da representação e não da percepção, resultando de interações que se mantêm estáveis ao longo do tempo como, por exemplo, o vínculo conjugal e o vínculo parental (Krakov, 1999). Como estrutura inconsciente, o vínculo não pode ser apreendido diretamente, mas pode ser inferido por meio das diferentes formulações discursivas que os pais oferecem sobre si mesmos, suas esposas e suas filhas, assim como as diferentes configurações vinculares que emergem nas representações que eles elaboraram durante a interação com o pesquisador.

A análise dos dados possibilitou a elaboração de quatro categorias temáticas, apresentadas e discutidas a seguir. Essas categorias permitiram organizar os resultados de modo a favorecer a compreensão das representações dos padrões vinculares identificados no corpus de pesquisa.

Categoria 1. Tão longe...: o pai como figura distante na constelação familiar

A primeira dimensão que se destaca na análise do corpus diz respeito às representações das configurações vinculares dos participantes estabelecidas nas interações com outros homens, sejam da família de origem ou da família atual. No que tange às figuras masculinas, quatro participantes descreveram relações desprovidas de qualidades afetivas positivas e atravessadas por diferentes tipos de conflitos, vivenciados com algum familiar do gênero masculino, como um tio, um irmão ou enteado. Em apenas um dos casos (Ruy) o participante descreve uma relação harmônica com um irmão mais velho, não mencionando qualquer relação conflituosa ou rupturas de vínculos com outras figuras masculinas da família.

A representação do vínculo com o pai apresenta um padrão semelhante, marcado por distanciamento no convívio familiar e privação de trocas afetivas e espontâneas em todos os casos analisados, o que permite conceber um vínculo empobrecido, com prejuízos significativos no desenvolvimento das relações afetivas entre pais e filhos. A cristalização de um padrão vincular com essas características pode favorecer bloqueios no nível do contato e das interações diádicas.

A representação dos relacionamentos dos participantes com outros homens de sua família de origem tem marcas que se destacam e que contribuem para moldar as inscrições intersubjetivas que sustentam o imaginário desses pais acerca da paternidade, da parentalidade e da masculinidade. Esses dados complementam o acervo de representações das relações afetivas distanciadas com seus pais e das dificuldades de vinculação vivenciadas com outras figuras masculinas próximas, o que permite compreender a magnitude dos esforços envolvidos na transição para a paternidade. A condição de pai exige novos aprendizados de competências e habilidades de relacionamento que colocam em xeque concepções e representações sedimentadas na formação da subjetividade, que é um processo sempre social (Puget, 2004).

O social tem estatuto próprio no corpo teórico da Psicanálise Vincular, com características, códigos e normas de funcionamento particulares. Assim, não pode ser pensado meramente como um derivado da constituição subjetiva na medida em que, por social, devemos entender uma subjetividade social, entretramada, agenciada e articulada na rede vincular do indivíduo e em seus elementos, nós e entrelaçamentos que demandam uma escuta específica. Isso porque a noção de vínculo é inseparável dos conceitos de presença e pertencimento (Berenstein, 2004). Cada sujeito se subjetiva com e pelos vínculos estabelecidos com outros (mundo intersubjetivo), e em cada encontro com a alteridade há algo novo que emerge por meio da presença, e não como mera repetição da história infantil, o que significa uma inovação em relação ao modelo psicanalítico clássico de vínculo transferencial como reedição de vínculos passados (Bergagna, 2022).

É claro que isso não é impeditivo para que também consideremos, em nossa escuta sensível, o potencial de reedição de conflitos e a eventual atualização de experiências da infância (Puget, 2015; Santos & Costa-Dalpino, 2019) que a ascensão à paternidade mobiliza. Segundo Puget (1997), o intrasubjetivo é constituído pelas relações de objeto e as representações do corpo. Registros da relação com os pais e da ressonância afetiva que essas figuras evocam na vida psíquica e na história individual constituem um modelo vincular inconsciente, que ancora o modo singular com que o sujeito irá construir o seu self (nível intrasubjetivo) no vínculo que estabeleceu com o próprio pai e nas suas interações com outros homens, compondo a versão de pai que ele sustentará ao se vincular futuramente à filha e construir o vínculo parental.

