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Competitive strategy

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt Ernst Weil

Porter, Michael E., Competitive strategy. New York, The Free Press/Macmillan; London, Collier/Macmillan, 1980. XX + 396 p. ilustrado, encadernado, sumário, bibliografia, índice analítico.

O livro de Michael Porter tem sido citado em publicações de comunicação empresarial e em listagens de leitura obrigatória da nova safra de 1980/81 de cursos de pós-graduação de administração como um ponto alto do estudo da situação competitiva, de luta, entre empresas. E lendo o livro, o que é fácil, de tão bem escrito e de tão condensado, as recomendações se mostram mais que justificadas. Mesmo lendo-o com a desconfiança que merece algo que está na lista de best-seller, o leitor fica cativado pela clareza de exposição e pelo interesse que provoca, mesmo no não-envolvido, o assunto em pauta. O livro é realmente obrigatório. Nada daquilo que está no livro é por si novidade. Novidade é o produto - a criação da estratégia competitiva. Então o autor, pelo seu curso na Harvard Business School, conseguiu o mais difícil - uma síntese perfeita. Ao ser lido, o livro me provoca memórias irresistíveis das octogonais salas de aula da HBS, a experiência de 80 a 100 alunos, a fria análise pelos mesmos, as perguntas irreverentes, fazendo o professor passar pela necessidade de expor cada vez mais claramente o procedimento analítico. Certas observações podem ser até identificadas na sua origem, lendo o prefácio e os agradecimentos, principalmente a colegas.

Realmente, a única lacuna que encontrei foi a ausência do grande General Doriot, o professor emérito da Harvard B. School que mais estudou a concorrência do ponto de vista estratégico e tático, e cujos milhares de alunos atestam não só o conjunto.daquilo que aprenderam, mas os conceitos imorredouros de uma das maiores mentes disciplinadas que já passou pela HBS. E Porter está disciplinado, retilínio, perfeito. Equipará-lo a Doriot seria até possível. E acredito que maior elogio não possa existir.

O sumário do livro possivelmente integra a metodologia Porter de análise:

1ª Parte: Técnicas analíticas gerais; Capítulo 1. Análise estrutural das indústrias; Capítulo 2. Estratégias competitivas genéricas; Capítulo 3. Um quadro de referência para análise dos concorrentes; Capítulo 4. Sinais no mercado; Capítulo 5. Movimentos de concorrência; Capítulo 6. Estratégia em relação a compradores e fornecedores; Capítulo 7. Análise estrutural dentro da indústria; Capítulo 8. A evolução nas e das indústrias.

2ª Parte: O ambiente industrial genérico; Capítulo 9. A estratégia competitiva num ramo industrial fragmentado; Capítulo 10. A estratégia em indústrias recém-aparecidas; Capítulo 11. A transição para a maturidade industrial; Capítulo 12. A estratégia competitiva em indústrias em declínio; Capítulo 13. Competição na indústria global.

3ª Parte: Decisões estratégicas; Capítulo 14. A análise estratégica da integração vertical; Capítulo 15. Aumento da capacidade; Capítulo 16. Entrada em um novo ramo de negócios.

Apêndice A - Técnicas de portafólio em análise de concorrência; Apêndice B - Como realizar uma análise industrial.

Não se deve enganar o leitor com a Estratégia competitiva, pensando que o livro trata, com peso igual, da mercadologia, finanças e produção. Na realidade, finanças e produção só são tratadas como fornecedores de meios para as vendas produzirem o cash-flow necessário. A produção interessa ao autor pela economia de escala que pode dar pela concorrência e pela ciência de preços que ligam ao mercado a produção de substitutos, tais como o isolante de fibras de vidro que pode ser substituído pejo isopor, lã de rocha, etc. Isso não constitui um mal, pois reflete uma situação real, a concorrência hoje é no mercado - o resto das áreas de administração fazem funcionar o conjunto, para que produza para o mercado. Por exemplo, o autor não entra na decisão entre "comprar ou fazer", quando fala de integração vertical; ele manda o leitor consultar Buffa e Moore.

O tratamento de problemas de área mista, tais como a integração ou è expansão de capacidade é o tratamento estratégico. Não pressupõe conhecimentos técnicos específicos. Para voltar ao sistema da HBS usado pelo autor nas aulas, nas quais o professor pergunta: "Vamos dar umas palavras-chave sobre integração vertical? "; e os alunos começam a atirar:

1. Economia da operação combinada; 2. Maior coordenação e controle interno; 3. Simplifica a informação sobre fontes e mercado; 4. Relacionamento estável com o fornecimento de matérias-primas e os vendedores; 5. Tecnologia melhorada; 6. Oferta e procura assegurada; 7. Melhor diferenciação; 8. Dificulta a entrada de concorrentes; 9. Evita fechamento ou cercamento de fontes de suprimento; 10. Aumenta a "mais-valia" adicionada; 11. Maximiza o lucro total; 12. Planejamento de estoques integrados permite estoques menores.

Vamos observar aqui a velha maneira de integrar o pensamento da classe pelo método do caso - que leva ao estudo exaustivo de determinada situação - e, por extensão, a um completo tratamento desse assunto no livro. E a palavra-chave é- completo. Muitos livros enumeram e depois estendem o conceito. Mas a enumeração na HBS é definitivamente mais completa. Os colegas professores da Harvard citados no prefácio foram capazes de estender a listagem dos fatores e, finalmente, o tratamento detalhado, os exemplos, etc, completando-os e fornecendo outros,, e assim, com a literatura, podem com facilidade dar o mais completo apanhado de estratégias e suas conseqüências.

A técnica que determina o procedimento seguido no livro é estabelecer um quadro das forças que acionam a concorrência na indústria. Este quadro é o seguinte:

Como o autor usa o método enumerativo, em todas as circunstâncias, aqui também enumera tudo, como por exemplo seis barreiras à entrada no mercado, quatro maneiras de solucionar o problema estrutural, etc.

Posso, portanto, afirmar, como resenhista, estar em presença de um livro claro, conciso, cheio de excelentes conselhos, tudo isso por sinal o próprio autor escreveu no prefácio dele, com a modéstia que ele não precisa mostrar. Como professor, reconheci partes deste livro em muitas aulas que assisti, de pessoas que ou leram o livro ou os artigos do autor.

Portanto, é o melhor livro sobre o assunto, indubitavelmente. Além disso, ensina mesmo a quem não é estruturalista administrativo ou desconheça a teoria de decisões ou não tenha facilidade no estudo de diretrizes administrativas. É um livro no nível daquilo que a HBS representa de ótimo e algumas vezes infelizmente não alcança. O estilo é fácil, o sistema enumerativo, comparativo (força contra fraqueza de decisão) facilita a apreensão e a aplicação. Em uma palavra - fiquei satisfeitíssimo em ter lido o livro, e o recomendo para cursos de pós-graduação, professores, industriais, etc.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 1982
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