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O paradigma da complexidade e a analise organizacional

Resumos

Este artigo apresenta um novo paradigma científico, originado na cibernética e na biologia, e que nos últimos vinte anos tornou-se profícuo em várias áreas da ciência, denominado, até então, de Paradigma da Complexidade. São enfocados as suas origens, os principais pesquisadores e alguns dos seus conceitos fundamentais: organização, auto-organização, autonomia e evento. Em seguida, são apresentadas algumas das possibilidades de utilização desse paradigma para a análise organizacional, bem como dos limites que devem ser observados.

Epistemologia; complexidade; organizações


This paper presents a new scientific paradigm, organized from cybernetics and biology, that in the last 20 years became useful in many areas of the science and called until now by Complexity Paradigm; their origins, main scientists and some fundamental concepts: organization, autoorganization, autonomy and evento Later, some possibilities of aplication this paradigm to the organizational analysis, as well the limits.

Epistemology; complexity; organizations


ARTIGO

O paradigma da complexidade e a analise organizacional

Maurício Serva

Professor Adjunto da Universidade Federal da Bahia, pesquisador do CETEAD, mestre e doutorando em Administração na EAESP/FGV

RESUMO

Este artigo apresenta um novo paradigma científico, originado na cibernética e na biologia, e que nos últimos vinte anos tornou-se profícuo em várias áreas da ciência, denominado, até então, de Paradigma da Complexidade. São enfocados as suas origens, os principais pesquisadores e alguns dos seus conceitos fundamentais: organização, auto-organização, autonomia e evento. Em seguida, são apresentadas algumas das possibilidades de utilização desse paradigma para a análise organizacional, bem como dos limites que devem ser observados.

Palavras·chave: Epistemologia, complexidade, organizações.

ABSTRACT

This paper presents a new scientific paradigm, organized from cybernetics and biology, that in the last 20 years became useful in many areas of the science and called until now by Complexity Paradigm; their origins, main scientists and some fundamental concepts: organization, autoorganization, autonomy and evento Later, some possibilities of aplication this paradigm to the organizational analysis, as well the limits.

Key words: Epistemology, complexity, organizations.

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Full text available only in PDF format.

1. DUMOUCHEL, P. & DUPUY, J.P. (orgs.) L 'auto-organisation: de la physique au pofitique. Paris, Seuil, 1983, p.15.

2. Idem, ibidem, idem.

3. Idem, ibidem, p.16.

4. O termo ruído é utilizado aqui no sentido estrilo da teoria da informação: "Chama-se ruído toda a perturbação aleatóría que intervem na comunicação da ínformação e que, por ísso, degrada a mensagem, que se torna errônea. O ruído é, portanto, desordem que, desorganizando a mensagem, torna-se uma fonte de erros". MORIN, Edgar. Ciência com conscíêncía. Lisboa, Europa-América, 1982, p.167.

5. DUPUY, Jean-Pierre. Ordres et désordres: enquéte sur un nouveau paradígme. Paris, Seuil, 1982.

6. MORIN, Edgar. O método: a natureza da natureza. Lisboa, Europa­América, 1977.

7. MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Op. cil., p.73.

8. ATLAN, Henri. L 'organisation biologique et la théorie de l'information. Paris, Hermann, 1972.

9. MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Op. cil., p.168.

10. ATLAN, Henri. "L'émergence du nouveau el du sens". In: DUMOUCHEL, P. & DUPUY, J. P. Op.cil.

11. VARELA, Francisco. "L'aulo­organisalion: de I'apparence au mécanisme'.ln: DUMOUCHEL, P. & DUPUY, J.P. Op. cil.

12. Idem, ibidem.

13. MORGAN, Garelh. Images de l'organisation. Québec, ESKA, 1989.

14. MOLES, Abraham. "Noles pour une typologie des événemenls". In: Communications, 18. Paris, Seuil, 1972, p.90.

15. MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Op. cil., p.132.

16. MORGAN, Gareth. Op. cil.

17. Idem, ibidem, p.285.

18. CHANLAT, Jean-François (org.) L 'individu dans l'organisation, les dimensions oubliées. Québec, Editions E8KA, 1990, p.VIII.

19. CHANLAT, J.F. & SEGUIN­BERNARD, F. (orgs.). L'analysedes organisations, une anthologie sociologique. Tome I. Ouébec, Préfontaine, 1983, p.73.

