RESUMO
Objetivo:
Buscamos propor a tese de que as trajetórias do Antropoceno e o entendimento atualmente dominante sobre desenvolvimento estão entrelaçadas desde o começo. Isso implica que o Antropoceno e o “desenvolvimento” são coetâneos: a implementação de políticas de desenvolvimento em regiões tidas como subdesenvolvidas começou a acontecer ao mesmo tempo em que teve início A Grande Aceleração da produção, do consumo e da degradação ambiental em nível global.
Método:
Neste artigo conceitual, nós adotamos a crítica decolonial como lente analítica e argumentamos a necessidade de diferentes posições geopolíticas para abordar a questão do Antropoceno a partir de reflexões epistemológicas que possam incluir o contexto cultural e político de produção e reprodução do conhecimento.
Resultados:
Nossa argumentação teórica enaltece as relações entre o Norte e o Sul Global no delineamento da crise ambiental. A América Latina (AL) exemplifica o modus operandi do entrelaçamento entre os efeitos práticos das políticas de desenvolvimento e as consequências ambientais subjacentes ao Antropoceno, em que os recursos naturais são explorados além dos limites para satisfazer o comércio para exportações, desde o Sul para o Norte. Nesse quadro, a AL não é apenas um contexto propício para mostrar a validade da nossa tese, mas também a fonte de alternativas a esse modelo de desenvolvimento.
Conclusão:
A ênfase no desenvolvimento como causa do Antropoceno apoia a tese da Grande Aceleração. A proposição do nome Desenvolvimentoceno advém da tese de que o desenvolvimento e o Antropoceno são coetâneos e que o entrelaçamento de ambos resulta na própria definição da nova época.
Palavras-chave:
antropoceno; desenvolvimento; a grande aceleração; estudos organizacionais; américa latina