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Editorial

EDITORIAL

Uma das primeiras coisas - senão a mais importante - que se aprende com a prática da Administração é que "um projeto é melhor, não pela forma como é concebido, mas sim pela forma como é aceito". Aprendizagem difícil, não raro dolorosa entender que não bastam boas idéias ou intenções para a obtenção de resultados mesmo quando o cliente do projeto se diz ou se considera "envolvido" - compreende uma longa trajetória de ações, alegrias e decepções entre negociações, conflitos, criações, desenvolvimentos, reformulações, mudanças ou retrabalho, ratificando a complexidade da natureza humana.

Um dos maiores obstáculos à aceitação de um projeto pelos clientes, sob o ponto de vista técnico, é a visão fragmentada sobre a sua utilidade ou sobre seus benefícios tanto a nível organizacional quanto a nível do cliente. Seja por questões políticas, miopia técnica ou mercadológica, restrições externas ou tecnológicas, há uma tendência de desbalanceamento nas ênfases dadas às diversas áreas de especialização necessárias ao desenvolvimento de qualquer projeto, comprometendo seus resultados. E o que se projeta acaba sendo o que se sabe ou o que se deseja, e não o que o cliente realmente precisa.

Todavia, a competitividade neste final de século não tolera projetos e produtos que não adicionem valor ao cliente, e isto não pode ser atingido sem integração e cooperação entre as diversas visões que se pode ter no desenho do processo de produção e no uso de produtos e serviços. Encontrar uma escala de operação em que os atributos integração e cooperação estejam combinados de forma sinergética em termos de satisfação no trabalho, satisfação do cliente, lucratividade, benefícios sociais ou redução de impactos ambientais é, no mínimo, desafiante.

A experiência do franchising parece sinalizar uma direção alternativa no sentido de compatibilizar orientações econômicas, tecnológicas, motivacíonais, "efeito clientela" e escala global. Merece, pois, uma atenção especial dos estodiosos de Administração para a identificação dos fatores explicativos do sucesso na aproximação entre o queé projetado e o que é aceito nesta forma de negócio. Além disso, começa a ser importante pesquisar a capacidade de sobrevida do franchising no ambiente competitivo que se avizinha -um futuro próximo quando os esforços de projeto se orientarão mais para gerar produtos e seniços flexíveis o suficiente para transferir aos próprios clientes a tarefa de adicionar valores econômicos de seu próprio interesse, fugindo de um mundo previsível e determinista como apontam os novos paradigmas da Teoria do Caos.

A partir deste número, a RAE passa a publicar resumos das teses e dissertações aprovadas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, valorizando e divulgando o trabalho acadêmico de nossa instituição e estabelecendo uma ponte importante entre pesquisadores brasileiros.

Prof. Marilson Alves Gonçalves

Diretor e Editor da RAE

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 1993
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