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Editorial

Editorial

Entre as repercussões suscitadas pelo volume anterior da Revista de Antropologia, dedicado aos 90 anos de Lévi-Strauss, uma delas merece especial destaque e o espaço deste editorial: trata-se da resposta do próprio homenageado.

Endereçada à Comissão Editorial mas, na verdade, dirigida aos antropólogos brasileiros, constitui, na espontaneidade característica do estilo epistolar, um documento revelador da importância que a experiência no Brasil representou para o então jovem etnólogo e o apreço que continua sentindo por todos quantos ainda têm sua obra como referência.

Resolvemos apresentá-la em fac-símile de maneira a permitir que se possa apreciar não apenas o conteúdo mas aqueles detalhes e nuanças só perceptíveis na texto e língua originais; a transcrição, realizada pela professora Beatriz Perrone-Moisés, permite uma leitura mais fluente do manuscrito.

Este inesperado e tocante depoimento certamente constitui, para a Revista de Antropologia e para todos os seus colaboradores, a confirmação de quão acertada foi a decisão de fazer do volume n. 42 de 1999 uma homenagem — reunindo as comunicações apresentadas no evento Lévi-Strauss e os 90 — a quem creditamos decisiva influência nos rumos que a prática da antropologia tomou no país.

Pela Comissão Editorial,

José Guilherme Cantor Magnani

Editor Responsável

22 novembre 1999

Mon cher Collègue,

Le numéro de la Revista de Antropologia dont vous et de nombreux collègues avez bien voulu me faire l'hommage vient de me parvenir, et je vous exprime à tous ma très vive reconnaissance. Les articles ne témoignent pas seulement d'une complète familiarité avec mes travaux. Ils les prolongent ou les discutent, toujours avec pertinence, et ils font progresser la recherche dans des voies originales dont j'ai tiré grand profit.

Le prix à payer pour une trop longue existence est de connaître, vivant, la période de rejet qui suit habituellement la disparition d'un auteur. Je le ressens de la part du monde anglo-saxon, et même en France.

En lisant ce numéro de votre revue, je me faisais la réflexion que mes seuls interlocuteurs sont au Brésil! Que le dialogue noué il y a plus de soixante ans se poursuive me donne d'autant plus de joie et de reconfort que — je l'ai plusieurs fois dit et écrit — dans un temps où l'on se détourne de l'anthropologie, la jugeant périmée ou condamnée, ce sont surtout les chercheurs brésiliens qui la maintiennent vivante et qui, sur les plans empirique et théorique, lui font faire d'éclatants progrès.

Qu'ils veuillent bien me considérer encore comme un compagnon de route me touche plus que je ne peux dire. Je vous prie de partager avec tous les auteurs l'expression de ma gratitude et de croire, mon cher Collègue, à mes sentiments les plus cordiaux et les meilleurs.

Claude Lévi-Strauss

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Out 2000
  • Data do Fascículo
    2000
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