RESUMO
Este artigo aborda as acusações de feitiçaria, bem como as técnicas utilizadas em supostos enfeitiçamentos, num grande aldeamento da etnia Ticuna, autodenominada Magüta (Alto Solimões, Brasil). Será explorada a figura do pajé, yuücü, em seu potencial ambíguo, que pode implicar tanto em cura, quanto em morte. Em seguida, a partir de um momento particular de crise vivenciado no contexto etnográfico, qual seja uma série de mortes por enforcamento ocorridas em um curto período, objetiva-se esboçar uma teia de relações composta por agentes diversos, que podem surgir na tentativa de se encontrar o autor do feitiço. Entra em cena aqui uma “nova” técnica de enfeitiçamento que estaria sendo praticada através de um objeto exógeno, o livro de magia de São Cipriano. Por fim, buscar-se-á avançar em uma reflexão acerca do contexto em que se dão tais acusações de feitiçaria e suas implicações na contemporaneidade ticuna.
PALAVRAS CHAVE:
Amazônia; cosmologia; feitiçaria; xamanismo