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Por uma vida sem barragens: corpos, território e o papel da autodeterminação na desnaturalização da violência

For a life without dams: bodies, territory and the role of self-determination in the denaturalization of violence

Resumo

Partindo do emblemático contexto de (r)existência munduruku e ribeirinha à tentativa de imposição das barragens de São Luiz e Jatobá, na bacia do rio Tapajós, entre 2013 e 2015, procuro traçar uma perspectiva analítica capaz de apreender como o caráter substantivo da lógica de progresso/desenvolvimento, identificada com o Estado, vem a tomar corpo nos embates cotidianos, envolvendo diferentes atores sociais. Identifico dois modos distintos por meio dos quais tal lógica opera: o rumor - que, como coloca Veena Das, caracteriza a efetivação do que é apenas potencialidade -, e a não performatividade - em que, diversamente, de acordo com Sara Ahmed, a enunciação vem a substituir a ação. Conforme sugiro, a persistência dos povos munduruku e ribeirinho em seu próprio processo de autodeterminação cole(a)tiva mostrou-se fundamental a fim de possibilitar a desnaturalização da violência subjacente à lógica de progresso/ desenvolvimento e permitir o florescimento de modos específicos de (r)existências que lhe fizessem frente, mesmo sob enorme disparidade em termos de correlação de forças.

Palavras-chave:
Autodeterminação coletiva; Crítica do progresso/desenvolvimento; Médio Tapajós; Resistência; Munduruku; Ribeirinho

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