RESUMO
Objetivo:
este ensaio problematiza práticas organizativas destrutivas que produzem e reproduzem espaços em ruínas. Partimos das práticas da indústria mineradora no Brasil, materializadas no rompimento da barragem de Fundão (MG), para teorizar sobre contribuições de abordagens multiespécies para a Administração.
Tese:
propomos, a partir de diálogos entre estudos organizacionais e estudos multiespécies, a ideia de um organizar multiespécies do espaço que extrapola relações exclusivamente humanas. Consideramos o espaço produto e processo no cotidiano organizacional, mas salientamos as limitações do foco no espacializar humano na literatura. Tratamos o espacializar como uma produção mais que humana de práticas que emaranham seres humanos e atores que compõem ambientes e diferentes espécies de plantas, animais, fungos e outras formas de existência. Com isso, desafiamos certa visão hegemônica na área, sublinhando a importância de uma abordagem mais inclusiva e ética nas práticas espaciais e organizativas.
Conclusões:
repensamos dinâmicas sociais e organizativas, enfatizando não apenas a atividade mineradora, mas outras práticas corporativas sob uma perspectiva espacializada e mais que humana. O ensaio contribui ontologicamente ao visibilizar a agência de outros seres vivos nos processos e práticas organizativas, metodologicamente ao descentrar o humano na pesquisa e politicamente ao analisar relações assimétricas de poder. Tais contribuições permitem promover uma compreensão mais ampla e responsável das complexas relações entre seres humanos e não humanos em contexto organizacional.
Palavras-chave:
multiespécies; espaço organizacional; práticas; desastres; mineração