Resumos
Diversos textos sobre gestão da mudança organizacional abordam o tema quase exclusivamente sob a ótica do planejamento, procurando fornecer respostas sobre como fazer com que a organização tenha sucesso na estratégia de mudança intencional ao promover a coesão de esforços e vencer as supostas resistências humanas. Pouca atenção tem sido dedicada aos sentimentos dos indivíduos, aos significados que eles atribuem às mudanças e às chances de que eles se constituam como sujeitos nesse contexto. A pesquisa aqui apresentada, realizada em cinco organizações no Rio de Janeiro, objetiva preencher essa lacuna. Foram entrevistados 75 empregados que participaram de grandes mudanças nessas organizações. Os resultados apontam para a fragilidade de alguns mitos acerca do conceito de resistência e sugerem a possibilidade de tornar a mudança menos traumática para os indivíduos por meio das oportunidades criadas para que eles se constituam como sujeitos e construam um significado para sua atuação no novo contexto.
Mudança organizacional; resistências; subjetivação; construção de significado; sentimentos
Many of the texts in change management literature approach the theme almost exclusively in a planning perspective, trying to find answers on issues as: how to make an organization being successful in its strategy for intentional change, promoting a cohesion of efforts and eliminating the supposed human resistances? Little attention has been dedicated, however, to individuals' emotions, to the sense they attribute to organizational change, and to their chances to become subjects in such context. This research, accomplished in five organizations in Rio de Janeiro, has the objective of trying to fill this kind of lack, by means of 75 interviews with employees that have participated in great changes faced by those organizations. The results point to the fragility of some of the myths about the concept of resistance, and suggest the possibility to turn organizational change less traumatic for individuals, by means of the opportunities they find to constitute themselves as subjects and to make sense of their performance in the new context.
Organizational change; resistances; subjectivity; sensemaking; emotions
ORGANIZAÇÕES
Sentimentos, subjetividade e supostasresistências à mudança organizacional
José Roberto Gomes da SilvaI; Sylvia Constant VergaraII
IIAG/PUC-RJ
IIFGV-EBAPE
RESUMO
Diversos textos sobre gestão da mudança organizacional abordam o tema quase exclusivamente sob a ótica do planejamento, procurando fornecer respostas sobre como fazer com que a organização tenha sucesso na estratégia de mudança intencional ao promover a coesão de esforços e vencer as supostas resistências humanas. Pouca atenção tem sido dedicada aos sentimentos dos indivíduos, aos significados que eles atribuem às mudanças e às chances de que eles se constituam como sujeitos nesse contexto. A pesquisa aqui apresentada, realizada em cinco organizações no Rio de Janeiro, objetiva preencher essa lacuna. Foram entrevistados 75 empregados que participaram de grandes mudanças nessas organizações. Os resultados apontam para a fragilidade de alguns mitos acerca do conceito de resistência e sugerem a possibilidade de tornar a mudança menos traumática para os indivíduos por meio das oportunidades criadas para que eles se constituam como sujeitos e construam um significado para sua atuação no novo contexto.
Palavras-chave: Mudança organizacional, resistências, subjetivação, construção de significado, sentimentos.
ABSTRACT
Many of the texts in change management literature approach the theme almost exclusively in a planning perspective, trying to find answers on issues as: how to make an organization being successful in its strategy for intentional change, promoting a cohesion of efforts and eliminating the supposed human resistances? Little attention has been dedicated, however, to individuals' emotions, to the sense they attribute to organizational change, and to their chances to become subjects in such context. This research, accomplished in five organizations in Rio de Janeiro, has the objective of trying to fill this kind of lack, by means of 75 interviews with employees that have participated in great changes faced by those organizations. The results point to the fragility of some of the myths about the concept of resistance, and suggest the possibility to turn organizational change less traumatic for individuals, by means of the opportunities they find to constitute themselves as subjects and to make sense of their performance in the new context.
Key words: Organizational change, resistances, subjectivity, sensemaking, emotions.
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Artigo recebido em 26.08.02.
Aprovado em 10.03.03.
José Roberto Gomes da Silva
Professor e pesquisador do IAG/PUC-Rio. Consultor de Empresas. Doutor em Administração de Empresas pela PUC-Rio. Mestre em Administração de Empresas pela PUC-Rio. Graduado em Engenharia Elétrica pela UFRJ. Interesse de pesquisa em comunicação e mudança organizacional, comportamento humano e social nas organizações, gestão de pessoas e gestão do conhecimento. Endereço: IAG/PUC-Rio - Rua Marquês de São Vicente, 225. Gávea, Rio de Janeiro, RJ. CEP 22453-900. E-mail: jrgomes@iag.puc-rio.br
Sylvia Constant Vergara
Coordenadora de cursos de educação continuada no FGV-Management e Professora titular da EBAPE/FGV. Consultora de organizações públicas e privadas. Doutora em Educação pela UFRJ. Mestre em Administração Pública pela EBAPE/FGV. Pedagoga pela UERJ. Interesse de pesquisa em desenvolvimento organizacional, desenvolvimento gerencial, educação corporativa e metodologia da pesquisa científica. Endereço: FGV-Management / Fundação Getulio Vargas / Praia de Botafogo, 190 - 12º andar. Rio de Janeiro, RJ. CEP 22253-900 E-mail: vergara@fgv.br
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
15 Fev 2011 -
Data do Fascículo
Set 2003
Histórico
-
Aceito
10 Mar 2003 -
Recebido
26 Ago 2002