O vínculo é resultado das interações que se mantêm estáveis ao longo do tempo, a exemplo do vínculo conjugal e parental, que se transformam em uma terceira instância devido ao caráter simbolizante que constitui os sujeitos do vínculo (Krakov, 1999). Em outras palavras, a posição simbólica que os participantes ocupam na família atual e o modo como desempenham a função paterna são inspirados nos referenciais familiares, que têm uma função vincular estruturante para a paternidade e a parentalidade. Além disso, o cuidado e o envolvimento paterno dependem também da competência e disponibilidade que são desenvolvidas antes de se assumir a condição de pai propriamente dita, influenciadas pelos vínculos estabelecidos pelo sujeito no decurso de sua história (Santos & Antúnez, 2018).

Como estrutura inconsciente, o vínculo não pode ser apreendido diretamente, mas pode ser deduzido por meio das diferentes formulações discursivas que os pais ofereceram sobre si mesmos, suas esposas e filhas durante a interação com o pesquisador, na qual emergiram as representações de diferentes configurações vinculares. Assim, as formulações discursivas são as facetas visíveis que nos permitiram inferir as características básicas das representações paternas dos vínculos.

Como aponta Berenstein (1991), a noção de vínculo hierarquiza a condição de uma ligação estável entre as representações psíquicas no espaço intersubjetivo. Nesse espaço se situam as representações dos laços estáveis estabelecidos pelo sujeito (Puget, 1997). Nesse nível, tanto a parte assimilável quanto a parte não assimilável do outro devem ser incluídas, o que preserva sua condição de estrangeiridade (Berenstein, 2004). Por estrangeiridade entendemos uma condição intrínseca da constituição da subjetividade vivenciada por todos os sujeitos, com diferentes nuances, matizes e transformações experimentadas no decorrer da vida. São exemplos prototípicos desse espaço os complexos laços familiares, conjugais e filiais (Berenstein & Puget, 1993).

Categoria 2. Tão perto...: o pai como figura próxima na constelação familiar

Em relação às dinâmicas vinculares dos participantes com as mulheres da família de origem e da família atual, predomina um tipo de vínculo com qualidades e nuances diferentes daquelas que foram identificadas na relação com os homens do grupo familiar. A relação estabelecida com as figuras femininas é descrita como harmônica e de proximidade afetiva, com configurações variadas que se caracterizam por conexões emocionais descritas como calorosas, protetivas, seguras, de cuidado e confiança.

Considerando os elementos vinculares desvelados pelo genograma familiar dos pais que participaram deste estudo, a qualidade preservada dos laços construídos com as figuras femininas das famílias é um achado relevante na medida em que dá margem para se pensar na base vincular desses indivíduos e presumir suas repercussões na relação estabelecida com a(o) filha(o). Isso porque são marcas que fornecem informações sobre os laços que estão assentados em uma matriz inconsciente primária das configurações vinculares, colaborando para a cristalização de formas prototípicas de constituição dos vínculos.

O que está em jogo quando se esquadrinha o mapa das relações dos participantes com as figuras familiares femininas é, em última instância, o modo como eles constroem seu espaço intersubjetivo. Essa dimensão subterrânea da malha vincular comporta experiências fundamentais para a subjetivação, que se tornam viáveis e realizáveis somente a partir e por meio do vínculo. Por se tratar de uma dimensão vincular, estamos falando de um espaço que dá forma e constitui a trama daquilo que ocorre a nível consciente e inconsciente nos diferentes espaços vinculares: intra, inter e transubjetivos.