20. CHANLAT, J.F. & SEGUIN­BERNARD, F. L'analyse des organisations, une anthologie sociologique. Tome 11. Ouébec, Préfontaine, 1987, p.35.

21. PERROW, Charles. "La théorie des organisations dans une societé d'organisations".ln: CHANLAT, J.F. & SEGUIN-BERNARD (orgs.) L 'analyse des organisations, une anthologie sociologique. Tome I. Op. cit., pA7o.

22. ILLlCH, Ivan. Némésismedicale, l'expropriation de la santé. Paris, Seull,1975.

23. O paradigma do "Estado em ação" analisa as relações entre Estado e sociedade sem considerar aquele como um mero apêndice das classes dominantes, e nem como a esfera neutra e propiciadora do bem comum. A análise assume o Estado não como um bloco monolítico, e sim como uma instituição complexa, repleta de interesses múltiplos, engendrando ações muitas vezes contraditórias. Nesse sentido, a análise das organizações públicas ganha em realismo e profundidade. No Brasil, podemos destacar os trabalhos de:MARTINS, Luciano. Estado capitalista e burocracia no Brasil pós-64. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985; DINIZ, E. & BOSCHI, R. Empresariado nacional e Estado no Brasil. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1978; BOSCHI, Raul. Elites industriais e democracia: hegemonia burguesa e mudança política no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1979; ABRANCHES, Sérgio. The divided leviathann: state economic, poficy formation in authoritarian Brazil. Ithaca, Tese de doutorado, Cornell University, 1978; PAIXÃO, L. A. & SANTOS, M. H. C. "O álcool combustível e a pecuária de corte". Revista Brasileira de Ciências Sociais, 3(7), 1988.

24. ABRANCHES, Sérgio. "O leviatã anêmico: dilemas presentes e futuros da política social". Planejamento e políticas públicas, nº 1, Rio de Janeiro, 1989, pp.7-32.

25. Idem, ibidem, p.12.

26. Razão baseada no cálculo utilitário de conseqüências dos atos humanos - ver RAMOS, A. Guerreiro. A nova ciência das organizações. Rio de Janeiro, FGV, 1981 - , impregnando-os de um pensamento que conduz a um agir onde todos os meios são subordinados a determinados fins, relacionados à eficiência e à eficácia, eticamente inquestionados. Tal concepção de racionalidade identificada, com o produtivismo, desvaloriza o pensamento ético e a ação afetiva - ver MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria das organizações: evolução e crítica. São Paulo, Pioneira, 1986 - bem como a intuição; cria e impõe uma "nova" realidadeao ser humano, pretende um mundo totalmente tecnológico, o que para alguns quer dizer "racionalizado".

27. MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Op. cit., p.138.

28. SPINK, Peler. "O resgale da parle". Revista de Administração. São Paulo, 26(2):28, 1991.

29. Idem, ibidem, p.29.

30. MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Op. cit., pp.142-43.

31. HUBER, Joseph. Quem pode mudar todas as coisas, as alternativas do movimentoafternalivo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.

32. Racionalidadeque habilita o indivíduo a ordenar a sua via eticamente, na direção do aumento da satisfação pessoaVsocial e da auto-realização. Ver: RAMOS, A. Guerreiro. A nova ciência das organizações. Rio de Janeiro, FGV, 1981.

33. MORGAN, Garel. Op. cil.

34. Thomas Kuhn, enquanto criador do conceito de paradigma, indicava que ele é precedido por uma visão de mundo, valores e crenças, dentre outros aspectos, compartilhados por uma determinada comunidade científica. Ver: KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 2ª edição. São Paulo, Perspectiva, 1987.

35. Uma análise das modas referentes a teorias e metodologias administrativas no Brasil encontra-se em:

OLIVEIRA, Mauricio R. Serva de. A importação de metodologias administrativas no Brasil. São Paulo, Dissertação de mestrado, EAESP/ FGV, 1990.

