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Pele negra, jalecos brancos: racismo, cor(po) e (est)ética no trabalho de campo antropológico1 1 Versões anteriores das reflexões deste artigo foram apresentadas nos “Encontros Sextas na Quinta”, do NAnSi - Núcleo de Antropologia Simétrica, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 7 de junho de 2019 e na Mesa Redonda “Saúde, raça e racismo”, da 3a Reunião de Antropologia da Saúde, realizada entre 23 e 25 de setembro de 2019 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

RESUMO

Durante pesquisa de campo de doutorado, acompanhei o trabalho de algumas médicas brancas em suas atividades de condução de protocolos de pesquisa clínica. Minha presença nos consultórios foi condicionada ao uso de um jaleco branco, peça que, por vezes, colocou-me em posição de explicar aos pacientes que não era uma estagiária de medicina e, por outras, tornou explícitos os limites de confusões supostamente automáticas entre mim e uma profissional da medicina. Por meio de uma análise de situações de racismo genderificado que vivi durante o trabalho de campo enquanto vestia um jaleco, reflito sobre o campo da medicina como espaço marcado pela branquidade e, estendendo tal crítica à antropologia, argumento que a reflexão ética sobre a pesquisa de campo deve levar em conta, necessariamente, as hierarquizações raciais e de gênero que compõem as interações com interlocutores de pesquisa - em especial, as experimentadas por pesquisadoras negras em contextos nos quais a branquidade é normalizada.

PALAVRAS-CHAVE
Racismo; corpo; trabalho de campo; ética; medicina

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