As relações fraternas também constituem uma dimensão importante a ser abordada no nível interpsíquico, tendo em vista que três participantes (Pedro, João e Ruy) descreveram uma relação harmônica e de proximidade com um de seus irmãos. Em suas representações, Pedro e João elencam qualidades e características positivas atribuídas à relação estabelecida com uma de suas irmãs, e Ruy descreve uma dinâmica semelhante no laço que mantém com seu irmão. Insere-se nessa dimensão uma potencialidade relacionada ao cuidado, uma vez que, nos casos de Pedro e João, a referida proximidade guarda ligação com o cuidado exercido e recebido por eles na relação com as irmãs, o que pode compensar de algum modo as lacunas vivenciadas no vínculo materno. A afabilidade dentro do grupo familiar tem função estruturante e central não só no que diz respeito aos seus aspectos instrumentais, mas também porque favorece uma atmosfera de trocas que suprem necessidades básicas ligadas à saúde física e à educação e também aos aspectos psicológicos, como a saúde psíquica dos membros. Portanto, trata-se de uma potencialidade a ser considerada quando se aborda o modo como os participantes se vinculam com o outro, com o mundo circundante e com as diferentes dimensões de sua vida emocional, tais como as experiências mobilizadas pela paternidade e parentalidade.

Torna-se necessário, então, ponderar sobre como as relações insatisfatórias e experiências adversas que o pai possivelmente vivenciou durante a infância e ao longo de seu desenvolvimento repercutem na vida adulta no seu modo de lidar e exercer a paternidade, tendo em vista que são fatores que impactam diretamente no modo como o sujeito se relaciona com a função e o papel de pai (Seteanu & Giosan, 2021). Afinal, apesar de ser dinâmica e se configurar como uma construção em constante transformação, a parentalidade é permeada pela história do indivíduo e do casal parental, abarcando aspectos inconscientes que incidem na maneira como o sujeito se orienta e se relaciona com essa função (Zanetti & Gomes, 2012). O transubjetivo também é importante, pois é o espaço vincular no qual são estabelecidas as ligações entre as representações inconscientes do espaço sociocultural, os pactos sociais e os ideais que conferem o sentimento de pertencimento. É o campo da transmissão psíquica. Nesse nível, situam-se a ideologia, a política, a religião, a moral e a ética (Berenstein, 1991).

De acordo com a conceitualização da Psicanálise Vincular, considera-se impossível não pertencer a algum tipo de vínculo. Pertencer à própria família e à cultura na qual cada um nasce e se desenvolve oferece um lugar simbólico ao sujeito (Berenstein & Puget, 1993). Embora os lugares de marido, esposa e filha sejam predeterminados por cada cultura, os membros que ocupam esses lugares terão a árdua tarefa de construir qual marido, qual esposa e qual filha eles pretendem ser para cada vínculo em particular, que por sua vez os configurará como sujeitos do vínculo (Krakov, 1999).

Categoria 3. Alianças ou pactos denegativos?

Quando se examinam os quatro casos nos quais os participantes eram casados e coabitavam, três (Tom, João e Ruy) retrataram o vínculo com a esposa com características próprias de uma relação de aliança entre o casal; no outro caso (Olavo), a relação foi descrita como harmônica. Berenstein e Puget (1994) afirmam que “[. . .] o vínculo de aliança se baseia em compromissos recíprocos entre as pessoas, sendo seu paradigma a relação matrimonial” (p. 27). Nos resultados deste estudo, notamos que as relações de aliança remetem a uma dinâmica que não caracteriza um superenvolvimento emocional do casal, porém, apresentam elementos defensivos que podem dificultar a diferenciação dos cônjuges e a discriminação dos papéis desempenhados por cada membro do casal, seja no relacionamento conjugal, seja nos demais aspectos da vida familiar e no exercício dos cuidados parentais.

Face ao que se apresenta sobre o vínculo conjugal dos participantes, é possível refletir sobre as alianças como recursos defensivos utilizados pelo casal para a proteção da díade e preservação da trama vincular, tendo em vista a descrição de uma relação livre de conflitos e intercorrências, porém, representada como pouco vitalizada. Nesse sentido, essa configuração aparentemente plácida, sem conflitos e discórdias explícitas, aproxima-se do que se entende como pacto denegativo (Kaës, 2009/2014). Em tais condições, a dinâmica do casal tenta, por meio de conluio inconsciente, negar e afastar elementos e eventos que são sentidos como indesejáveis pela dupla, mas que ainda assim não se pôde controlar ou reprimir (Almeida & Romagnoli, 2017). Considerando o contexto no qual essa discussão se insere, envolvendo a dimensão de desconforto psíquico de quem convive com uma/um filha(o) com transtorno mental grave, pode-se questionar a finalidade dos recursos defensivos empregados pelos participantes ao discorrerem sobre suas vivências da conjugalidade e as possíveis ressonâncias na dinâmica do grupo familiar.

