Acessibilidade / Reportar erro

Administração da produção

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Administração da produção

Kurt E. Weil

Administração da Produção

Por Raymond Richard Mayer. São Paulo, Editora Atlas, 2 v. 740 p. Bibliografia original, 1972. Tradução do original Production management, 1968, feita por Clóvis Monteiro e Rubens Valdergoria (USP).

Com este livro finalmente temos uma escolha completa para o ensino da administração da produção - há livros de todas as escolas filosóficas escritos ou traduzidos para o português. Como professor e chefe de departamento, o autor desta resenha costuma deixar livre a escolha do livro mais indicado nos diversos cursos da Fundação Getúlio Vargas e o mesmo deve acontecer nas faculdades de administração e engenharia pelo Brasil. É portanto necessário esclarecer a filosofia que deve nortear o ensino e o tipo de livro mais indicado para cada escolha de rumo. Da mesma maneira, na indústria, cada livro tem seu campo específico:

1 . O ensino clássico: ponto por ponto se estuda em progressão sistemática o campo da administração da produção. Começa o estudo pela localização de empresas, passa-se pela construção da fábrica, layout, estudos de tempos e métodos, incentivos salariais, controles qualitativo e quantitativo da produção, planejamento da produção, estatística industrial (incluindo a probabilidade no capítulo do controle de qualidade), engenharia econômica, análise de investimentos, pesquisa operacional, incluindo PERT, teoria de filas, teoria de decisões e processamento de dados etc. Esse tipo de ensino é muito apropriado para cursos de graduação e para permitir uma base perfeita. Os livros que se encontram em português nessa categoria são Maynard (em fascículos em português, mas um só volume em inglês) e Machiine, Sá Motta, Weil e Schoeps, da Fundação Getúlio Vargas, em original português. A esses dois agora se adiciona o livro de Mayer, que apesar de não ter exatamente o índice mencionado, muito se aproxima dele.

Na indústria, esses livros servem de manuais, o que aliás foi levado em conta pela Fundação Getúlio Vargas no título da obra citada.

2. A escola do ensino do "sistema produção": o estudo integrado1 1 Explicação: a diferença entre sistema como técnica contra o descrição clássica pode ser comparada ao estudo da anatomia descritiva que é necessária para entender o funcionamento do sistema vida humana. Mas, sem anatomia descritiva, ninguém entende o sistema, por exemplo, de locomoção do homem, onde intervém desde o equilíbrio, os músculos, os ossos, os nervos, a vista, até o metabolismo, que dá a energia; portanto, seria o sistema biológico. pressupõe conhecimentos anteriores - assim, o ensino do sistema de produção como integrado, inclusive com finanças e mercadologia, exige capacidade de resolução de casos, conhecimentos anteriores e muita leitura simultânea, para a qual parece faltar vontade, na opinião do autor da resenha, de 90 % dos alunos pós-graduados, pois trabalham e não têm tempo.

O livro de Martin Starr - Administração da produção: sistemas e sínteses - traduzido para o português e resenhado em inglês pelo mesmo autor desta resenha nesta revista, é o melhor exemplo do estudo integrado, com todas as suas vantagens e desvantagens. Vantagens na melhor adequação do homem à indústria e desvantagens porque há necessidade de dispersar conhecimentos na repetição de um mesmo assunto em diversos lugares, por exemplo, a regra de Laplace na tomada de decisão e a programação da produção. Starr é o livro em português para cursos de pósgraduação.

Em inglês existem outros, como por exemplo, o de Gavett.

3. A escola do ensino de produção com a demonstração dos sistemas existentes: essa escola intermediária tem, traduzida para o português, o livro de Buffa e, em inglês, o livro de Moore, Ê o mais indicado para os últimos anos de escolas de administração e para escolas de engenharia nos cursos de engenharia de produção.

Assim posto, o livro de Mayer é recomendável para os seguidores da escola clássica de administração da produção e para o ensino em escolas de administração de empresas e de engenharia, onde, pela seriação, não é possível dar a "sistema-produção" no ensino.

O livro de Mayer atinge seu ponto forte no capítulo de controle estatístico de qualidade, ao qual dedica 130 páginas (17%); no entanto, é possivelmente menos completo para o gosto desse autor na "análise de investimento" (50 páginas), que inclui a análise de custos.2 2 Do mesmo autor existe Análise financeira de alternativas de investimento. Traduzido também na mesma Editora Atlas. Esse livro explica porque somente 50 páginas são dedicadas ao assunto no livro de produção. No capítulo Controle de estoques sob risco (bom) deveria ser integrado mais o seguinte assunto: níveis de estoque e cronogramas de produção; isso permitiria uma melhor visualização do fenômeno da linha de produção. Mas, perguntase, como é possível criticar a extensão de um livro; o autor deve ter tido suas razões para limitar os assuntos tratados. Por conseguinte, o professor deve adotar um volume suplementar.

O livro tem casos de problemas de grande utilidade, no fim de cada capítulo, e com a "falta de tempo" (leia-se: cansaço, desânimo e preguiça) do professor universitário moderno - azafamado com consultorias, escolas diversas onde leciona, correções de provas, reuniões e congressos científicos (se houver verbas) - pode ser feita a sugestão de traduzir também o "livro do professor". Ótima bibliografia. Livro bem traduzido, mas sem índice remissivo, que é um defeito num livro desse tamanho. "Ratio-delay" ficou "fração de atraso" (p. 629) ou "amostragem do trabalho" (p. 623). Não são mais sinônimos; eram. O método por sinal é insuficientemente tratado em extensão e profundidade. Mas, não adianta, como já disse, pesquisar a intenção do autor.

  • 1
    Explicação: a diferença entre
    sistema como técnica contra o
    descrição clássica pode ser comparada ao estudo da
    anatomia descritiva que é necessária para entender o funcionamento do
    sistema vida humana. Mas, sem anatomia descritiva, ninguém entende o sistema, por exemplo, de locomoção do homem, onde intervém desde o equilíbrio, os músculos, os ossos, os nervos, a vista, até o metabolismo, que dá a energia; portanto, seria o sistema biológico.
  • 2
    Do mesmo autor existe
    Análise financeira de alternativas de investimento. Traduzido também na mesma Editora Atlas. Esse livro explica porque somente 50 páginas são dedicadas ao assunto no livro de produção.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Maio 2015
    • Data do Fascículo
      Jun 1973
    Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: rae@fgv.br