RESUMO
Objetivo:
analisamos a tomada de decisão sob estresse, manipulando os níveis de cortisol salivar.
Marco teórico:
a literatura dedicada à relação entre estresse e tomada de decisão ainda é inconclusiva. Estudos sugerem que, ao lidar com decisões estressantes, as pessoas respondem com maior propensão ao comportamento oportunista. No entanto, o estresse também pode diminuir o potencial de engano quando a decisão requer respostas estratégicas/analíticas.
Método:
implementamos um experimento de laboratório utilizando o jogo do ultimato com informação assimétrica, no qual apenas o primeiro jogador tinha informação completa. Nosso experimento comparou as decisões de sujeitos que receberam um estímulo de estresse de um protocolo adaptado do ‘Trier social stress test for groups’ (TSST-G) com um grupo controle.
Resultados:
foi observado que, sob estresse, os jogadores proponentes transferiam mais para os respondentes. Em contraste, os jogadores não estressados eram mais propensos a tirar proveito da assimetria de informação, escolhendo ofertas estrategicamente mais baixas, o que é consistente com o chamado efeito “esconder-se atrás de um bolo pequeno”. A análise de regressão também indicou que ofertas maiores no jogo não estavam necessariamente associadas a motivos pró-sociais mais elevados, uma vez que os proponentes estressados tornaram-se mais confiantes sobre a capacidade do respondente de adivinhar a verdadeira dotação, o que diminuiu seu incentivo para aproveitar o efeito investigado.
Conclusões:
Um possível efeito do estresse pode ser o aumento na percepção de risco, diminuindo a capacidade de tomar decisões estratégicas. O tratamento na condição de estresse pode ter tornado nossos participantes menos capazes de perceberem o potencial de ganho por meio do efeito “esconder-se atrás de um bolo pequeno”, levando-os a proporem ofertas mais conservadoras quando comparadas as ofertas do grupo de controle.
Palavras-chave:
tomada de decisão; informação assimétrica; estresse; jogo de ultimato