Outra dimensão relevante é o processo de diferenciação dos casais em relação às suas famílias de origem (Bueno, Souza, Monteiro, & Teixeira, 2013), especialmente a permanência e reprodução de padrões que não puderam ser transformados no decorrer do amadurecimento. Os resultados apresentados ganham contornos ainda mais significativos quando se considera a influência que a dinâmica dos papéis que se estabelecem pode ter no exercício das funções parentais, assim como nos pontos de intersecção entre a conjugalidade e o desempenho da função paterna (Santos & Antúnez, 2018). Na perspectiva vincular, tanto o adoecimento quanto as implicações decorrentes dele são compreendidos a partir da estrutura das configurações vinculares estabelecidas pelo sujeito, principalmente no âmbito familiar (Berenstein & Puget, 1993). Nos casos analisados, foi possível constatar a existência de impactos significativos que repercutem negativamente nas práticas parentais.

Nessa direção, é importante pensar que a qualidade da conjugalidade repercute para além da dinâmica da relação do casal parental, uma vez que impacta diretamente na representação, no papel e no lugar que cada membro do casal ocupa na dinâmica vincular (Zanetti & Gomes, 2012). Portanto, é possível conjecturar se a qualidade do vínculo conjugal exerce algum nível de influência sobre os sintomas e o quadro clínico das(os) filhas(os), especialmente na adolescência, quando o Eu não encontra espaço para desabrochar (Santos & Costa-Dalpino, 2019) sobretudo ao se considerar que a posição relativa ocupada tanto pelo pai como pela(o) filha(o) dentro do grupo familiar é mais relevante do que a configuração do tipo de arranjo familiar propriamente dito.

Categoria 4. De pai para filho

Outra dimensão da família atual dos participantes é o vínculo estabelecido com os filhos vulnerabilizados pelo transtorno mental. O padrão que se sobressai difere do que é comumente descrito pela literatura (Costa & Santos, 2016; Leonidas & Santos, 2015; Simões & Santos, 2021; Valdanha, Scorsolini-Comin, Peres, & Santos, 2013). Em três genogramas, os pais caracterizaram a relação com a filha acometida como harmônica e permeada por interações frequentes. Nos outros dois casos, as descrições predominantes foram de um vínculo marcado pelo distanciamento, com pouca troca afetiva entre a díade. O padrão retratado pela literatura dedicada ao subsistema do grupo familiar constituído pelo vínculo pai-filha(o) é tipicamente de uma relação emocionalmente vulnerável, caracterizada por lacunas e prejuízos variados, com a figura paterna distante ou ausente. Quanto aos participantes que descreveram sua relação com as filhas como harmônicas, uma possível explicação para a divergência encontrada em relação aos achados da literatura é que, neste estudo, a perspectiva privilegiada para obtenção dos dados foi a do pai, e não a da filha, da mãe ou de terceiros, como é comum encontrar nas pesquisas.

Entretanto, é necessário considerar os dados relativos às relações dos pais com os membros da família de origem e os cuidados parentais que eles receberam durante a infância, que constituem os engramas constitutivos desses vínculos. A representação dos participantes sobre os laços que os mantêm ligados aos filhos está em larga medida assentada nas suas experiências de cuidado na família de origem, bem como nos modelos introjetados a partir da experiências com o pai e a mãe, que impactam suas concepções sobre as vivências do vínculo estabelecido na vida adulta com a(o) filha(o). Trata-se de uma questão relevante, tendo em vista as divergências existentes entre o modo como os participantes se percebem exercendo a função parental e a posição predominante na literatura sobre o tema (Costa & Santos, 2016; Simões & Santos, 2021), o que, em última instância, pode ser fruto de expectativas e concepções distintas acerca do “ser pai”.

