RESUMO
Objetivo:
analisar os debates críticos levantados pela Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) em um de seus cursos, para evidenciar como tal educação fomenta iniciativas de autodefesa que o marketing deveria reconhecer em consumerismo.
Marco teórico:
o conceito decolonial de transmodernidade e a pedagogia do oprimido de Paulo Freire são utilizados em nossa análise.
Metodologia:
tendo a perspectiva decolonial como nossa epistemologia, coletamos dados de um curso on-line da ENFF. Inicialmente, os autores visualizaram os vídeos individualmente e, posteriormente, discutiram conjuntamente as pré-análises. A segunda rodada de análise incluiu a codificação dos dados, para formar as categorias de análise.
Resultados:
uma abordagem alinhada à pedagogia do oprimido é adotada pela ENFF, uma vez que: conscientiza seus alunos sobre a estrutura hegemônica que os oprime; critica a ilusão de que esta estrutura opressiva beneficia a todos, enfatizando que uma ruptura somente é possível se os oprimidos estiverem por trás dela; e propõe um caminho para além desta estrutura opressiva, especificamente por meio da agroecologia. A educação da ENFF pode, assim, ser interpretada como uma transmodernização ao consumerismo capitalista, uma vez que fomenta, a partir de realidades subalternizadas, a consciência de autodefesa entre os seus alunos, oriundos de contextos oprimidos.
Conclusões:
o consumerismo tem sido pouco questionado em marketing. Todavia, tal ativismo tem sido pouco capaz de lidar com o racismo, o sexismo e a colonialidade associados a este conceito. Ao apresentar uma perspectiva educacional distante de princípios capitalistas, outro modelo de autodefesa pode ser considerado na proteção de indivíduos das forças do mercado.
Palavras-chave:
consumerismo; educação; transmodernidade; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Escola Nacional Florestan Fernandes