resumo
A máxima zapatista “por um mundo onde caibam muitos mundos” ressoa entre movimentos e acadêmicos, especialmente aqueles envolvidos na defesa das autonomias, da justiça climática e do pluriverso. Experimentamos, neste artigo, pensar tal máxima a partir de etnografia realizada com educadores zapatistas tzotzil no Caracol de Oventic, articulando os “muitos mundos” no zapatismo. As Declarações Zapatistas chamam para a composição nas diferenças, unindo a autonomia local à crítica anticapitalista, e abrem possibilidades de uma reinvenção metafísica das práticas que habilitam o Antropoceno. Há um deslocamento de alguns termos-chave – como palavras, mundo, verdade – e de outros que são caros às filosofias políticas do ocidente – como trabalho, capitalismo, humano. O mundo do poderoso é um mundo falso, que enfraquece e tira o lugar de outros mundos e palavras verdadeiras. O mundo de muitos mundos não deve ser uma propriedade ou recurso, mas um lugar ao qual os seres verdadeiros (humanos e outros que humanos) pertencem.
palavras-chave
Zapatismo; Pluralismo; Antropoceno; Etnografia; Chiapas