Sendo assim, uma relação predominantemente marcada pelo distanciamento e desprovida de trocas afetivas, tal como a dos participantes com o próprio pai, pode contribuir para uma percepção de que a presença física do genitor no lar, com interações regulares, por si só caracterizam uma relação harmônica e de proximidade entre pais e filhos. Todavia, a simples presença pode não contemplar aquilo que se espera do pai na contemporaneidade, uma vez que o modelo que se valoriza atualmente envolve a expressão da afetividade no exercício da paternidade (Matos & Magalhães, 2019). Além disso, a incidência de um transtorno mental grave, tais como anorexia e bulimia, suscita demandas que podem exigir uma presença mais efetiva do pai, o que pode resultar em uma percepção restrita ao momento do adoecimento e não ao contexto mais amplo da relação. Em outros termos, é possível que o aparecimento de sintomas, percebidos como ameaçadores à continuidade da vida, possa ter contribuído para uma (re)aproximação emocional da díade pai-filha(o).

Considerações finais

Os resultados analisados permitiram descrever as representações sobre a trama vincular da organização familiar e as dinâmicas relacionais da família de origem e da família atual de pais cujas(os) filhas(os) foram diagnosticadas(os) com anorexia ou bulimia. Seguindo os pressupostos da Psicanálise Vincular, as análises das representações dos aspectos vinculares buscaram incorporar os efeitos do outro “em presença”.

Considerando os aspectos estruturais das configurações familiares, observou-se que os participantes provêm de famílias numerosas, com proles extensas e estrutura intacta. Do ponto de vista das dinâmicas relacionais, as representações das famílias de origem mostraram um padrão persistente de conflitos no relacionamento com as figuras masculinas. O vínculo dos participantes com suas figuras paternas foi marcado pelo distanciamento e empobrecimento das trocas afetivas em todos os casos analisados. O vínculo com as figuras femininas da família de origem apresentou qualidades distintas das observadas na análise das figuras masculinas, com uma dinâmica que envolve relações predominantemente amistosas e harmônicas, com maior proximidade afetiva. No entanto, quando observadas as representações sobre os laços conjugais, em três dos casos analisados foi possível identificar uma relação de casal tendendo à indiferenciação, o que repercute na dinâmica familiar e impacta a relação pai-filha.

A representação da dinâmica de relacionamento paterno com a(o) filha(o) apresenta um padrão vincular que diverge do que é retratado pela literatura sobre o tema, o que pode ser fruto de expectativas e concepções divergentes entre pai e filha(o) acerca do vínculo parental-filial e também de questões suscitadas pelo adoecimento psíquico grave da(o) filha(o). Em síntese, foi possível identificar nas representações paternas algumas dificuldades significativas no estabelecimento e manutenção dos vínculos, o que pode fragilizar a tecedura da trama vincular e debilitar a força de coesão dos laços familiares na família constituída pelos participantes.

Investigar o modo singular como os pais organizam suas representações sobre a dinâmica vincular familiar também permitiu desvelar como a paternidade e a parentalidade são construídas e vivenciadas no contexto singular de suas vidas. Os resultados evidenciam que o entramado vincular das famílias com filhas(os) diagnosticadas(os) com TA transita por movimentos de permanência e mudança, continuidade e ruptura, repetição e transformação. Foram encontrados indícios de que os pais experimentam desconforto no desempenho da função parental e que isso impacta o modo como eles vivenciam o cuidado parental e como compreendem as implicações do contexto familiar no processo saúde-doença das(os) filhas(os).

É necessário considerar o caráter exploratório deste estudo e as limitações decorrentes de seu desenho metodológico, sobretudo em função do recorte transversal, que possibilita a apreensão do fenômeno investigado apenas em um momento específico. Assim, não é possível captar possíveis mudanças e nuances que ocorrem na representação da função parental à medida que o curso clínico do TA evolui. Também não é possível identificar as vicissitudes e transformações do vínculo pai-filha(o) ao longo do desenvolvimento, o que pode ser investigado por estudos futuros que adotem um delineamento metodológico longitudinal.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    12 Abr 2023
  • Aceito
    20 Jun 2023
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