36. GUTSA TZ, Michel. "Les dangers de I'auto'. In: DUMOUCHEL, P. & DUPUY, J.P. (orgs.) Op. cil.

  • 1. DUMOUCHEL, P. & DUPUY, J.P. (orgs.) L 'auto-organisation: de la physique au pofitique. Paris, Seuil, 1983, p.15.
  • 5. DUPUY, Jean-Pierre. Ordres et désordres: enquéte sur un nouveau paradígme. Paris, Seuil, 1982.
  • 6. MORIN, Edgar. O método: a natureza da natureza. Lisboa, EuropaAmérica, 1977.
  • 8. ATLAN, Henri. L 'organisation biologique et la théorie de l'information. Paris, Hermann, 1972.
  • 13. MORGAN, Garelh. Images de l'organisation. Québec, ESKA, 1989.
  • 18. CHANLAT, Jean-François (org.) L 'individu dans l'organisation, les dimensions oubliées. Québec, Editions E8KA, 1990, p.VIII.
  • 19. CHANLAT, J.F. & SEGUINBERNARD, F. (orgs.). L'analysedes organisations, une anthologie sociologique. Tome I. Ouébec, Préfontaine, 1983, p.73.
  • 20. CHANLAT, J.F. & SEGUINBERNARD, F. L'analyse des organisations, une anthologie sociologique. Tome 11. Ouébec, Préfontaine, 1987, p.35.
  • 21. PERROW, Charles. "La théorie des organisations dans une societé d'organisations".ln: CHANLAT, J.F. & SEGUIN-BERNARD (orgs.) L 'analyse des organisations, une anthologie sociologique. Tome I. Op. cit., pA7o.
  • 22. ILLlCH, Ivan. Némésismedicale, l'expropriation de la santé. Paris, Seull,1975.
  • 23. O paradigma do "Estado em ação" analisa as relações entre Estado e sociedade sem considerar aquele como um mero apêndice das classes dominantes, e nem como a esfera neutra e propiciadora do bem comum. A análise assume o Estado não como um bloco monolítico, e sim como uma instituição complexa, repleta de interesses múltiplos, engendrando ações muitas vezes contraditórias. Nesse sentido, a análise das organizações públicas ganha em realismo e profundidade. No Brasil, podemos destacar os trabalhos de:MARTINS, Luciano. Estado capitalista e burocracia no Brasil pós-64. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985;
  • DINIZ, E. & BOSCHI, R. Empresariado nacional e Estado no Brasil. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1978;
  • BOSCHI, Raul. Elites industriais e democracia: hegemonia burguesa e mudança política no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1979;
  • ABRANCHES, Sérgio. The divided leviathann: state economic, poficy formation in authoritarian Brazil. Ithaca, Tese de doutorado, Cornell University, 1978;
  • PAIXÃO, L. A. & SANTOS, M. H. C. "O álcool combustível e a pecuária de corte". Revista Brasileira de Ciências Sociais, 3(7), 1988.
  • 24. ABRANCHES, Sérgio. "O leviatã anêmico: dilemas presentes e futuros da política social". Planejamento e políticas públicas, nş 1, Rio de Janeiro, 1989, pp.7-32.
  • 26. Razão baseada no cálculo utilitário de conseqüências dos atos humanos - ver RAMOS, A. Guerreiro. A nova ciência das organizações. Rio de Janeiro, FGV, 1981 -
  • , impregnando-os de um pensamento que conduz a um agir onde todos os meios são subordinados a determinados fins, relacionados à eficiência e à eficácia, eticamente inquestionados. Tal concepção de racionalidade identificada, com o produtivismo, desvaloriza o pensamento ético e a ação afetiva - ver MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria das organizações: evolução e crítica. São Paulo, Pioneira, 1986 -
  • 28. SPINK, Peler. "O resgale da parle". Revista de Administração. São Paulo, 26(2):28, 1991.
  • 31. HUBER, Joseph. Quem pode mudar todas as coisas, as alternativas do movimentoafternalivo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.
  • 32. Racionalidadeque habilita o indivíduo a ordenar a sua via eticamente, na direção do aumento da satisfação pessoaVsocial e da auto-realização. Ver: RAMOS, A. Guerreiro. A nova ciência das organizações. Rio de Janeiro, FGV, 1981.
  • 34. Thomas Kuhn, enquanto criador do conceito de paradigma, indicava que ele é precedido por uma visão de mundo, valores e crenças, dentre outros aspectos, compartilhados por uma determinada comunidade científica. Ver: KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 2Ş edição. São Paulo, Perspectiva, 1987.
  • OLIVEIRA, Mauricio R. Serva de. A importação de metodologias administrativas no Brasil. São Paulo, Dissertação de mestrado, EAESP/ FGV, 1990.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 1992
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