RESUMO
Objetivo:
o presente estudo tem como objetivo compreender como os objetos exercem influência nas práticas de abandono de determinadas categorias de alimentos.
Marco teórico:
estudos prévios apresentam diferentes tipologias para explicar variações nos comportamentos de anticonsumo e abandono de determinadas categorias de produtos a partir de uma perspectiva orientada para o consumidor. Neste artigo, adota-se a perspectiva onto-epistemológica do novo materialismo, reconhecendo que os objetos possuem capacidade de agência nas práticas de anticonsumo. Em específico, destaca-se o abandono de determinadas categorias de alimentos como a interrupção de uma relação intersubjetiva envolvendo consumidores e objetos.
Método:
em seu plano empírico, adota-se um olhar interpretativo para descrever práticas de abandono de refrigerantes e carnes e a relação dos consumidores com esses objetos. A coleta de dados fez uso da técnica de entrevistas em profundidade.
Resultados:
os resultados indicam que as características nutricionais e de produção desses alimentos impactam de forma negativa a vida dos consumidores, outros seres vivos e a natureza. Para mitigar esse impacto, os consumidores adotam práticas de abandono na tentativa de romper com a relação processual e os efeitos desses objetos nas suas vidas e na natureza.
Conclusões:
as contribuições teóricas revelam que a relação processual entre objetos e os consumidores opera em diferentes níveis de complexidade, de acordo com a capacidade de agência do objeto abandonado, limitando ou facilitando o abandono de categorias de alimentos menos saudáveis.
Palavras-chave:
agência dos objetos; práticas de anticonsumo; abandono de alimentos não saudáveis; relação sujeito-objeto; níveis de complexidade