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A cultura dos mitos: do regime de historicidade karajá e sua potência “fria”1 1 Agradeço a Lucybeth Arruda, Rodrigo Brusco e Marcela Coelho de Souza por terem pacientemente lido a versão inicial desse artigo, cuja forma atual deve muito a seus comentários.

The culture of myths: on the Central Brazilian Karajá’s regime of historicity and its “cold” potency

RESUMO

Esse artigo toma a caracterização de Lévi-Strauss das “sociedades frias” como inspiração para discutir o regime de historicidade karajá, um povo do Brasil Central. Sua mitologia narra um tempo da criação, onde diversos aspectos do mundo são criados e a humanidade adquire os conhecimentos que hoje a caracterizam enquanto tal. Já a ação no mundo atual não é criadora: antes, as ações fazem aparecer formas que já estavam lá, desde o princípio, pois inscritas pelo mito. Dessa maneira, as ações atuais fazem aparecer ou uma continuidade em relação aos tempos antigos, pois elicitam os mesmos nexos relacionais, ou uma ruptura marcada para com “a cultura”. Em um caso como no outro, o que é colocado em evidência é a potência “fria” de seu regime de historicidade, ou seu caráter contrahistórico. Para dar conta desse regime, escapando da ideia de história formulada em termos de mudança e continuidade, argumento que é preciso separar o problema da história do problema do tempo.

PALAVRAS-CHAVE
Inỹ-Karajá; mitologia; tempo; história

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